AZENHA ELOGIA "DESMIOLADO" ATIVISTA ANTI "FOLHA DE SÃO PAULO"


O jornalista Luiz Carlos Azenha, chamou o ativista anti Folha de S. Paulo, Eduardo Guimarães, de “desmiolado” em seu site Vi o mundo. Guimarães, membro do Movimento Sem Mídia (MSM), está mobilizando um ato de repúdio à Folha em frente do prédio do jornal, em SP, para este sábado (15). “O que o leitor Eduardo Guimarães pretende fazer, no próximo sábado, pode parecer desmiolado. Talvez seja, levando em conta que no Brasil os problemas são sempre ‘dos outros’”, escreveu Azenha.

Cartaz pela democratização da mídia “Porém (...), a campanha contra a manipulação da mídia corporativa é um fenômeno mundial (...) Visto aí de São Paulo, talvez o Eduardo Guimarães pareça um grão de areia. Mas aqui de longe dá para perceber que uma ventania empurra uma duna para cima dos que estão transformando o Jornalismo em uma palavra de baixo calão'', conclui Azenha.

Embora Azenha, ao longo de seu texto, concorde com a bandeira de Guimarães e também ele faça as suas duras críticas ao monopólio midiático que ronda os Estados Unidos e distorce todo tipo de informação, Gimarães não se furtou de responder o comentário do jornalista em seu blog Cidadania.com.

“Sou ‘desmiolado’ e um ‘grão de areia’ mesmo. Mas, como bem notou o Azenha, toda tempestade de areia começa com o primeiro grão levantado. Seu eu tiver sido esse grão, já poderei deixar esta vida consciente de que não a desperdicei toda preocupado só com minhas questiúnculas pessoais”, escreveu Guimarães.

Ato por pluralismo na imprensa

O ato do MSM será neste sábado, à partir das 15h, na rua Barão de Limeira, na capital paulista, em frente ao prédio da Folha. O Movimento dos Sem Mídia foi criado por Eduardo Guimarães, ex-comerciante, que se diz ''irritado'' com o comportamento da imprensa, principalmente nas últimas semanas, quando notícias sobre a influência da mídia nas decisões do STF no julgamento dos envolvidos com o mensalão foram divulgadas.

''Faz muito tempo que venho querendo tomar uma atitude. Sei que uma ação como esta nunca foi tentada por quem não é engajado em nenhum movimento'', disse Guimarães, em entrevista ao Portal Imprensa. ''No momento em que fica claro que existe um processo de desmoralização dos poderes, em que os rumos do país são decididos com base no que querem meia-dúzia de famílias, é necessário fazer alguma coisa.''

Segundo Guimarães, o Movimento dos Sem Mídia - que deve ser formalizado durante a manifestação de sábado - luta por uma imprensa que dê voz a todo tipo de opinião e espaço para que o ''outro lado'' seja trabalhado sem distorções.

Leia abaixo íntegra dos textos:

Carlos Eduardo Azenha

O que o leitor Eduardo Guimarães pretende fazer, no próximo sábado, 15 de setembro, às 10 da manhã, diante do prédio da Folha de S. Paulo, na Barão de Limeira, em São Paulo, pode parecer desmiolado.

Talvez seja, levando em conta que no Brasil os problemas são sempre ''dos outros''.

Porém, como demonstra o cartaz acima, a campanha contra a manipulação da mídia corporativa é um fenômeno mundial.

Aqui em Washington, neste dia 15, acontece uma grande manifestação contra a ocupação americana do Iraque.

Muitos dos cartazes, com certeza, vão denunciar a Fox, emissora de Rupert Murdoch que foi co-autora da guerra.

Aos poucos, o patético comportamento da mídia americana, que reproduziu as mentiras oficiais antes da guerra, tem sido esmiuçado.

Estamos na idade da informação e qualquer um pode, hoje em dia, aqui nos Estados Unidos, ter acesso aos arquivos que registram as falsidades, as omissões e as falcatruas ''jornalísticas''.

Por aqui já existem mais de 15 entidades - liberais, conservadoras e libertárias - dedicadas a monitorar e denunciar as distorções do noticiário.

É como se o Observatório da Imprensa decidisse, de repente, deixar de puxar o saco dos patrões.

É como se o Comunique-se passasse a representar o interesse do público e não meramente o dos jornalistas.

A globalização e a reforma neoliberal das instituições resultaram no ''desmanche'' do Estado.

No Brasil, esse processo começou no governo Collor e foi até o segundo mandato de FHC.

Funcionário público passou a ser sinônimo de marajá, de vagabundo.

O estado foi dilapidado.

As agências reguladoras, criadas depois da privatização, nunca tiveram dentes.

A concentração da mídia na mão de poucos e o interesse de algumas famílias combinado com o de grandes corporações resultaram na extinção do Jornalismo como serviço público.

Jornalismo=Entretenimento.

Esse é um fenômeno que aconteceu nos Estados Unidos, na Itália, na França...

A mídia passou a defender, acima de tudo, seus próprios interesses.

A mídia que manipula, distorce, omite e mente.

Que ''seleciona'' os assuntos que interessam a seus objetivos políticos e econômicos mais imediatos.

A acreditar nos comentaristas econômicos da TV Globo, por exemplo, o caos no Brasil é só uma questão de tempo.

Não importa que o crescimento do PIB tenha batido recorde.

Importa é ''produzir'' crises nos portos, nos aeroportos, no Congresso, no Judiciário, na democracia.

O poder de barganha da mídia corporativa cresce de maneira inversamente proporcional ao poder das instituições.

A mídia ''forte'' arranca concessões de governos federal, estaduais e municipais.

A atuação é mesmo parecida com a da máfia, que intimida juízes, deputados, jornalistas, delegados, quem quer que não reze pela mesma cartilha.

Essa mídia está engajada em ''cortar impostos, enfraquecer conquistas trabalhistas, criminalizar quem pensa diferente, eliminar o contraditório'', enfim, precisa forjar um consenso que atenda, acima de tudo, àqueles que estão na ponta ''saudável'' da concentração de poder e renda.

Porém, há também um movimento mundial contra essa mídia.

Ele não é tão articulado quanto o das grandes corporações, que colocam a multiplicação de seus próprios lucros acima das pessoas, das sociedades e das nações.

Visto aí de São Paulo, talvez o Eduardo Guimarães pareça um grão de areia.

Mas aqui de longe dá para perceber que uma ventania empurra uma duna para cima dos que estão transformando o Jornalismo em uma palavra de baixo calão.

Publicado em 12 de setembro de 2007

Eduardo Guimarães

Grão de areia desmiolado

O nosso Luiz Carlos Azenha conseguiu uma definição, para mim, que me caiu como uma luva. Ele escreveu:

''O que o leitor Eduardo Guimarães pretende fazer (...) diante do prédio da Folha de S. Paulo (...) pode parecer desmiolado. Talvez seja, levando em conta que, no Brasil, os problemas são sempre 'dos outros'. Porém (...), a campanha contra a manipulação da mídia corporativa é um fenômeno mundial (...) Visto aí de São Paulo, talvez o Eduardo Guimarães pareça um grão de areia. Mas aqui de longe dá para perceber que uma ventania empurra uma duna para cima dos que estão transformando o Jornalismo em uma palavra de baixo calão''

O Azenha disse bem, ainda que não com estas palavras: num tempo em que a maioria acaba tendo reservas em se envolver, é ''desmiolado'' fazer o que fiz. Afinal, quem sou eu? Ninguém, para dizer o máximo. Sou apenas um cidadão comum, de classe média-média, que, agora, trabalha de empregado, que tem montes de problemas - como todos - e tem coisas muito mais importantes - referentes à própria vida - para se preocupar do que com um assunto distante do cotidiano de pessoas comuns como as questões de interesse público que me despertaram da minha confortável letargia de homem da multidão.

Por isso sou ''desmiolado'' e um ''grão de areia'' mesmo. Mas, como bem notou o Azenha, toda tempestade de areia começa com o primeiro grão levantado. Seu eu tiver sido esse grão, já poderei deixar esta vida consciente de que não a desperdicei toda preocupado só com minhas questiúnculas pessoais.

Grupo faz ato em frente à 'Folha'por pluralismo na imprensa.

Fonte: Portal Vermelho

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