CPI DOS CARTÕES


Cartões: investigar os de Lula, sim; os de FHC, não.

Estranha a ira do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que considera "arbitrária" a decisão da CPI Mista, a ser instalada no Congresso, de apurar desde 1998 despesas de governo e o uso dos cartões corporativos.

O nervosismo do ex-presidente em relação ao recuo da apuração até 1998 (todo o seu segundo governo) mostra-se desproporcional ao esperado, porque foi ele quem criou esses cartões em 2001.

É surpreendente que, agora que decidiram apurar os gastos de seu segundo governo, ele considere "arbitrário". Antes não disse uma palavra - só de incentivo - para deter a sanha inquisitória de seu partido e a verdadeira devassa, ilegal, que o PSDB promove nessa questão de cartões contra o governo Lula. Contra o governo Lula pode. Contra o dele não. Nem contra o dele nem contra a gestão tucana do governador José Serra, em São Paulo.

A prestação de contas de 2007 das compras feitas com cartão de débito por apenas duas secretarias de Estado do governo Serra deixa sem explicação gastos da ordem de R$ 337,6 mil. Deixam inexplicáveis 144 casos de compras, 128 destas feitas em um só dia - 8 de novembro de 2007. Mas os tucanos de São Paulo se julgam vestais, inatingíveis, e não querem saber de CPI.

Com esse comportamento o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governo tucano de São Paulo - lamentavelmente com velado, quase aberto, apoio de certa mídia - protagonizam mais uma ação que leva todos a compreender a verdadeira natureza da oposição: uma mistura de cinismo, hipocrisia e farisaísmo.

Pior que isto só o comportamento de ministros da nossa Corte Suprema que vêm a público dizer ao país que não há sigilo em se tratando de recursos públicos. Como não há ? Está previsto na Constituição e nas leis vigentes no país no caso dos gastos com a segurança do presidente da República. Até o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, da oposição, reconhece isto !

Estes mesmos ministros, ou pelo menos um deles, já veio a público se manifestar contra a troca de informações entre órgãos da administração responsáveis pelo acompanhamento e controle da cidadania na questão de impostos. Manifestou-se Contra a comunicação de dados entre a Receita Federal, o COAF e o Ministério Público relativa a movimentações bancárias semestrais superiores a R$ 5 mil por pessoas físicas e a R$ 10 mil por pessoas jurídicas (empresas).

Não há, nessa permuta, quebra de sigilo bancário coisa nenhuma. É uma simples transferência de guarda de informações, como previsto nas CPIs que, aliás, diga-se de passagem, nunca respeitaram o sigilo destes dados que recebiam. Como se vê, então, FHC e os dois ministros do STF são fiéis adeptos da política de dois pesos e duas medidas - contra os outros pode tudo, contra eles, nada.

De nossa parte, somos favoráveis a todas as medidas que evitem fraudes ou uso indevido dos cartões corporativos, um problema dos três poderes, incluindo o Ministério Público. E mais: somos contra qualquer despesa no serviço público que, na prática, represente salário indireto.

Lutaremos contra isto com a mesma disposição com a qual lutamos contra esta caça às bruxas, este macartismo e devassa inquisitoriais que os oposicionistas querem impor ao país. Cobram e estabelecem um vale-tudo para apurações sobre o governo Lula, desde que não se cobre o mesmo, não se investigue os governos FHC e os do PSDB em São Paulo. É bem o estilo tucano, pequeno, de fazer oposição!

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