O ALVO É LULA


Oposição de direita trama ato de apoio ao rei da Espanha

Lideranças da oposição de direita articulam o uso de uma comissão do Senado para tentar manifestar oficialmente repúdio do parlamento brasileiro ao governo Venezuelano. Mas o alvo principal dos oposicionistas de direita é o presidente Lula e sua política externa. A manobra terá como mote o recente e polêmico episódio envolvendo o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e o rei da Espanha, Juan Carlos, que será ''homegaeado'' no ato por ter mandado Chávez calar-se.

A oposição prepara um ato de bajulação ao rei da Espanha, Juan Carlos, numa tentativa de repudiar a defesa feita pelo presidente Lula ao colega venezuelano, Hugo Chavéz. A manifestação deve ser feita na sessão da Comissão de Relações Exteriores do Senado na próxima semana.

O líder da trama é o senador Heráclito Fortes (DEM-PI), presidente da Comissão. Segundo ele, ''o presidente Lula precipitou-se a entrar nessa disputa real''. ''O silêncio do Brasil nesse caso seria melhor'', disse o parlamentar.

Fortes pretende colocar em votação uma moção de aplauso, apresentada por outro direitista, o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), à atitude do rei espanhol na sessão da Cúpula Ibero-Americana, em Santiago do Chile.

Durante o encontro, Juan Carlos disse para Chávez se calar por conta das críticas do venezuelano ao ex-premiê da Espanha José Maria Aznar de fascista. Lula minimizou o mal-estar dizendo que Chávez não exagerou. E fez uma defesa da democracia venezuelana. “Podem criticar o Chávez por qualquer outra coisa. Inventa uma coisa para criticar o Chávez. Agora, por falta de democracia na Venezuela, não é”, disse o presidente Lula.

Conduzido ao trono por mãos fascistas


A polêmica criada pela falta de compostura do rei espanhol fez com que o passado nada memorável do monarca fosse resgatado e diversos blogs passaram a divulgar um artigo publicado em 2004 no blog português ''Bota Acima'', que descreve como o rei Juan Carlos foi conduzido ao trono espanhol pelo ditador Franco, com apoio das hostes fascitas que golpearam a democraia espanhola.

Reproduzimos abaixo alguns trechos do artigo que revela a verdadeira face do rei que a direita brasileira pretende homenagear:

''Se o franquismo desapareceu como sistema totalitário de domínio da sociedade espanhola, ele não desapareceu de dentro do sistema e conseguiu furtar-se ao julgamento histórico e político da ditadura e da sua feroz repressão. O vergonhoso compromisso do “esquecimento” que as forças democráticas espanholas ofereceram aos franquistas, permitiu isso. E muito do franquismo permaneceu e permanece. O PP alberga tudo o que sobrou (e foi muito) do franquismo político. Fraga, antigo ministro de Franco, é, há muitos anos, o mais alto dignatário do poder autónomo galego. O actual ministro da Defesa do governo Zapatero foi dirigente da Juventude da Falange. E Franco deixou como herança não contestada uma monarquia e um Rei paridos pelo franquismo. E Juan Carlos, independentemente da apreciação que se possa fazer sobre o seu reinado, é a marca mais forte de como Franco continua a existir politicamente em Espanha e na parte mais cimeira e mais visível da simbologia e do ritual do Estado''.

''Espanha tem monarquia sem que a maioria dos espanhóis, longe disso, seja monárquica. Embora respeitem e não contestem este Rei. O que não belisca o absurdo que a monarquia espanhola é, como regime imposto por um ditador desaparecido e que perdura, não por vontade sufragada, mas apenas por legitimidade conferida pela inércia. Porque, de fato, Juan Carlos, mais que rei de Espanha, é rei pelo ''esquecimento''.''

''Do ponto de vista do combate na Guerra Civil, do lado de Franco, houve de facto uma minoria monárquica que se empenhou na vitória do fascismo, combatendo com afinco e com martírio. Mas, curiosamente, a facção monárquica franquista não desembocava neste Rei mas sim numa linha dinástica concorrente – a carlista. E a facção política dominante nas hostes franquistas, não era sequer monárquica, muito longe disso, era a fascista e juan-antoniana Falange.''

''Os Requetés constituíram, antes do levantamento de Franco, uma pequena mas bem treinada milícia militarizada que foi apoiada e financiada por Mussolini. Quando a guerra rebentou, os Requetés ofereceram a Franco os seus 7.000 combatentes fanatizados e que constituíram uma das importantes forças iniciais de combate. Chegaram a atingir os 12.000 efetivos durante a guerra e contaram-se 4.200 mortos de requetés no final da guerra. Entretanto, os alfonsistas rivais nunca tiveram expressão autónoma como força de combate. Eram señoritos, guerreiros nem tanto.''

''Franco queria um poder pessoal e um partido pessoal. Necessitava da Falange e dos Requetés, mas não queria as suas ideologias e os seus programas. Ele preferia encontrar inspiração ideológica na Igreja Católica, preferindo padres e freiras a falangistas e a requetés. Resolveu esse dilema à sua maneira: marginalizou os principais dirigentes fascistas e monárquicos (mantendo os pretendentes no exílio e para aí mandando os seus principais dirigentes com vocação mais autónoma); fundiu a Falange com os Requetés na FET (nova Falange); transformou o catolicismo em ideologia do Estado; retirou autonomia às milícias por via da sua militarização e integração na cadeia de comando militar de que ele era o Generalíssimo''.

''Com o avançar da idade, Franco decidiu que, ao franquismo com Franco, o melhor era suceder-lhe um franquismo com Rei. E fabricou um Rei, educado por ele e feito à sua medida. Escolheu o ramo monárquico mais fraco, afastou o pretendente deste ramo e designou o jovem Juan Carlos como futuro Rei. Entranhados no regime, aboletados à mesa do franquismo, os Requetés carlistas não piaram e passaram de armas e bagagens para o bando rival, transformando-se, num ápice, em alfonsistas, seguindo a decisão de Franco. É esta a fonte de legitimidade do Rei Juan Carlos. É esta a marca mais viva da continuação da vitória de Franco, contra a legalidade democrática e republicana, conseguida em 1939, com o apoio de Salazar, Hitler, Mussolini e os Mouros marroquinos, em cima dos cadáveres de mais de um milhão de espanhóis''.

Fonte: PORTAL VERMELHO

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