DEMOCRATIZAÇÃO DA MÍDIA


Debate sobre a democratização da mídia abre Seminário Estadual de Comunicação

O painel “A Democratização da Mídia no Brasil” abriu, na manhã de sexta (21/9), o Seminário Estadual de Comunicação, realizado pela direção estadual do PCdoB baiano. O evento, que contou com a participação de atores importantes no processo da democratização e de acadêmicos que dedicam suas pesquisas ao papel da mídia no Brasil, foi assistido por mais de 100 pessoas e serviu de palco para um profundo debate sobre o tema. Como parte da programação do seminário, que acontece na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, de 21 a 23/9, também estão previstos painéis sobre as relações e diferenças entre TV estatal e TV pública, e a política de comunicação do partido.

Compuseram a mesa de debate do painel Venício de Lima, pesquisador e professor da Universidade de Brasília; Albino Rubim, Coordenador do Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura da UFBA; Giovandro Ferreira, diretor da Faculdade de Comunicação da UFBA; Bernardo Joffily, editor do portal Vermelho; Julieta Palmeira, secretária estadual de Comunicação do PCdoB; e do assessor geral de Comunicação Social do governo da Bahia, função que corresponde a de secretário de Comunicação, Robimson Almeida. Após o evento, ocorreu o lançamento do livro “A mídia nas eleições de 2006”, organizado por Venício de Lima, que analisa a cobertura do último pleito presidencial.

A democratização como batalha estratégica

Durante todo o debate, e por diferentes razões, a democratização da mídia foi colocada como uma questão estratégica, não só para os partidos políticos, mas por todos que têm a democracia como bandeira. Isso é ainda mais importante diante do contexto midiático brasileiro, onde os grandes oligopólios de comunicação passaram a adotar um discurso unificado, mesmo que ele não reflita a opinião da população. Um exemplo disso foi o papel exercido pela mídia durante a cobertura das eleições presidenciais de 2006. Onde, segundo Bernardo Jofilly, “formou-se uma aberração, tamanha a discrepância entre a preferência do eleitorado e o posicionamento dos meios de comunicação”.

Ficou visível que, na opinião dos presentes, o caminho para a democratização da comunicação no Brasil passa pela criação de uma mídia contra hegemônica, que se oponha ao discurso dos grandes meios. Na direção desse processo, atuações da sociedade civil, por meio da criação de mídias alternativas, são muito importantes. Iniciativas vindas dos movimentos políticos, sociais e sindicais foram elogiadas durante o debate, por representarem um contraponto ao discurso preponderante na grande mídia. Entre elas, o portal Vermelho recebeu um destaque especial. Segundo Venício de Lima, “o portal está ocupando um espaço importantíssimo, por ser um site onde você encontra informação de qualidade sobre várias questões do avanço no campo popular, e a comprovação disso é o número de acessos que ele está tendo”

A discussão da comunicação no governo Lula


Durante as explanações dos presentes na mesa, assim como durante as perguntas realizadas pela platéia, ouve críticas à postura adotada pelo governo Lula em relação ao debate acerca da comunicação. Robimson Almeida lembrou que, mesmo depois de mais de quatro anos de gestão, o governo federal não conseguiu organizar nem ao menos uma conferência nacional de comunicação. Ele citou o sucesso, tanto no âmbito da participação popular, quanto no dos avanços alcançados, das conferências realizadas em outros setores, como a educação e a saúde. O assessor geral de Comunicação do governo Wagner também vinculou a postura do governo a uma interpretação errônea que a população tem da comunicação. “A população não enxerga a comunicação como uma política pública, e essa omissão do governo federal em relação ao debate tende a reafirmar isso”.

Para Venício de Lima, o problema reside na legislação brasileira que trata das concessões de radiodifusão, principalmente em relação aos prazos, condições e critérios para as suas renovações. Segundo o pesquisador, a sociedade civil começa a exercer um papel importante no monitoramento desses processos . “Está havendo, mais do que em qualquer outra época que eu me lembre, uma crescente consciência sobre o fato de que as concessões de radiodifusão são concessões de serviços públicos e que precisam ser reguladas como tal”, destaca.

Pimenta na mídia

Entre os presentes no debate estava Gilvan Rodrigues, que apresentou um bom exemplo de como as mídias alternativas podem ter grande apelo popular. Além de assessor de comunicação, Rodrigues é e um dos colaboradores do blog Pimenta na Muqueca (http://pimentanamuqueca.blogspot.com/), do município de Itabuna, no interior da Bahia. Ele justifica a sua vinda a Salvador, para participar do painel, pelo papel que mídias como essa devem exercer. “Nós, dos meios democráticos e populares, temos que buscar alternativas de construir uma nova mídia, e esse debate é um caminho para isso”, afirma.

O blog, que trata de uma temática exclusivamente política e existe há cerca de um ano, tem uma média de 2.200 acessos diários. Para ele, além de ser uma alternativa ao discurso hegemônico existente, um dos fatores que contribuiu para o sucesso do Pimenta foi a recente proliferação, na cidade, de estabelecimentos comerciais onde as pessoas pagam para acessar a internet. “Hoje Itabuna (quem tem pouco mais de 200 mil habitantes) tem mais de 150 lan houses, existe um bairro onde existem 22, contra 17 igrejas” destaca sorrindo.

De Salvador,
Rodrigo Rangel Jr.

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