O PT está vivo e ainda lá – por Éden Valadares
É natural a proliferação de análises distintas acerca de um resultado eleitoral. Sobretudo em um país continental como o nosso, com a enorme oferta de partidos políticos que tem o Brasil e ainda mais quando estamos tratando das eleições municipais – onde a disputa ocorre em mais de 5.500 cidades. Tem gráfico, mapa interativo e discurso para tudo quanto é gosto. E não apenas dos políticos ou dirigentes partidários, mas muitas vezes dos jornalistas, editores e articulistas que cobrem a conjuntura política nacional.
O que não é natural é o repetido prognóstico – que já se inicia durante as análises de pesquisas de intenção de voto e ganham ares de verdade inconteste tão logo a primeira urna é apurada – de que a Esquerda e mais especificamente o Partido dos Trabalhadores perdeu. Desde há muito é assim, senão de sempre. O PT foi derrotado, perdeu, saiu enfraquecido, o PT vai acabar.
Não vai. Lamento decepcionar os torcedores dessa tese, mas o PT não vai acabar, não vai sumir, não vai deixar de existir nem na forma de partido organizado, nem como agente transformador e influenciador das relações de classe no país, nem tampouco vai morrer enquanto ideia, utopia, sonho. Enquanto houver dois Brasis, um formado por pouquíssimos que tudo tem e de tudo usufrui; e um outro com a enorme maioria do povo que vê negados seus direitos básicos, seu acesso a serviços essenciais, que sente capturada sua dignidade, cidadania e oportunidades de desenvolvimento; acreditem, sempre haverá o PT.
Um Partido dos Trabalhadores que elege o maior número de prefeitos e vereadores? Não, pois não mudará seu foco na conquista do governo federal, na reeleição do presidente Lula e no fortalecimento da sua base de apoio. Um PT que consegue rapidamente se atualizar e migrar das formas de luta das décadas de 1980 e 1990 para um uso eficaz das redes sociais e das novas ferramentas de comunicação na velocidade que o “novo normal” nos desafia? Talvez não. Um PT que consegue digerir o recado do companheiro Mano Brown e imediatamente se reconectar com a favela, as comunidades, os pobres e uma imensa e novíssima massa de trabalhadores forjada em tempos de precarização e sonho do empreendedorismo? Mais lentamente do que eu gostaria.
Mas ele vai seguir por aí, por ali, acolá. Resiliente, resistente e na luta. Não conseguindo achar as respostas no tempo que a maioria de nós gostaríamos, é verdade. Mas sem nunca desistir do seu propósito de dialogar, representar e dirigir a classe trabalhadora no caminho da sua emancipação e contra todas as formas de opressão, exclusão e preconceito.
O ano de 2024 foi muito importante para o PT. Essas foram eleições de recuperação da presença e do tamanho do PT nos municípios. O pior já passou. Demos a volta por cima e estamos nos reerguendo. Voltamos a crescer no número de prefeitos e vereadores.
Na Bahia, onde no passado governamos 92 cidades e caímos para apenas 32, acabamos de eleger 50 prefeitas e prefeitos – com destaque para a história e importantíssima vitória do companheiro Caetano em Camaçari. As vitórias de Lula e de Jerônimo em 2022 foram fundamentais para essa recuperação, bem como o apoio do presidente e do nosso governo nas disputas deste último pleito.
Resistimos, voltamos a crescer e seguiremos. O PT está vivo e ainda lá! E 2026 é logo ali…
Éden Valadares é presidente do PT Bahia
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