Renova Energia tenta virar a página de crise com entrada em operação do parque eólico Alto Sertão III, na Bahia

 


A Renova Energia tenta virar a página de sua crise com a entrada em operação do parque eólico Alto Sertão III, na Bahia – única unidade eólica que ficou com a empresa após a venda de vários ativos para pagar dívidas no mercado.

O comunicado foi feito pela companhia (BOV:RNEW3) (BOV:RNEW4) na sexta-feira (24).

Com capacidade para 432 megawatts (MW) – o suficiente para abastecer quase 1 milhão de residências -, o parque vai gerar R$ 250 milhões de caixa (Ebtida) por ano. “Esse será o pilar para liquidar as dívidas da empresa”, diz o presidente da companhia, Marcelo Milliet.

Os testes do parque eólico começaram dia 12 de dezembro e espera-se para os próximos dias a liberação para a operação comercial. No total, foram investidos R$ 2,5 bilhões no complexo que terá 155 aerogeradores e 208 quilômetros de linhas de transmissão, distribuídos em seis municípios da Bahia (Caetité, Igaporã, Pindaí, Licínio de Almeida, Riacho de Santana e Guanambi).

O projeto ficou paralisado durante cinco anos por problemas financeiros da empresa e foi retomado apenas em abril deste ano. A Renova foi uma das pioneiras no investimento de energia eólica no Brasil. Criada pelos empresários Ricardo Delneri e Renato Amaral durante a pior crise elétrica do País, em 2001, a companhia teve suas ações lançadas na Bolsa e atraiu a atenção de gigantes do setor, como Light e Cemig, que viraram acionistas.

Depois de uma parceria frustrada com a americana SunEdison, que logo após o negócio entrou em recuperação judicial nos Estados Unidos, a Renova Energia foi obrigada a fazer um rígido ajuste em suas estruturas. Com as perdas decorrentes do negócio, os sócios tiveram de aportar recursos na empresa e projetos foram renegociados.

A situação, no entanto, se complicou e a maior empresa de energia eólica do País teve de vender seus principais parques para cobrir dívidas. Sobraram apenas algumas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e Alto Sertão III, que agora é a grande aposta da empresa para se reerguer. Mas esse caminho tem envolvido uma série de transações e mudanças.

A retomada das obras do parque eólico, por exemplo, só foi possível depois de um empréstimo de R$ 360 milhões na modalidade DIP (devedor em posse) – um tipo de financiamento para empresas em recuperação judicial. Outra operação que reforçou o caixa foi a venda da Brasil PCH, por R$ 1,1 bilhão. Com o dinheiro, houve o pagamento parcial do empréstimo DIP e de alguns credores, diz Milliet.

A empresa também vendeu o Complexo Hidrelétrico Serra da Prata (Espra), por R$ 265 milhões. O negócio ainda depende de autorizações de órgãos regulatórios. As vendas vão ajudar a reduzir o endividamento de R$ 2 bilhões da empresa, que vencerão ao longo de dez anos.

6 GW de projetos em carteira

A Renova Energia tem uma carteira de projetos de 6 gigawatts de potência. Uma parte será vendida para outros investidores do setor. “Uma outra fatia vamos reservar para a empresa”, diz o presidente da companhia, Marcelo Melliet. Ele diz ainda que há projetos híbridos, de energia eólica e solar, para serem desenvolvidos, inclusive em Alto Sertão III.

A construção de novos empreendimentos pela Renova, no entanto, deve seguir um ritmo menos acelerado que no passado. Em vez de megaprojetos, a empresa deve apostar em parques que serão construídos em partes menores. “Temos capacidade de voltarmos a ser um grande player do mercado.”

Melliet lembra que, em novembro, a Cemig deixou o posto de principal acionista da Renova. O grupo Angra Partners comprou a participação da estatal mineira. Com 30,3% do capital votante da companhia, a gestora passa a fazer parte do bloco de controle da Renova.

Informações Broadcast

Jornal ADVFN Brasil

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Governo vai construir 31 sistemas de abastecimento em municípios das microrregiões do Vale do Paramirim e do Algodão