Do confronto na Câmara emerge novo mapa político
Nem se passou uma semana e já é visível que o confronto pela presidência da Câmara dos Deputados provocou mudanças importantes no mapa político do país, em especial, na base de sustentação do governo.
O PT no decorrer da campanha eleitoral e logo após a reeleição de Lula pela boca de seus principais dirigentes defendia um governo de coalizão assentado num programa desenvolvimentista e que teria como núcleo os partidos de esquerda da ampla aliança. Entretanto, com o passar dos dias, se sentindo fortalecido pela colheita eleitoral, o feixe de correntes que formam essa legenda sob o comando do chamado ''campo majoritário'' fixou a conquista da presidência da Câmara como uma espécie de subida a um monte bíblico que uma vez alcançado redimiria a legenda ''de todos seus pecados''. A escalada devolveria a ''pureza'' e a força de antes.
Tal objetivo envolto nesse discurso com laivos ''fundamentalistas'' provocou no PT uma convicção de que a presidência da Câmara adquirira um valor superior a todo o resto. A parte se tornara mais preciosa do que o todo. Então foi pactuado entre as correntes petistas que o ''Monte Sinai'' teria que ser conquistado a qualquer custo, mesmo ao preço da dispersão do núcleo de esquerda que fora fundamental para as cinco campanhas presidenciais de Lula, às duas vitórias, e que fora decisivo ao êxito do primeiro governo Lula. Pouco ou nada passou a valer o compromisso de um governo de amplas forças políticas e sociais nucleado pelas legendas de esquerda.
Desse modo que fez o PT? Desconsiderou tudo isso e montou uma verdadeira operação de guerra na qual segundo relatos vindos do front foram usadas ''armas lícitas e ilícitas'' para derrotar quem? A direita que conspirou contra o governo Lula e que com o auxílio da mídia fez uma espécie de linchamento político da legenda? Não. O PT se aliou ao campo da direita para derrotar os seus aliados históricos da esquerda. E ao fazer tal movimento objetivamente fez uma escolha política.
O mapa político, hoje, da Câmara é o retrato dessa escolha petista. A base do governo Lula tem dois blocos: um maior e outro menor. O maior é constituído pelo PT, PMDB, PR, PTB, PP e outras legendas. No caso do PMDB, leia-se a parte que sustentou o governo neoliberal de FHC e fez oposição sistemática ao governo Lula. É um bloco político disforme cujo alto teor de conservadorismo nele contido neutraliza o conteúdo de esquerda do PT, de tal sorte, que talvez não seja exagerado denominá-lo de ''centro-direita''; e o outro formado pelo PSB, PCdoB, PDT, legendas que pelo passado e pelo presente de cada uma delas, resguardadas suas singularidades, têm sustentado as bandeiras da esquerda brasileira. Esse bloco de esquerda tem comunicação fluente com a parte do PMDB que apoiou o primeiro governo Lula e que tem compromisso com o projeto nacional de desenvolvimento.
Essa configuração poderá ou não sofrer modificações com dois acontecimentos que irão acontecer logo, logo: a composição ministerial do segundo governo Lula e o Congresso do PT que se realizará na metade desse ano. Ver-se-á na composição do governo em que grau e em que medida será resgatada a comprida réstia de ''promissórias'' da campanha de Chinaglia e as ressonâncias disso no dito ''blocão''. O resultado do conclave petista irá revelar a correlação de forças entre as tendências e a feição que assumirá o PT daqui por diante.
A interpretação correta desse novo mapa político, na esfera da base governista, não aponta para rupturas, mas um realinhamento de forças é real e concreto. Na há ruptura por conta dos projetos estratégicos da esquerda e também pelos compromissos comuns já assumidos referentes ao segundo governo Lula, a governos estaduais e municipais e, também, em setores do movimento social.
Não há rompimento político, mas seria tentar tapar o sol com a peneira, se não for sublinhado que houve abalos e distanciamentos por responsabilidade da escolha petista. No caso concreto do PCdoB, conforme declarações de seu presidente, Renato Rabelo, o PT continua sendo aliado, mas a relação política dos comunistas com o PT se dará sob nova forma e conteúdo na qual está descartada a aliança automática. É verdade que esse vínculo dos comunistas com o PT sempre foi regido pela ''unidade e pela luta'', no essencial, sempre foi preservada a independência do PCdoB. Mas, o que se anuncia é uma atualização da tática dos comunistas que indica a necessidade de uma conduta política ''mais afirmativa e ousada'' que marque com mais nitidez aos olhos do povo e das forças políticas a independência do partido e o valor de seu programa imediato e estratégico.
Não há mais espaço para se analisar, aqui e agora, os efeitos do confronto da Câmara no campo da oposição. Por, ora apenas uma palavra. O fato de o PSDB, por intermédio do governador José Serra, ter assegurado a vitória do petista Arlindo Chinaglia, no segundo turno, é um desses ''fenômenos'' que merece mais análise, algo como ''estudo de caso''. Mas de qualquer modo explicita que as duas derrotas consecutivas do bloco neoliberal nas eleições presidenciais o debilitaram mais do que se imagina. Estão divididos e os tucanos, não importa os cálculos ou os ganhos secundários, foram reduzidos nesse episódio ao papel de linha auxiliar da legenda que satanizaram.
Fonte: Portal Vermelho - PCdoB - 07.02.07 - wwww.vermelho.org.br
O PT no decorrer da campanha eleitoral e logo após a reeleição de Lula pela boca de seus principais dirigentes defendia um governo de coalizão assentado num programa desenvolvimentista e que teria como núcleo os partidos de esquerda da ampla aliança. Entretanto, com o passar dos dias, se sentindo fortalecido pela colheita eleitoral, o feixe de correntes que formam essa legenda sob o comando do chamado ''campo majoritário'' fixou a conquista da presidência da Câmara como uma espécie de subida a um monte bíblico que uma vez alcançado redimiria a legenda ''de todos seus pecados''. A escalada devolveria a ''pureza'' e a força de antes.
Tal objetivo envolto nesse discurso com laivos ''fundamentalistas'' provocou no PT uma convicção de que a presidência da Câmara adquirira um valor superior a todo o resto. A parte se tornara mais preciosa do que o todo. Então foi pactuado entre as correntes petistas que o ''Monte Sinai'' teria que ser conquistado a qualquer custo, mesmo ao preço da dispersão do núcleo de esquerda que fora fundamental para as cinco campanhas presidenciais de Lula, às duas vitórias, e que fora decisivo ao êxito do primeiro governo Lula. Pouco ou nada passou a valer o compromisso de um governo de amplas forças políticas e sociais nucleado pelas legendas de esquerda.
Desse modo que fez o PT? Desconsiderou tudo isso e montou uma verdadeira operação de guerra na qual segundo relatos vindos do front foram usadas ''armas lícitas e ilícitas'' para derrotar quem? A direita que conspirou contra o governo Lula e que com o auxílio da mídia fez uma espécie de linchamento político da legenda? Não. O PT se aliou ao campo da direita para derrotar os seus aliados históricos da esquerda. E ao fazer tal movimento objetivamente fez uma escolha política.
O mapa político, hoje, da Câmara é o retrato dessa escolha petista. A base do governo Lula tem dois blocos: um maior e outro menor. O maior é constituído pelo PT, PMDB, PR, PTB, PP e outras legendas. No caso do PMDB, leia-se a parte que sustentou o governo neoliberal de FHC e fez oposição sistemática ao governo Lula. É um bloco político disforme cujo alto teor de conservadorismo nele contido neutraliza o conteúdo de esquerda do PT, de tal sorte, que talvez não seja exagerado denominá-lo de ''centro-direita''; e o outro formado pelo PSB, PCdoB, PDT, legendas que pelo passado e pelo presente de cada uma delas, resguardadas suas singularidades, têm sustentado as bandeiras da esquerda brasileira. Esse bloco de esquerda tem comunicação fluente com a parte do PMDB que apoiou o primeiro governo Lula e que tem compromisso com o projeto nacional de desenvolvimento.
Essa configuração poderá ou não sofrer modificações com dois acontecimentos que irão acontecer logo, logo: a composição ministerial do segundo governo Lula e o Congresso do PT que se realizará na metade desse ano. Ver-se-á na composição do governo em que grau e em que medida será resgatada a comprida réstia de ''promissórias'' da campanha de Chinaglia e as ressonâncias disso no dito ''blocão''. O resultado do conclave petista irá revelar a correlação de forças entre as tendências e a feição que assumirá o PT daqui por diante.
A interpretação correta desse novo mapa político, na esfera da base governista, não aponta para rupturas, mas um realinhamento de forças é real e concreto. Na há ruptura por conta dos projetos estratégicos da esquerda e também pelos compromissos comuns já assumidos referentes ao segundo governo Lula, a governos estaduais e municipais e, também, em setores do movimento social.
Não há rompimento político, mas seria tentar tapar o sol com a peneira, se não for sublinhado que houve abalos e distanciamentos por responsabilidade da escolha petista. No caso concreto do PCdoB, conforme declarações de seu presidente, Renato Rabelo, o PT continua sendo aliado, mas a relação política dos comunistas com o PT se dará sob nova forma e conteúdo na qual está descartada a aliança automática. É verdade que esse vínculo dos comunistas com o PT sempre foi regido pela ''unidade e pela luta'', no essencial, sempre foi preservada a independência do PCdoB. Mas, o que se anuncia é uma atualização da tática dos comunistas que indica a necessidade de uma conduta política ''mais afirmativa e ousada'' que marque com mais nitidez aos olhos do povo e das forças políticas a independência do partido e o valor de seu programa imediato e estratégico.
Não há mais espaço para se analisar, aqui e agora, os efeitos do confronto da Câmara no campo da oposição. Por, ora apenas uma palavra. O fato de o PSDB, por intermédio do governador José Serra, ter assegurado a vitória do petista Arlindo Chinaglia, no segundo turno, é um desses ''fenômenos'' que merece mais análise, algo como ''estudo de caso''. Mas de qualquer modo explicita que as duas derrotas consecutivas do bloco neoliberal nas eleições presidenciais o debilitaram mais do que se imagina. Estão divididos e os tucanos, não importa os cálculos ou os ganhos secundários, foram reduzidos nesse episódio ao papel de linha auxiliar da legenda que satanizaram.
Fonte: Portal Vermelho - PCdoB - 07.02.07 - wwww.vermelho.org.br
Comentários
Um abraço
Carlos Almeida
Cascavél/Pr