TRIBUNA DA BAHIA ONLINE: Bahia tem potencial para maior avanço da malha ferroviária do país

 

                                                               Foto: Elói Corrêa/GOVBA

Estudo comprova que o estado tem condições de abrigar uma das maiores ferrovias do país


Por Hieros Vasconcelos Rêgo

Acabar com o isolamento logístico e trazer desenvolvimento econômico para a Bahia e para o Brasil transformando o território baiano em um dos maiores potenciais ferroviários do país, sendo capaz, por exemplo, de transportar pelo menos 100 bilhões de toneladas ao ano de cargas, levando em consideração principalmente a produção de granel agrícola do centro-oeste e o fato do estado já ser o terceiro maior produtor de minérios do país.

Este são alguns dos benefícios que estão sob o horizonte do Plano Estratégico Ferroviário da Bahia, que vem sendo amplamente debatido pelo governo estadual e que recebeu um estudo da Fundação Dom Cabral, em parceria com a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), mostrando a viabilidade e rentabilidade em se colocar o estado novamente nos trilhos para destravar toda sua logística.

A previsão é de que, se iniciada o mais rápido possível, a construção dessa malha ferroviária na Bahia se concretize em 10 anos e se conecte aos principais pontos da Bahia e  do país, se tornando uma grande solução logística para o escoamento da produção baiana. Com isso, mostra o estudo, se tem o crescimento da competitividade de diversos produtos, entre eles mineração e agronegócio, consequentemente geração de mais emprego e renda e mercadorias com preços mais acessíveis para a população.

Apresentado no último dia 22 de março, na Secretaria Estadual do Planejamento, com a presença de diversos secretários do Estado,  gestores públicos e diretores de entidades empresariais, o relatório do estudo elaborado pela Fundação Dom Cabral apontou grande potencial na Bahia,  principalmente em função da sua localização geográfica: o estado possui uma das maiores costas brasileiras, com 11 portos e Tups (Terminais de uso privado), que favorece não só a integração regional, como o fluxo de embarcações que navegam as rotas transoceânicas.

Obras da FIOL precisam avançar na Bahia | Foto: Elói Corrêa / GOV Ba

O documento apresenta algumas propostas, “a exemplo da criação de novos ramais ferroviários, a implantação da carga geral, modalidade que permite o transporte de diversos tipos de mercadorias, a exemplo de produtos manufaturados, combustíveis, alimentos e bebidas processados e outros produtos com maior valor agregado”, conforme informa o presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), Antônio Carlos Tramm.

Segundo o presidente da Companhia, os últimos anos se passaram afirmando-se que não existia carga na Bahia que justificasse investir na malha ferroviária. “O estudo da Fundação comprova, mais uma vez, que é uma falácia”, afirma.

Federalização é estratégica para desenvolvimento do Brasil

Coordenador do Núcleo de Logística da Fundação Dom Cabral, Paulo Rezende, afirmou à esta Tribuna que o entendimento do governo do Estado, aliado ao interesse que vem demonstrando a construção do trem, é um sinal positivo à possibilidade da Bahia se reinserir no cenário ferroviário brasileiro. Segundo ele, essa reinserção pode, inclusive ser um elemento estratégico para o desenvolvimento econômico não só do estado, como do país.

“O Governo da Bahia deu um grande passo ao levar essas possibilidades do projeto para o Governo Federal. Sabemos que as ferrovias no Brasil, a grande maioria, são federais. A federalização da discussão faz com que seja um elemento estratégico para desenvolvimento econômico do país e não restrito ao estado, apensa”, diz, demonstrando otimismo.  Se esse corredor ferroviário for implementado será um dos maiores do Brasil seria um dos maiores do Brasil pois se conectaria ao país”, explica.

Segundo Rezende, a Bahia estava isolada, e com o trem estará definitivamente conectada com os centros produtores no Brasil, aproveitando os anéis de Barreiras, dentre outras regiões. “Esse estudo colocou por terra a ideia de que a Bahia não tinha condições de transportar cargas ferroviárias. Quando se falava de ferrovia na Bahia, se falava da atual, ligada mais ao sudeste, e não ao centro-oeste, como pensa o Plano, num corredor ligando a Bahia ao Brasil”, afirmou.  “Se nós juntarmos o minério de ferro de Caetité, também com uma possibilidade de minério de ferro na região de Sento Sé, nós teríamos juntos com o granel agrícola da região de Barreiras e outros que possam passar, uma ordem de 100 bilhões de tonelada ano de carga”, acrescentou o coordenador.

Ainda segundo ele, o Plano Ferroviário da Bahia se conectará com a ferrovia Norte e Sul, e também com Ferrovia de Integração do Cento Oeste (Fico), que já esta sendo construída pela Vale, além da Fiol 1, que está pronta, e a Fiol 2.

Sistema ferroviário forte trará emprego, renda e produtos acessíveis

Para o presidente da Companhia Baiana de Produção Mineral (CBPM), Antonio Tramm, o diálogo está avançado pois já é consenso que a Bahia está ficando cada vez mais isolada em termos de circulação da mercadoria. “Acabaram com os trens daqui e com os ramais. A falta de investimento nas malhas ferroviárias encareceu a vida de todo mundo”, destacou.

Para ele, a Bahia tem carga geral para ser transportada, além de minério e granel agrícola. “Tem cimento, tem alimento, tudo é que transportado pela rodovia pode ser pelo trem. A Bahia tem a maior costa do Brasil, 2 mil quilômetros. Está cheia de Porto e o trem não chega no Porto”.

Ainda segundo Tramm, as discussões estão bastante avançadas e o modelo para a construção do trem pode variar, mas é fato que a chegada dele trará desenvolvimento e um preço de vida mais justo. “É preciso assumir como uma necessidade da sociedade. A ferrovia é o que vai permitir que seu neto, seu filho, seu bisneto participe do crescimento da Bahia. Sem deslocamento de carga, a gente estagna.  É preciso que tenha trem para que os produtos da Bahia saiam, e cheguem a preços mais acessíveis”, declarou.

  O coordenador da Fundação Dom Cabral, Paulo Rezende, acredita que seria necessário abrir concorrência para a construção e pensa na viabilidade de uma Parceria Público-Privada.   “Com um investimento subsidiado pelo próprio governo da Bahia, e este subsídio poderia vir de impostos, como ICM, Cofins, poderia inclusive entrar na reforma tributária para se pensar. Mas acredito que essa arquitetura financeira vai acontecendo”, pontuou. 

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