Umbu: fonte de renda, solidariedade e inspiração




Além de ser um fruto delicioso, o umbu tem grande importância para o povo da Caatinga, é colhido da árvore conhecida como “sagrada do sertão”, pois o umbuzeiro conserva água em sua raiz, e chega a armazenar até mil litros. Além disso, produz uma batata, que, em época de grande estiagem, é utilizada como alimento. O umbuzeiro vive em média 100 anos, e é considerado um símbolo de resistência.

O umbu também gera renda para famílias do Sertão Produtivo através da produção e comercialização de licores, doces, geleias, sorvetes e, não menos importante, a conservação da polpa para ser consumida em qualquer data do ano.

O Centro Público de Economia Solidária (Cesol) Sertão Produtivo assessora o Empreendimento Sabores da Bahia, que trabalha com o umbu na Comunidade de Barreiro, no município de Urandi. Para Elieth Araújo, integrante desse Empreendimento de Economia Popular Solidária, os derivados do fruto do umbu são mais aceitos em espaços distantes do que na própria região. Ela também destaca as vantagens de trabalhar com receitas em que o umbu é o principal ingrediente, pois possibilita: “geração de emprego e renda de fácil acesso na época de produção, é uma fruta nativa da região, tem baixo custo na colheita e é saudável”, conclui.

Mas o umbu não é especial apenas pelo sabor e por ser fonte de renda para muitas pessoas que esperam em todo dezembro pelo fruto, tem sido também inspiração para a arte. Serviu de melodia para o rei do baião e agora virou poesia através da escrita de Dayse Cangussu, que juntou o azedinho do umbu com a doçura das palavras para reverenciar a paixão pelo fruto da árvore sagrada do sertão.

Dayse Cangussu, 49 anos, nasceu em Andaraí, com 6 anos de idade a família mudou para a cidade de Vitória da Conquista, na região sudoeste da Bahia. Aos 23 anos vivenciou mais uma mudança, dessa vez para a cidade de São Paulo, onde reside atualmente. Dayse é professora da rede pública de ensino na cidade de Guarulhos, sempre gostou de escrever e sua base cultural aconteceu na Bahia, onde pelo menos duas vezes ao ano retorna para visitar os familiares e amigos.

Unir a paixão pela escrita à uma representação dos lugares onde cresceu foi fácil para Dayse - “carrego muitas memórias afetivas sobre minhas vivências na Bahia” - destaca a escritora. E foi expressando essa afetividade pelo sertão que Dayse escreveu a poesia “Umbu”, publicada na Antologia: Poesia Agora – Primavera 2020, por meio da Editora Trevo.

Para Dayse, o umbu remete à muitas lembranças; o doce caseiro da mãe, ir à feira comprar o fruto, que era comercializado utilizando como medida o litro improvisado com latas de óleo de cozinha. Talvez não seja apenas por ser novidade em outras regiões, mas também por aguçar memórias, bem como Elieth Araújo apontou, que o umbu é mais valorizado em regiões mais distantes. O que nos resta é apreciar as maravilhas derivadas e inspiradas no umbu, riqueza do semiárido do nordeste brasileiro.

Instituto de Desenvolvimento Sustentável Baiano (IDSB) 


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