Os Trilhos e a Estação da Rede Ferroviária Federal em Urandi
No
dia 01, a TV Latinha fez mais uma expedição visando registrar a memória e a
história do sertão baiano. Em Urandi, José Carlos Latinha e Graça Donato foram recepcionados pelos amigos Baú Cangussu e a Professora Magda Cangussu.
A cidade
de Urandi, antiga Nossa Senhora do Amparo das Umburanas, era uma próspera freguesia
pertencente ao município de Caetité. Em
1938, passou a categoria de cidade. Urandi fica localizada no Chapadão da Serra
Geral da Bahia.
Na
andança pela cidade, avistamos no chapadão os trilhos e a antiga Estação da Rede
Ferroviária Federal que fica próximo ao lixão da cidade. A estação está em
ruínas e abandonada. É uma mistura de beleza e de tristeza: um monumento
histórico localizado em uma linda serra, desmatada, rodeada de lixo e, logo
próximo, duas árvores cheias de garças.
O
objetivo da TV Latinha é estimular o Poder Público a revitalizar e recuperar
essa importante área histórica da cidade e criar um novo Cartão Postal em
Urandi.
A
pesquisa sobre a história de URANDI e a construção da Rede Ferroviária Federal é
rica: Revista Integração Nº 35 “Urandi – Marcas de um Tempo (João Martins); Página
na internet “Estações Ferroviárias do Brasil – V.F.F. Leste Brasileiro
(c.1948-1975) RFFSA (1975-1996) de autoria de Ralph Mennucci Giesbrecht; Artigo de Vasco Azevedo Neto publicado na
Revista Bahia Análise e Dados - Portos e Ferrovia: projeção para o III
milênio¹; Livro da UFBA – Universidade Federal da Bahia “Urbanização e
Metropolização no Estado da Bahia – Evolução e Dinâmica”; História de Urandi –
Bahia de autoria de Sebastião Santos Silva; Livro “Vasco Filho – O Mago das
Estradas” de Lorisa Azevedo; Livro “O Rio S.Francisco e a Chapada Diamantina” de Teodoro Sampaio”.
A história do bairro DC-5 (5º Departamento de
Construção), antigo Departamento, relatada por Sebastião Santos Silva –
História de Urandi- Bahia, descreve: “mas foi em 1945 com a construção da
estrada de ferro que bairro ganhou expressividade com a construção do almoxarifado,
posto de saúde, casa de turma, residência para engenheiros, cinema, lago
artificial, mercearia e outros.”
Segundo Sebastião Santos Silva, "a estação serviu de meio para exportar gado e toda a produção de minério de manganês e toda importação de trigo e cimento".
Em 1945, a obra da ferrovia transformou a
pequena vila de Urandi em um verdadeiro canteiro de obras com a chegada de engenheiros,
técnicos, profissionais e operários em construção. Os trilhos e a estação é uma
referência histórica do desenvolvimento e da criação de emprego e renda em Urandi
– preservar essa memória é fundamental para a cidade!
CURIOSIDADES SOBRE A HISTÓRIA DAS FERROVIAS NA BAHIA
REVISTA INTEGRAÇÃO - JOÃO MARTINS
Livro da UFBA – Universidade Federal da Bahia “Urbanização e Metropolização no Estado da Bahia – Evolução e Dinâmica”.
Livro “O Rio S.Francisco e a Chapada Diamantina” de Teodoro Sampaio”.
Mapa histórico com a localização de Umburanas. |
ESTAÇÕES FERROVIÁRIAS DO BRASIL
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.
V. F. F. Leste Brasileiro
(c.1948-1975)
RFFSA (1975-1996) |
||||||||
Linha do Sul - km 810,010 (1960)
|
BA-3018
|
|||||||
x
|
Inauguração: c.1948
|
|||||||
Uso atual: abandonada
|
com
trilhos
|
|||||||
Data de construção do prédio atual: n/d
|
||||||||
HISTORICO DA LINHA: A linha Sul, Mapele-Monte
Azul, foi formada pela união das linhas de diversas ferrovias quase todas
originadas no século 19, como a E. F. Central da Bahia, a E. F. Bahia ao São
Francisco, a E. F. de Santo Amaro e a E. F. Centro-Oeste da Bahia, que,
quando finalmente unidas sob o nome de Viação Férrea Federal do Leste
Brasileiro (VFFLB) entre 1935 e 1939, tiveram suas linhas unidas e
prolongadas de forma a, em 1951, ligarem Salvador e Mapele à localidade
mineira de Monte Azul, ponta dos trilhos da E. F. Central do Brasil. Trens de
passageiros passaram pelos seus diversos pedaços desde cada uma de suas
origens até a linha completa, desaparecendo em 1979, quando somente faziam o
trecho Iaçu-Monte Azul, no sul, e até o início dos anos 1980 entre Mapele e
Candeias. Hoje a linha é utilizada apenas por trens cargueiros, que sofrem
para passar pelo gargalo do rio Paraguassu.
|
||||||||
A ESTAÇÃO: "De existência tão antiga
quanto as outras (cidades da região), ela (Urandi) hoje (1946) está em grande
surto de progresso, com a chegada das turmas de construção do prolongamento
da ferrovia que, unindo a vila baiana de Contendas à cidade mineira de Montes
Claros, completará a ligação Bahia-Rio, há tanto esperada. A chegada desta
nova gente, movimentando o comércio de Urandi e criando para ela um problema
inteiramente desconhecido tal seja o de insuficiência de habitações, apesar
das construções novas feitas pelos próprios ferroviários, trouxe, no entanto,
como já frisamos, vida nova a uma comprida faixa até então em constante
marasmo" (Revista Brasileira de Geografia, out-dez 1946, p.
56). A estação de Urandi teria sido inaugurada por
volta de 1948, embora haja fontes que dão a inauguração
época e nunca remodelado. "A estação
de Urandi está em ruinas e ao redor é deposito de lixo. Uma vergonha, é a
historia daquela cidade. Pesquisarei mais quando tiver novidades te envio"
(Flavia Alves Dantas, 03/2005). Marcelo Pascoal Morais Bacci cita
e fotografa uma estação velha em Urandi (mostrada ao pé da
página); está também ao lado da linha e em ruínas. Por que e quando teria
sido desativada para ser construída uma estação simplíssima em outro ponto?
(Fontes: Flavia Alves Dantas, 2005; Sebastião Santos Silva; João Ezequiel Filho; Aroldo Batista; Marcelo Pascoal Morais Bacci; Roosevelt Reis; IBGE: Revista Brasileira de Geografia, 1946; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Guias Levi, edições de 1932 a 1984; Mapa - acervo R. M. Giesbrecht) |
||||||||
Observação: Abaixo fotos na matéria.
RALPH MENNUCCI GIESBRECHT
Nascido em 13.11.1951 em São Paulo, SP
Residência atual: Santana de Parnaíba, SP (desde 1982)
Bacharel em Química pela Universidade de São Paulo (1974)
Sócio do IHGSP - Instituto Histórico e Geográgico de São Paulo (2006)
Sócio da ABPF - Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (2000)
Residência atual: Santana de Parnaíba, SP (desde 1982)
Bacharel em Química pela Universidade de São Paulo (1974)
Sócio do IHGSP - Instituto Histórico e Geográgico de São Paulo (2006)
Sócio da ABPF - Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (2000)
TELA DE CLÁUDIA MANUELA - 31.01.2014. |
FOTOS ATUAIS DA FERROVIA - BLOG DO LATINHA
Visita ao Casarão do Major José Guimarães "JUCA". Museu da Família de Carlos Liberato e Tereza Batista Liberato. |
FOTOS HISTÓRICAS
Deputado Federal Vasco Neto. |
Linha do Sul - 1940 - Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht. |
A estação "nova" em 03/2005, em ruínas. Foto Flavia Alves Dantas. |
A estação "nova" em 03/2005, em ruínas. Foto Flavia Alves Dantas. |
A estação velha de Urandi, já acabadíssima em relação a 15 anos antes, em 2009. Foto Marcelo Bacci. |
ACIMA: O "Saco da Onça" com suas curvas entre Licínio e Urandi. O "Saco da Onça", próximo a Urandi (Foto Aroldo Batista, 31/12/2008). |
Estação velha de Urandi em 1994. Foto Sebastião Santos Silva e João Ezequiel Filho. |
Comentários