Homenagem a Vó Beli (19.01.1884/31.01.1988)

 



“104 Anos de Lutas e Labutas”

 

No século XIX, em 19 de janeiro de 1884, nasceu Belizária Amélia da Silva Leão, no Distrito da Paz da Velha de Monte Alto, Estado da Bahia. A freguesia de Nossa Senhora Mãe de Deus e dos Homens de Monte Alto, pela Lei Provincial Nº 124, de maio de 1840, foi elevada à categoria de vila com o topônimo de Monte Alto. Em 19 de maio de 1840 ganhou independência política-administrativa ao ser desmembrada das terras de Macaúbas. Sua povoação urbana teve início no século XVIII (1730), sob a influência do Alferes português Francisco Pereira de Barros, o legendário Pereirinha, que por força de sua religiosidade mandou construir uma capela em louvor a Nossa Senhora Mãe de Deus e dos Homens, inaugurada em 26 de julho de 1743.




 Vó Beli, como era carinhosamente chamadas pelos familiares e amigos, era filha do Capitão Aprígio Candido da Silva Leão e de Ermertina Amélia da Silva Leão, naturais de Monte Alto.



                                          O primeiro casamento de Vó Beli foi realizado no dia 23 de junho 

                                                     de 1897 na Vila de Monte Alto.

 

Naquela época os casamentos eram escolhidos pelos pais. Os noivos se casavam e juravam respeito, abnegação, compreensão e fidelidade até que a morte os separasse. O primeiro casamento de Vó Beli foi realizado no dia 23 de junho de 1897 na Vila de Monte Alto, na casa de seus pais, na presença do cidadão Alfredo Pereira de Castro, Juiz de Paz, tendo como testemunhas o Major Antônio Luiz de Figueiredo, Candido Pereira Alves e o Tenente Bernardino José de Castro. O pretendente foi Antonio Zacharias dos Santos, comerciante, com 23 anos de idade, filho do Capitão Joaquim Ferreira dos Santos Oliveira e Dona Maria Rita dos Santos. Na época Vó Beli tinha 13 anos, mas como só poderia casar com 14 anos, os seus pais aumentaram a sua idade com o objetivo de garantir o casamento. Do primeiro casamento, Vó Beli teve apenas um filho que veio a falecer com 8 meses de vida. Seis anos depois ocorreu o óbito de seu esposo.

 





Vó Beli ficou viúva até 18 anos sendo que em 1908 casou-se novamente com Adalgísio de Castro Lélis, passando a se chamar Belizária Leão Lélis. Desta prole nasceram os filhos: Alice Marieta Lélis Rocha, Marieta Elita Lélis Barbosa, Carmelita Angelita Lélis Muniz, Elita, Angelita Joanita, Joanita Angelita Lélis, Wilson Edson de Lélis, Edson Wilson Lelis e Carmita Aurora Lelis Costa. Joanita Angelita Lélis casou-se em 1940 e veio a falecer em 03 de agosto de 1941 na cidade de Monte Alto.

 


Adalgísio de Castro Lélis era comerciante e funcionário público tendo sido nomeado para o cargo de Official de Registro Geral de Hypthecas, Títulos e Documento da Comarca de Monte Alto, em 05 de setembro de 1916.

 

Nossos avós moraram em várias cidades da região (Monte Alto, Lagoa da Espera, Gameleira (Pindaí), Mucambo (Candiba), Iuiú e Guanambi). Em Guanambi moraram na Praça Getúlio Vargas (1910) e na rua da antiga cadeia pública, que fica próxima a atual casa paroquial. A explicação de Vó Beli para tantas mudanças era fruto do período de violência que predominava naquela época com os movimentos dos revoltosos (Coluna Prestes) e o cangaço (Lampião).

 

Em 1934, Adalgísio adoeceu e foi levado de cadeira de balanço do Iuiú até Carinhanha a pé para fazer tratamento médico. No dia 30 de março de 1934 faleceu Adalgísio de Castro Lélis com 48 anos de idade, sendo enterrado em Carinhanha. O nosso avô era um exímio jogador de baralho e gostava de uma farra, herança que passou de geração a geração, prevalecendo até os dias atuais em nossa família.

 

Em 1954, quando do nascimento de Marinho Lélis, Vô Beli passou a morar com Carmita na Lagoa da Espera (Mutãns). Ao longo dos seus 104 anos, Vó Beli recebeu o apreço e o carinho de todos os seus familiares e amigos. Seu exemplo de vida jamais será esquecido Adorava fazer crochê, na velhice não deu nenhum trabalho, muito pelo contrário, era um exemplo de vida sadia, forte, alegre e contagiante. Contava as suas histórias. Ela leitora assídua de jornais e revistas. Estava por dentro de todos os fatos da atualidade. O almanaque do pensamento era sua leitura predileta. As suas roupas antigas e o seu chale eram elegância pura. Alimentava-se todos os dias com feijão com toucinho, pimenta e hortelã. Estava sempre bela e forte. A cada ano de vida era uma grande comemoração familiar. As festas dos seus 80 e 90 anos ficaram na história. A comemoração do seu centenário de vida ficou marcada em nossos corações e mentes.

 


Em 31 de janeiro de 1988, no seu quarto, acompanhada de familiares e de seu inseparável oratório com o Menino de Jesus, Vó Beli faleceu. Foi-se calma e serenamente aos 104 anos. A cidade cobriu-se de luto. Desapareceu Beli, mas permaneceu os seus ensinamentos e as suas belas ações, que permanecem até os dias atuais e que nunca serão esquecidos. Transmitir para as novas gerações a sua religiosidade, o amor e a união de nossos familiares, tornando sublime tudo quanto edificou. Vó Beli viverá eternamente em nossos corações.

“Perder alguém que se ama, é ver uma vida se distanciar das nossas retinas e sentir a eternidade se alojar dentro da gente”.

Inaiá Costa Simões

















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