ARMANDO AVENA: AS FAZENDAS DE VENTO

BAHIA ECONÔMICA

ARMANDO AVENA: AS FAZENDAS DE VENTO
As terras do semiárido baiano, castigadas por todo o sempre pela seca inclemente, tem uma nova vocação e estão colhendo um produto que não precisa de água para se desenvolver. Esse produto é a energia, plantada e colhida em imensas torres que mais parecem moinhos de vento, espalhados por municípios de nomes singelos como Gentio do Ouro, Caetité, Morro do Chapéu, Sento Sé, Campo Formoso e tantos outros. Nesses municípios, o que se destaca na paisagem são enormes “fazendas de vento” que vão transformar a Bahia no maior produtor de energia eólica do país. E a energia gerada pelos ventos é a bola da vez da matriz energética brasileira. A geração de energia eólica no Brasil superou a capacidade instalada da hidrelétrica de Itaipu, atingindo 15 GW, o que significa cerca de 10% da geração total de energia, superado apenas pela hidroeletricidade. O melhor é que 26% da energia eólica produzida no país está na Bahia. Em termos de geração, o Rio Grande do Norte é o maior produtor brasileiro, mas, ainda este ano, a Bahia, que já possui um número maior de parques eólicos, vai superar o estado potiguar.  Estima-se que  nosso estado terá 229 parques em 2023,  com capacidade total para gerar quase 6,5 mil MW de energia, quase o dobro da capacidade atual. Transformando isso em moeda, atinge-se um montante de R$ 7,5 bilhões em investimentos e quase 30 mil empregos gerados. O mais importante, porém, é que a produção de energia está dinamizando algumas das regiões mais pobres da Bahia, não só por conta da injeção de recursos empresariais e dos impostos gerados, mas principalmente porque viabiliza a geração de renda para os agricultores, faça chuva ou faça sol. Certa vez, quando os primeiros projetos estavam sendo implantados na Chapada Diamantina, ouvi do senador Otto Alencar que a Bahia tinha “ pré-sal de vento”, pois seu potencial eólico era duas vezes maior  que o da usina de Itaipu. Homem que conhece o interior do estado, Otto se entusiasmava ao dizer que estavam surgindo verdadeiros “fazendeiros do ar”, pois cada torre implantada gerava uma renda fixa mensal ao dono da terra. O senador tinha razão, afinal, cada aerogerador instalado nas terras dos agricultores, dependendo da sua capacidade de produção, pode gerar R$ 500,00 e até R$ 1.000 por mês  sem que o proprietário  tenha qualquer trabalho, correspondendo a um  valor dado pelo percentual da receita de cada torre, tudo firmado em contratos de 20 anos ou mais, renováveis. A depender  da quantidade de torres que se implante na propriedade, o negócio pode ser melhor do que criar gado. Com os novos empreendimentos, as prefeituras passaram a cobrar o ISS – Imposto Sobre Serviços e estão auferindo recursos que podem ser aplicados em educação e saúde. E setores como comércio e serviços também se beneficiam e de tal modo que o PIB dos municípios que possuem parques eólicos estão em crescimento exponencial.  Além disso, a produção de energia eólica é uma cadeia produtiva que dinamiza a indústria de peças e equipamentos, dinamiza o segmento que implanta e produz equipamentos para linhas de transmissão e ainda produz novas relações interindustriais com empresas que passam a ter  disponibilidade de energia limpa e sustentável. Existem alguns entraves localizados mas que estão sendo sanados como a construção de linhas de transmissão que precisam andar paripassu com a implantação dos parques, e a sazonalidade para as indústrias produtoras de peças que ocorrem no interregno  dos leilões que ampliam a capacidade do setor.  Além dos ventos, o sol também está revolucionando o interior da Bahia, com o surgimento dos parques produtores de energia solar, mas essa é outra revolução e merece uma abordagem especifica. Por enquanto,  vale dizer ao leitor que os parques eólicos são uma vocação da Bahia e através deles os baianos já podem dizer, como disse James Watt, ao inventar ao inventar a máquina a vapor:  Nós vendemos aqui, o que todo mundo deseja ter: energia.

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