Jean Wyllys discute literatura e desafios do jornalismo contemporâneo no 1º Encontro de Jornalistas do Sudoeste
Escrito por Fernanda Gama
A participação do jornalista, professor e escritor baiano Jean Wyllys foi um dos destaques do 1º Encontro de Jornalistas do Sudoeste, realizado pelo Sinjorba durante o FLIRCONTAS, em Rio de Contas, no último sábado (29/11). Convidado para conduzir a mesa “Desafios da Produção Literária para Jornalistas”, Jean apresentou uma reflexão profunda sobre a escrita como ferramenta de construção de memória, enfrentamento simbólico e ampliação das possibilidades narrativas no jornalismo.
Ao longo da conversa, Jean abordou o papel do texto como um espaço de elaboração crítica, sensível e responsável, especialmente em um contexto marcado pela desinformação, pela precarização do trabalho e pela disputa constante pela atenção do público.

Mesa sobre os desafios da produção literária para jornalistas, com Jean Wyllys e os escritores Marluccia Araújo e Gustavo Medeiros, mediada por Amanda Mota. (Foto: Sinjorba)
Jean destacou que a literatura e o jornalismo compartilham a capacidade de registrar experiências humanas, tensionar discursos e produzir interpretações sobre o mundo. Para ele, a escrita literária, quando dialoga com o jornalismo, amplia a potência de narrar e de atribuir sentido às realidades vividas.
Defesa do diploma e enfrentamento à desinformação
Durante o encontro, Jean comentou a tramitação da PEC 206/2012, que prevê a exigência do diploma específico para o exercício do jornalismo, e destacou que a medida é fundamental para enfrentar dois desafios centrais da profissão: a desinformação e a precarização. Para ele, a defesa do diploma vai muito além de uma questão acadêmica; trata-se de uma estratégia para reforçar critérios éticos, garantir formação sólida e valorizar o trabalho jornalístico em um cenário cada vez mais dominado por influenciadores e produtores de conteúdo sem preparo técnico. Segundo Jean, a falta de formação ética e profissional é um dos motores da desinformação, e a exigência do diploma é um caminho para fortalecer as instituições de ensino, qualificar a prática e proteger a identidade da profissão.
“Jornalismo é coisa séria. Não é apenas saber falar. Exige ética, responsabilidade, informação e verdade. Isso só pode ser alcançado com formação. Para apurar, investigar e buscar os fatos, é preciso preparo. Defender o diploma é defender a responsabilidade e a ética no ato de informar”, afirmou.

Fernanda Gama, presidenta do Sinjorba, entrega a camisa da PEC do Diploma ao jornalista Jean Wyllys, reforçando a defesa da formação profissional no jornalismo. (Foto: Sinjorba)
Para Jean, a precarização é alimentada justamente pela fragilização da identidade profissional do jornalista. Baixos salários, jornadas extensas, múltiplas funções e a pressão tecnológica, especialmente com o avanço da inteligência artificial, tornam o profissional ainda mais vulnerável. “O jornalista precisa se reconhecer como trabalhador para reivindicar direitos. É preciso formação, valorização e condições dignas para exercer uma profissão que é central para a democracia” ressaltou.
Interiorização do Sinjorba
O baiano ressaltou a importância de fortalecer a categoria por meio de encontros presenciais, especialmente em regiões fora do eixo da capital, como forma de criar vínculos, estimular debates e construir reflexão coletiva sobre o exercício do jornalismo.
“O Sinjorba fez algo muito importante ao reunir jornalistas do Sudoeste numa mesma sala para discutir a contemporaneidade. É nesses encontros, cara a cara, que conseguimos falar sobre o que realmente nos aflige, da desinformação às teorias conspiratórias, da precarização ao medo de sermos substituídos. Esse tipo de iniciativa precisa ser multiplicado”, afirmou.
O 1º Encontro de Jornalistas do Sudoeste contou com profissionais de Vitória da Conquista, Rio de Contas, Guanambi, Palmas de Monte Alto, Firmino Alves, Planalto e Poções, entre outros municípios.
A iniciativa reforça um dos eixos centrais da gestão atual do Sinjorba: aproximar o sindicato da categoria em todas as regiões, ampliar espaços de formação e fortalecer a atuação dos jornalistas que trabalham fora da capital.

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