PT vai pra cima do Gilmar. Demorou, hein ?
Conversa Afiada - PHA
Saiu no Valor:
PT inclui ministro do STF nas investigações da CPI
Jilmar Tatto não descarta investigação: “Se o ministro viajou a Berlim com Demóstenes, alguém pagou a passagem”
O PT busca dados contra o
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes na Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as relações do empresário
Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com empresas e autoridades.
A informação de que Mendes se
encontrou em Berlim, na Alemanha, com o senador Demóstenes Torres (GO),
apontado pela Polícia Federal como o principal braço político de
Cachoeira, foi a primeira mais relevante delas e partiu de integrantes
do partido na comissão.
Ela integra a estratégia
inicial do partido para a CPI, de “desvendar a farsa do mensalão”. Com
essa informação em mãos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
partiu para uma conversa com o ministro do Supremo Tribunal Federal
Gilmar Mendes, no dia 26 de abril. Segundo a revista ‘Veja’, no
encontro, Lula pediu o adiamento do julgamento do mensalão. Ofereceu em
troca a disposição da maioria governista da CPI de livrá-lo de uma
investigação.
O ex-presidente nega ter
conversado sobre o mensalão no encontro. A versão petista é que foi
Mendes quem marcou o encontro pois soubera por um assessor que acompanha
os trabalhos na CPI que alguns parlamentares obtiveram a informação de
seu encontro com Demóstenes em Berlim. A razão de ele só falar sobre o
assunto agora, mais de um mês após o encontro com Lula, seria uma
espécie de “vacina” contra o aprofundamento da investigação contra ele
pelo PT.
A razão é que há outras linhas
de apuração contra Mendes, como uma eventual influência dele sobre o
procurador-geral da República, Roberto Gurgel, na decisão de não abrir
uma ação penal contra Demóstenes no STF após receber os dados da
Operação Vegas, em 2009.
Os petistas tentaram, mas não
conseguiram aprovar na CPI um requerimento para convocar Gurgel para
falar sobre isso. Na semana passada, porém, o procurador encaminhou à
CPI sua justificativa: a de que detectou apenas desvios no “campo
ético”, insuficientes para a abertura de ação judicial.
Até mesmo o ex-diretor da
Polícia Federal, Paulo Lacerda, segundo um petista, tem auxiliado na
operação. Ele foi visto há algumas semanas no Congresso em conversas com
integrantes do partido. Sua motivação seria o afastamento do posto
maior da PF após Mendes denunciar grampo, nunca comprovado em seu
gabinete, que teria flagrado um diálogo dele com Demóstenes. Agora seria
o momento de “dar o troco”.
Tanto que uma terceira linha de
atuação contra Mendes na CPI é ligar a Mendes o ex-policial Jairo
Martins, ex-funcionário da Agência Brasileira de Inteligência (Abin),
preso na Operação Monte Carlo. A suspeita é de que foi Martins quem, a
pedido de Mendes, detectou suposto grampo no gabinete do ministro. O
episódio foi publicado pela revista “Veja” e resultou na demissão de
Lacerda.
Mas de acordo com um
interlocutor de Lacerda, sua presença no Congresso se deve ao fato de
ele estar atuando em uma associação de segurança privada, que tem entre
suas funções acompanhar a tramitação de projetos ligados ao setor.
Apesar dessas linhas de
apuração estarem em andamento, o PT sempre avaliou que o encontro de
Demóstenes e Mendes em Berlim era insuficiente, ao menos por ora, para
ligar o ministro ao esquema de Cachoeira. Ontem, o líder do PT na
Câmara, Jilmar Tatto, afirmou que Mendes não é alvo da CPI. Mas sugeriu,
entretanto, que pode vir a ser.
“Se o ministro viajou a Berlim
com Demóstenes, alguém pagou a passagem. Se o grampo [de Mendes com
Demóstenes] não ocorreu, alguns dados estão sendo levantados e vamos
verificar. Está sendo levantado tudo na CPI. Gilmar não está
[diretamente] no foco da CPI. [Mas] Todos, indiretamente, estão no foco
da CPI. Vamos verificar o conteúdo disso e verificar os limites de cada
um. Não vamos partidarizar a CPI, o que não significa que seremos
omissos.”
A oposição também optou por não
levar o possível pedido de Lula a Mendes para dentro da CPI. Ao menos
formalmente. Hoje é provável que haja discursos na CPI contra o
episódio, mas isso não será transformado em convocação do ex-presidente
ou até mesmo de acareação, como foi inicialmente pensado. Ciente de que
não teria votos suficientes para aprovar nenhum desses requerimentos, o
PSDB optou por interpelação judicial contra Lula.
Clique aqui para ler “Britto e Gurgel têm que impedir Gilmar”.
Clique aqui para ler “Johnbim chama Gilmar de mentiroso de novo”.
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