A CHINA E O AGRONEGÓCIO NA BAHIA
É perfeitamente conhecido não só o potencial do agronegócio baiano como a percepção dos chineses acerca destas imensas potencialidades, e isso é atestado pela vinda crescente de empresas daquele país asiático para investir em infraestrutura , produção, aquisição e escoamento de grãos, sobretudo no Oeste baiano. Vislumbram-se também inversões e exportações de algodão, com alguma etapa da industrialização do produto em nosso Estado. Esse movimento atinge o País como um todo, mas alcança uma incidência significativa na Bahia, Mato Grosso e região do MAPITO.
Recentemente, um embaixador brasileiro declarou que, a despeito de nossas exportações para a China estarem concentradas no complexo soja, minério de ferro e petróleo, há amplos espaços para a diversificação da pauta do agronegócio, citando exemplos como café, produtos florestais e até espumantes, produtos nos quais a Bahia vem ganhando destaque nos planos nacional e internacional, com produtos de qualidade reconhecida, além de estar buscando a obtenção de selos de qualidade, de produção ambientalmente correta e de indicação geográfica, o que dará uma “upgrade” comercial ao nosso agronegócio.
Contudo, as possibilidades não se esgotam nesses exemplos. Além de procurar vender mais produtos com maior valor agregado, o País e a Bahia têm também ótimas chances com outras opções. Em missão iniciada em 05 deste mês na China, liderada pelo Vice-Presidente Michel Temer e, no agronegócio, pela Senadora Kátia Abreu, com a presença de empresários brasileiros, a Presidente da CNA tem constatado reiteradamente a pouca diversificação da lista de produtos do agronegócio para aquele País, mas enfatiza o interesse dos chineses em investimentos e escoamento para o seu mercado, além de grãos, de itens de segmentos, como café, carnes bovina e de aves, etanol e açúcar, produtos florestais, lácteos, caprinos, ovinos , suco de laranja, pescados e outros. Lembremos que eles também se movimentam nas aquisições do controle acionário de grandes tradings, com presença na Bahia e no Brasil.
Nesse universo, a Bahia desponta indiscutivelmente em cafés especiais, celulose, soja e derivados, caprinos, e até espumantes, sucos e frutas de qualidade, e, talvez um pouco mais a frente, chocolates finos com elevados teores de cacau. Nesse sentido, as três esferas de governo no caso baiano podem apoiar e muito essas iniciativas empresariais. Como? Luis Carlos Mendonça de Barros, da MB Associados, em entrevista ao Anuário do Agronegócio -2013, edição vendida nas bancas desde outubro passado, diz que quando era Presidente Do BNDES, foi visitar o cerrado do Piauí, cuja ocupação começou bem depois do da Bahia. Lá constatou o potencial da região e a ausência de estradas e pontes para escoar os produtos.
O BNDES emprestou os recursos para esse tipo de infraestrutura e a região começou a deslanchar. Esse exemplo se aplica como uma luva à Bahia, o que remete de imediato à intensificação de esforços para acelerar a conclusão dos grandes projetos de infraestrutura em curso no Estado, como a FIOL e o porto de Ilhéus, além de hidrovias e estradas nessa grande fronteira baiana produtora de grãos e minérios. Outras medidas se fazem necessárias, como a desburocratização e agilização de certos procedimentos, como os licenciamentos ambientais.
José Maciel dos Santos Filho
jose.macielsantos@hotmail.com
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