Áudio exclusivo: o plano do governo Bolsonaro para a Amazônia


Intercept Brasil

Enquanto as panelas batiam pela primeira vez em 2019, Jair Bolsonaro falava ao vivo na televisão: "a proteção da floresta é nosso dever". Mas o plano que seu governo elaborou para a região mostra que a prioridade é outra: destruir a floresta para explorar riquezas, extrair minério, facilitar a intervenção de mega corporações, fazer grandes obras, ocupar terrenos cultiváveis e atrair novos habitantes. É o projeto mais ousado desde a ditadura militar – e a palavra "preservação" não parece fazer parte do seu escopo. 
O projeto, chamado Barão de Rio Branco, existe desde fevereiro e vem sendo apresentado pelo governo em reuniões fechadas para autoridades e empresários. O Intercept Brasil obteve de uma fonte anônima documentos inéditos e a gravação de uma dessas reuniões e revela com exclusividade o plano de Bolsonaro para a exploração da Amazônia. Por trás dele, há ideias mirabolantes – como o temor de uma suposta invasão de chineses pela fronteira do Suriname e a ideia de que a região deve representar metade do PIB nacional.  
Na visão da gestão Bolsonaro, a população tradicional — indígenas e quilombolas — são um empecilho à presença do estado no local. Segundo o projeto, a “situação econômica do Brasil”, aliada aos paradigmas do “indigenismo”, “quilombolismo” e “ambientalismo” eram entraves do passado. 
O material ao qual tivemos acesso ajuda a compreender o que embasa essas ideias: o temor dos militares de que o Brasil perca o controle da Amazônia – seja por ações indiretas que visam enfraquecer o estado no local ou por invasões territoriais.
Em um áudio gravado durante uma reunião em abril, o Secretário Especial de Assuntos Estratégicos, General Santa Rosa, detalha sua preocupação com a soberania na região. Diz ele: “Na fronteira oeste da Sibéria tem mais chinês hoje do que cossaco. A Rússia está acordando para um problema de segurança nacional muito sério. Nós temos que acordar aqui antes que o problema ocorra”.
A Amazônia protagonizou a maior crise internacional no governo Bolsonaro até agora. Por causa do desmatamento recorde e das queimadas de grandes proporções, autoridades estrangeiras têm mostrado preocupação sobre a eficiência do Brasil em cuidar da maior floresta tropical do mundo. 
Não resta dúvidas de que, mais do que nunca, a floresta está em risco. A intensificação das queimadas aliada ao plano do governo são sinais de uma ameaça feroz.
A ocupação predatória da Amazônia parece ser uma das principais pautas de Bolsonaro. É hora de agirmos contra isso. O Intercept Brasil vai continuar investigando, correndo atrás de fontes e viajando pelo norte do país com o objetivo de trazer a luz cada passo dessa operação escura. 

Tatiana Dias
Editora Sênior

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Governo vai construir 31 sistemas de abastecimento em municípios das microrregiões do Vale do Paramirim e do Algodão