EDITORIAL
FHC ''esqueceu'' o que fez no governo
O sociólogo e ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso já pediu aos brasileiros que esquecessem o que escreveu. Agora, tudo indica, quer também que esqueçamos o que fez durante sua passagem pela presidência da República, entre 1995 e 2002, como mostrou no discurso que pronunciou na reunião dos prefeitos e vereadores tucanos ocorrida no sábado, dia 22, em São Paulo. Na ocasião, ele se referiu, de maneira exasperada e pouco polida à maneira como o presidente Luís Inácio Lula da Silva vem conduzindo a reação brasileira à grave crise econômica que assola o mundo.
Fernando Henrique Cardoso parece ter esquecido como seu governo enfrentou mal as crises econômicas. O Brasil sofreu sucessivos tsunamis econômicos despreparado pela política econômica posta de joelhos perante os interesses dos países ricos, particularmente dos EUA, e comandada por agências estrangeiras como o FMI e o Banco Mundial.
Basta lembrar a crise de 1998. Ela começou na Rússia e não tinha, nem de longe, a gravidade e a profundidade da crise que vivemos hoje, cujo epicentro está no coração do sistema capitalismo mundial, e não em sua periferia, como há uma década.
Como o imprevidente porquinho dos contos infantis, FHC construiu a casa de palha da dependência externa, e ela não resistiu ao vento vinda da Rússia, obrigando o país a pagar um preço alto demais. Naquele ano, a Bolsa de Valores de São Paulo acumulou perdas superiores a 50%. As reservas brasileiras, que eram de 70 bilhões de dólares (equivalente a 14 meses de importações), perderam 21 bilhões em apenas um mês! Com o real valorizado artificialmente, para manter a ilusão da ''moeda forte'', as exportações penavam e as importações inundavam o mercado brasileiro. O rombo nas contas externas era imenso e, só em 1997, o país precisou de mais de 33 bilhões de dólares para financiar seu déficit em conta corrente, e quase 29 bilhões consumidos em parcelas da dívida externa.
Em termos financeiros isso se traduziu numa política de juros altos escandalosa: em setembro de 1998 a taxa de juros determinada pelo Banco Central chegou a 49,75%! A relação entre dívida pública e PIB, que era de 28% no final de 1994, pulou para 38% em junho de 1998. Para contornar as dificuldades, disfarçar a crise e manter a chantagem eleitoral (afinal aquele foi o ano em que FHC foi reeleito para seu segundo mandato), o governo tucano multiplicou os mimos para o capital estrangeiro. Uma de suas primeiras medidas, por exemplo, foi isentar do pagamento de imposto de renda (15%) aplicações feitas por estrangeiros no país.
Para o povo, a feia carranca neoliberal do governo tucano veio na forma de mais cortes de verbas em áreas sociais, como Saúde, Educação, Agricultura e Reforma Agrária. Os juros altos sufocavam as empresas e calcula-se que 380 mil das 700 mil empresas abertas entre 1997 e 1999 (mais da metade) fecharam devido a essa política econômica desastrosa. O crescimento da economia parou (foi de rídiculos 0,13% em 1998 e 0,79% em 1999) e, em consequência, o desemprego medido pelo DIEESE saltou de 7,8% em 12997 para 9,6% em 1999 - um aumento de 23%. Foi um cenário aterrador; o país se arrastou durante o segundo mandato de FHC e piorou principalmente em 2002, o efeito da nova crise mundial foi agravado no Brasil pelo fantasma, brandido pela grande mídia, da eleição de Lula para a presidência.
É este passado pouco glorioso que FHC ''esquece'' quando pede a Lula que ''pare de falar bobagem''. A lembrança do que ocorreu sob seu longo período à frente do governo federal autoriza outra pergunta: quem é mesmo que está falando bobagem? O que seria do Brasil na atual crise se a mesma política econômica e o mesmo procedimento prostrado perante os poderosos do mundo ainda estivesse vigente no Palácio do Planalto? Entre a marola e o tsunami, hoje o Brasil vai se defendendo. Está superada a fase da casinha de palha, que qualquer sopro um pouco mais forte podia derrubar, como aconteceu sob FHC, e a construção agora é mais sólida, permitindo a esperança de que resista, melhor do que no passado comandado pelo tucanato, às tempestades que assolam o mundo.
O sociólogo e ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso já pediu aos brasileiros que esquecessem o que escreveu. Agora, tudo indica, quer também que esqueçamos o que fez durante sua passagem pela presidência da República, entre 1995 e 2002, como mostrou no discurso que pronunciou na reunião dos prefeitos e vereadores tucanos ocorrida no sábado, dia 22, em São Paulo. Na ocasião, ele se referiu, de maneira exasperada e pouco polida à maneira como o presidente Luís Inácio Lula da Silva vem conduzindo a reação brasileira à grave crise econômica que assola o mundo.
Fernando Henrique Cardoso parece ter esquecido como seu governo enfrentou mal as crises econômicas. O Brasil sofreu sucessivos tsunamis econômicos despreparado pela política econômica posta de joelhos perante os interesses dos países ricos, particularmente dos EUA, e comandada por agências estrangeiras como o FMI e o Banco Mundial.
Basta lembrar a crise de 1998. Ela começou na Rússia e não tinha, nem de longe, a gravidade e a profundidade da crise que vivemos hoje, cujo epicentro está no coração do sistema capitalismo mundial, e não em sua periferia, como há uma década.
Como o imprevidente porquinho dos contos infantis, FHC construiu a casa de palha da dependência externa, e ela não resistiu ao vento vinda da Rússia, obrigando o país a pagar um preço alto demais. Naquele ano, a Bolsa de Valores de São Paulo acumulou perdas superiores a 50%. As reservas brasileiras, que eram de 70 bilhões de dólares (equivalente a 14 meses de importações), perderam 21 bilhões em apenas um mês! Com o real valorizado artificialmente, para manter a ilusão da ''moeda forte'', as exportações penavam e as importações inundavam o mercado brasileiro. O rombo nas contas externas era imenso e, só em 1997, o país precisou de mais de 33 bilhões de dólares para financiar seu déficit em conta corrente, e quase 29 bilhões consumidos em parcelas da dívida externa.
Em termos financeiros isso se traduziu numa política de juros altos escandalosa: em setembro de 1998 a taxa de juros determinada pelo Banco Central chegou a 49,75%! A relação entre dívida pública e PIB, que era de 28% no final de 1994, pulou para 38% em junho de 1998. Para contornar as dificuldades, disfarçar a crise e manter a chantagem eleitoral (afinal aquele foi o ano em que FHC foi reeleito para seu segundo mandato), o governo tucano multiplicou os mimos para o capital estrangeiro. Uma de suas primeiras medidas, por exemplo, foi isentar do pagamento de imposto de renda (15%) aplicações feitas por estrangeiros no país.
Para o povo, a feia carranca neoliberal do governo tucano veio na forma de mais cortes de verbas em áreas sociais, como Saúde, Educação, Agricultura e Reforma Agrária. Os juros altos sufocavam as empresas e calcula-se que 380 mil das 700 mil empresas abertas entre 1997 e 1999 (mais da metade) fecharam devido a essa política econômica desastrosa. O crescimento da economia parou (foi de rídiculos 0,13% em 1998 e 0,79% em 1999) e, em consequência, o desemprego medido pelo DIEESE saltou de 7,8% em 12997 para 9,6% em 1999 - um aumento de 23%. Foi um cenário aterrador; o país se arrastou durante o segundo mandato de FHC e piorou principalmente em 2002, o efeito da nova crise mundial foi agravado no Brasil pelo fantasma, brandido pela grande mídia, da eleição de Lula para a presidência.
É este passado pouco glorioso que FHC ''esquece'' quando pede a Lula que ''pare de falar bobagem''. A lembrança do que ocorreu sob seu longo período à frente do governo federal autoriza outra pergunta: quem é mesmo que está falando bobagem? O que seria do Brasil na atual crise se a mesma política econômica e o mesmo procedimento prostrado perante os poderosos do mundo ainda estivesse vigente no Palácio do Planalto? Entre a marola e o tsunami, hoje o Brasil vai se defendendo. Está superada a fase da casinha de palha, que qualquer sopro um pouco mais forte podia derrubar, como aconteceu sob FHC, e a construção agora é mais sólida, permitindo a esperança de que resista, melhor do que no passado comandado pelo tucanato, às tempestades que assolam o mundo.
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