ARMANDO AVENA: OS GRANDES PROJETOS DA BAHIA ESTÃO RISCO

Bahia Econômica


A crise econômica brasileira, os desdobramentos da operação Lava-Jato e a queda do preço das commodities no mercado internacional estão colocando em risco os grandes projetos da Bahia, alguns deles de caráter estruturante e fundamentais para o futuro do Estado. São meia dúzia de projetos, alguns em fase adiantada, que ainda podem ser concluídos a depender da conjuntura, e outros, que parecem definitivamente descartados.

Neste último caso está a famigerada ponte Salvador-Itaparica, que por si só já era um projeto de duvidosa viabilidade econômica, e que agora, com as maiores empreiteiras do país desestruturadas pela Operação Lava-Jato e seus efeitos  e o governo cortando gastos e investimentos, tornou-se um sonho de uma noite verão. Mas se a ponte era uma quimera, outros projetos como a refundação da indústria naval e a produção de minério de ferro pela Bamin Mineração não só tinham viabilidade, como já estavam praticamente prontos.

O Estaleiro Enseada, que prometia estruturar uma nova cadeia na indústria baiana e já tinha 82% de suas obras físicas prontas foi atingido mortalmente pela Operação Lava-Jato já que a Sete Brasil, empresa cujas encomendas de sondas para exploração do pré-sal motivou a implantação do estaleiro na Bahia, está atolada em casos de corrupção. Já o projeto da Bamin Mineração está em risco por outras questões, especialmente pela forte queda no preço do minério de ferro no mercado internacional, que mantido no atual patamar praticamente inviabiliza economicamente o projeto e também pela querela jurídica que a multinacional ENRC,  maior acionista da Bamin, enfrentam na Justiça inglesa, que envolve também, entre outras questões, denúncias de corrupção.

O mais grave é que os entraves no projeto da Bamin Mineração tem graves repercussões sobre duas obras de infraestrutura de caráter estruturante para a Bahia: o porto Sul e a Ferrovia Oeste-Leste. No caso do Porto Sul, que teria dois terminais, a construção de um terminal  privado, previsto para ser construído pela Bamin, já foi descartado e agora o governo do Estado busca atrair sócios e montar uma engenharia financeira para viabilizar a construção do outro terminal.

Mantidas as condições do preço do minério de ferro essa engenharia não se sustenta e o Porto Sul pode ser inviabilizar. A Ferrovia Oeste-Leste tem outros contornos e  o trecho Ilhéus/BA–Caetité/BA–Barreiras/BA tem um avanço físico das obras de 61,7%, segundo informa a Valec, devendo ter vários trechos inaugurados ao final de 2015. Aqui o risco é de outra espécie  e passam pela possibilidade dos recursos do PAC serem retidos pelo ajuste fiscal do Ministro Joaquim Levy e pela risível situação da ferrovia ficar pronta e não ter porto para escoar os produtos nela transportados, algo que vai entrar para o folclore de absurdos tão frequentes na Bahia.

Felizmente nem tudo está perdido, a ferrovia pode ter outras alternativas portuárias e há projetos de grande porte, ora em construção na Bahia, estão seguindo o cronograma sem interrupção, como é o caso da implantação do Polo Acrílico, capitaneado pela Basf, no Polo Industrial de Camaçari, que cria nova rota de produção petroquímica e tem desdobramentos na cadeia produtiva. Mas não há dúvida que a conjuntura atual põe em risco os grandes projetos da Bahia.

                          A FIOL E OS PORTOS DE ILHÉUS E ARATU

O avanço nas obras da Fiol – Ferrovia Oeste-Leste neste início de ano deixaram claro o que todo mundo já previa: a ferrovia vai ficar pronta antes do porto. O trecho entre Tanhaçu e Caetité deve ser inaugurado em junho e outros trechos estarão prontos até o final do ano ou meados de 2016. A Bamin Mineração, envolta em forte crise econômica e financeira, com a queda no preço do minério de ferro e briga na Justiça entre os acionistas, já avisou que não vai construir mais o terminal privado, restando ao Estado construir o outro berço. 

O banco de investimentos BTG Pactual estaria tentando montar uma engenharia financeira capaz de atrair investidores interessados em fazer uma parceria com o governo do Estado e a Bahia Mineração para a construção do terminal. Mas, de qualquer jeito, na melhor das hipóteses o Porto Sul só fica pronto em 2018. Assim, para que a Bahia não entre no folclore nacional como o Estado que construiu uma ferrovia que termina em lugar nenhum é fundamental que se comece a avaliar as possibilidades de utilização do Porto de Aratu ou mesmo do Porto de Ilhéus, como destino das cargas da Fiol, mesmo que sejam necessários alguns investimentos e ainda que seja em caráter emergencial.

                                               

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