POR UMA ECONOMIA SOLIDÁRIA CONSUMIDA POR TODOS


Está claro que esse modelo ultraneoliberal, do mais extremo consumo, exploração do homem e dos recursos naturais, chegou ao seu limite 

A Economia Solidária não é apenas um jeito de espalhar ideias de respeito ao meio ambiente, pessoas, consumo justo, relações fraternas, colaborativas e sustentáveis. A Economia Solidária traz em sua essência a concepção de um mundo novo, onde o dinheiro não seja o único valor de troca possível para conquistar; qualidade de vida e felicidade. Está claro que esse modelo ultraneoliberal, do mais extremo consumo, exploração do homem e dos recursos naturais, chegou ao seu limite. O mundo civilizado anseia por um modelo novo, tanto nas relações de produção, quanto de consumo. 

Se o planeta terra é o resultado da relação que a humanidade e em especial o capitalismo financeiro tem, de subordinação da natureza, das pessoas e dos meios de produção para a obtenção do lucro, acumulação de dinheiro, através do mercado financeiro (commodities, ações, produtos financeiros, títulos, derivativos e mercado de câmbio), esse modelo exauriu, tornou-se insuportável! 

Nós que acreditamos, praticamos, trabalhamos e defendemos a concepção de outra economia, e outro mundo possível, precisamos romper com as amarras em comunicar nossas ideias e dar o nosso grito de possibilidade de uma vida nova, de novo sentido, no qual se acumule valores como; justiça, respeito às pessoas e a natureza. 

O dinheiro não vale tudo! É assim que nos ensinou os professores Paul Singer e Milton Santos, o maior geógrafo brasileiro de todos os tempos, Milton parte da premissa de que existem três tipos de Globalização: “a primeira, a que nos faz crer, numa Globalização como fábula, construída pelos ideais de desenvolvimento e modernidade que guiam as economias dos países; a segunda, a que está diante dos nossos olhos, a Globalização como perversidade, que não esconde as disparidades gritantes que o mundo apresenta como consequência de uma falsa lógica de liberdade, da democracia guiada pela economia de mercado, pela cegueira por lucros, pela exploração do trabalho; e, a terceira, a Globalização possível, aquela em que “[se] pode pensar na produção local de um entendimento progressivo do mundo e do lugar, junto com a elaboração de um novo éthos e de novas ideologias e novas crenças políticas, amparadas na ressurreição da ideia e da prática da solidariedade” [SANTOS, Milton. Por uma outra globalização, do pensamento único à consciência universal. Editora Record, 2000 p. 167]. 

O movimento nacional de economia solidária trabalha e encara a alternativa de construir um mundo novo de generosidade, onde o mais importante são; as relações entre as pessoas, alimentação saudável, atividade física, estilo de vida em que o trabalho não se sobreponha à vida social e valorize o meio ambiente. 

Na Bahia, desde 2013, ainda no governo Jacques Wagner, a política de economia solidária ganhou força e uma nova feição. Na Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte, sob o comando do secretário Nilton Vasconcelos, posteriormente, Álvaro Gomes, substituído por Olívia Santana, e essa em seguida por Vicente Neto. Atualmente com o Secretário Davidson Magalhães, e a Superintendência da Economia Solidária e Cooperativismo, como núcleo dessa concepção coordenada ao longo desses anos pelo professor Milton Barbosa, entra agora em um novo ciclo de busca por maior otimização e maior eficiência em seu processo de disseminação, produção e comercialização. 

A partir dos novos contratos assinados em 2019, pelo governador Rui Costa e os 13 Centros Públicos de Economia Solidária nos territórios, ainda mais conhecedores das comunidades desses territórios onde atuam atendendo centenas de associações de produtores das mais diversas cadeias produtivas de hortifrúti, orgânicos, mel de abelha, confecções, biscoitos de polvilho de mandioca, artesanato, entre outros, formais ou não formais. Colocando todas as equipes técnicas desses centros a serviço da mais completa e gratuita assessoria, desde a produção, gestão e comercialização. 

Nesse clima de comprometimento de todo os envolvidos, precisamos fazer surgir um novo cenário elevando a política da Economia Solidária na Bahia, para um novo patamar, compreendendo que a Economia Solidária precisa caminhar rumo à evolução, agregando tecnologia à essa proposta de produção e comercialização que seja disruptiva. Com tudo que fizemos até aqui, construindo um momento novo, estabelecendo novos parâmetros no oferecimento de assessoria e dos nossos serviços endógenos e exógenos, tanto às equipes, como aos produtores e consumidores. 

Entendemos que precisamos ocupar o nosso espaço no centro dessa nova dinâmica social, agregando e democratizando acesso às novas tecnologias da inteligência artificial, informação e comunicação fazendo com que sejam incorporadas às rotinas dos negócios da Economia Solidária na Bahia. 

Para que não fiquemos para trás, ou parados no tempo, precisamos sair do lugar comum e nos apropriar dessas novas tecnologias, desenvolvendo uma plataforma digital que permita aproximar ainda mais os CESOL, nos territórios, afinando a nossa comunicação, bem como troca de experiências, cases de sucesso, impulsionar a comercialização em rede, fazer a produção da Economia Solidária baiana ganhar escala. 

É preciso entender que precisamos navegar na onda dessa revolução tecnológica incorporando novas oportunidades e possibilidades que assegurem a autosustentabilidade dos empreendimentos que ocuparão cada vez mais espaço, entendendo que as experiências locais de bancos comunitários, precisam ser ampliadas para retroalimentar e fornecer crédito (funding) ou uma fintech solidária para toda a cadeia da Economia Solidária da Bahia. 

O horizonte de oportunidades para a Economia Solidária está posto, mas para ampliar as possibilidades e contribuir com a construção desse mundo novo, onde a Economia Solidária seja consumida por todos. A nossa unidade de ação é fundamental, enquanto prevalecer à opção, cada centro fazendo uso das suas ferramentas, comunicação e inteligência artificial limitada as suas redes, continuaremos falando para os mesmos. O desafio, provocação à reflexão e ação foi lançado. Resta romper com a burocracia, fronteiras e juntar a nossa criatividade e unificar a nossa habilidade na arte de dialogar. Unir as nossas ideias e encarar o desafio de construir esse sistema, essa nova plataforma e desenvolver um (software) que potencialize o presente e o futuro da Economia Solidária no Estado da Bahia. Esse Festival Virtual da Economia Solidária - São João da Minha Terra, vai nos impulsionar para superar as dificuldades e conquistar o mundo. 



Eduardo Moraes 
Presidente IDSB/CESOL Sertão Produtivo 

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