AVALIAÇÃO DAS POTENCIALIDADES GEOTURÍSTICAS DA SERRA GERAL, BAHIA, BRASIL



Revista Nordestina de Ecoturismo, Aquidabã, v.5, n.2, Mai, Jun, Jul, Ago, Set, Out 2012. 

ISSN 1983‐8344 

SEÇÃO: Ecologia de Paisagem 

DOI: 10.6008/ESS1983‐8344.2012.002.0003 

Ravane Neves Reis Universidade Estadual de Santa Cruz, Brasil http://lattes.cnpq.br/9193753398155600 ravane@uol.com.br   

Silvia Kimo Costa Universidade Estadual de Santa Cruz, Brasil http://lattes.cnpq.br/9149115967689036 skcosta@hotmail.com   

Neylor Alves Calasans Rego Universidade Estadual de Santa Cruz, Brasil http://lattes.cnpq.br/7708934111715000 neylor@uesc.br   

Milton Ferreira da Silva Junior Universidade Estadual de Santa Cruz, Brasil http://lattes.cnpq.br/7535411446526168 notlimf@gmail.com 

Recebido: 10/05/2012 

Aprovado: 30/09/2012 
Avaliado anonimamente em processo de pares cegas. 

Referenciar assim: REIS, R. N.; COSTA, S. K.; REGO, N. A. C.; SILVA JUNIOR, M. F.. 
Avaliação das potencialidades geoturísticas da Serra Geral, Bahia, Brasil. Revista Nordestina de Ecoturismo, Aquidabã, v.5, n.2, p.28‐45, 2012



RESUMO 

O trabalho apresenta uma investigação científica acerca da caracterização das potencialidades geoturísticas da Serra Geral (BA), que compreende um prolongamento do sistema orográfico da Serra do Espinhaço, localizada no Estado da Bahia, totalizando uma área de 32.354,6 km2, e é conhecida por sua riqueza em recursos naturais e culturais. A pesquisa utilizou a integração de duas metodologias: o Método IAPI (Indicadores de Atratividade de Pontos Interpretativos), desenvolvido por Magro e Frexêdas (1998), para avaliar a atratividade em pontos interpretativos de trilhas nos municípios de Guanambi, Palmas de Monte Alto e Sebastião de Laranjeiras; e o método do Quadro desenvolvido por Takahashi e Carvalho (2000), adaptado por Manosso (2007), para complementar a análise referente à potencialidade geoturística, econômica, aspectos críticos e fundamentar a elaboração de propostas para o desenvolvimento da atividade na região. Como resultados é possível concluir que: existe elevada potencialidade geoturística na região estudada; é importante a implantação de políticas públicas que visem à preservação, valorização e divulgação do patrimônio geológico, natural, histórico e cultural existente na localidade e é viável promover a atividade geoturística como fonte de captação de renda para os municípios estudados. 

PALAVRAS-CHAVE: Método IAPI; Serra Geral; Patrimônio Geológico. 

EVALUATION OF THE POTENTIAL GEOTOURIST OF THE SERRA GERAL, BAHIA, BRAZIL 

ABSTRACT 

The work presents a scientific investigation concerning the geotourism potentialities evaluation of the Serra Geral (BA), a prolongation of the mountain system of the Espinhaço, located in the State of Bahia, totaling an area of 32.354,6 km2, and it is known by its wealth in natural and cultural resources. The research used the integration of two methodologies: the IAPI Method (Interpretative Points Attractiveness Indicators), developed by Magro e Frexêdas (1998) to evaluate the attractiveness in interpretative points of trails in the municipal districts of Guanambi, Palmas de Monte Alto and Sebastião Laranjeiras; and the method of the “Quadro” developed by Takahashi and Carvalho (2000), adapted by Manosso (2007), to complement the analysis regarding the geoturistic potentiality, economy, critical aspects and to base the elaboration of proposals for the development of the activity in the area. It was possible to conclude that: exists high geoturistic potentiality in the studied area; it is important the implantation of public politics that seek the preservation, valorization and popularization of the geological, natural, historical and cultural existent patrimony in the region and that is viable to promote the geotouristic activity as a source of income for the studied municipal districts. 

KEYWORDS: IAPI Method; Serra Geral; Geological Patrimony 

INTRODUÇÃO 

De acordo com Manosso (2007), o Geoturismo é o segmento que se encontra em ascensão em vários lugares do mundo, na maioria das vezes associado ao turismo ecológico, rural e cultural e preza pela apreciação turística de paisagens, levando em conta seu conteúdo geológico, histórico, natural, social e econômico, tratando essas diferenças como recursos turísticos. 

Hose (1995) define o termo como sendo a provisão de serviços e facilidades interpretativas que permitam aos turistas adquirirem conhecimento e entendimento da geologia e geomorfologia de um sítio (incluindo sua contribuição para o desenvolvimento das ciências da Terra), além de mera apreciação estética. Em 2000, o autor revisou o conceito e concluiu que seria mais adequado utilizar o termo para designar a provisão de facilidades interpretativas e serviços para promover o valor e os benefícios sociais de lugares e materiais geológicos e geomorfológicos e assegurar sua conservação, para uso de estudantes, turistas e outras pessoas com interesse recreativo ou de lazer. 

O geoturismo e a geoconservação são áreas relativamente novas dentro do estudo das geociências. Em 1992 foi criado, na Europa, o ProGEO – Associação Européia para Conservação do Patrimônio Geológico, cujo objetivo geral foi incentivar a conservação do patrimônio geológico e a proteção de sítios e paisagens de interesse geológico na Europa. A UNESCO criou o Programa Geoparques, tendo como proposta valorizar os atrativos turísticos, enfatizando os aspectos geológicos. 

No Brasil existe o Geoparque de Araripe (CE), uma iniciativa do Governo Estadual coordenado pela Universidade Regional do Cariri – URCA, sendo composto por 9 (nove) Geotopos de extrema relevância geológica e paleontológica distribuídos na região do Cariri. Em 2006, o Geoparque de Araripe foi aceito e reconhecido pela UNESCO como membro efetivo da rede mundial de Geoparques, por possuir os mais completos e representativos estratos geológicos e de formações fossilíferas do mundo, importantes para a compreensão do passado geológico e da vida na terra. 

Segundo Lascuraín (2001), as atividades geoturísticas possuem a capacidade de dinamizar economias estagnadas nas áreas de entorno dos atrativos, assim como propiciar a conservação das áreas por iniciativa própria das comunidades locais, uma vez que estas poderão gerar renda, a partir dos recursos naturais (geológicos) servindo como atrativo turístico. 

Dessa forma, considerando que a Serra Geral, compreende um prolongamento do sistema orográfico da Serra do Espinhaço, totalizando uma área de 32.354,6 km2 e rica em recursos naturais e culturais, tornou-se oportuno a investigação científica, através da utilização de metodologias qualiquantitativas, visando à caracterização das potencialidades geoturísticas da região. 

A proposta deste estudo objetivou realizar uma análise da potencialidade geoturística em alguns municípios da Serra Geral, haja vista a riqueza de atrativos naturais e culturais existentes nestes ambientes, que poderão contribuir significativamente para o desenvolvimento de forma sustentável, utilizando os conceitos de geoturismo como viés para ampliar as possibilidades de entendimento acerca da atividade turística como alternativa para o crescimento socioeconômico e cultural na região. Frente às experiências relacionadas ao potencial geoturístico nas diferentes regiões do país, chama-se atenção para o caso da Serra Geral, onde o desenvolvimento do estudo proposto foi inédito e poderá vir a servir como subsídio para o desenvolvimento sustentável da região. 

MATERIAL E MÉTODOS 

Área de Estudo 

A presente pesquisa envolveu a análise, quanto à potencialidade geoturística, nos seguintes municípios: Guanambi, Palmas de Monte Alto, Iuiu e Sebastião Laranjeiras, que estão inseridos no Território de Identidade Sertão Produtivo (Figura 01). 



O Território de Identidade Sertão Produtivo é formado por dezenove municípios: Caetité (município sede), Guanambi, Palmas de Monte Alto, Iuiú, Candiba, Pindaí, Urandi, Sebastião Laranjeiras, Ibiassucê, Caculé, Rio do Antonio, Malhada de Pedras, Brumado, Tanhaçu, Ituaçu, Contendas do Sincorá, Dom Basílio, Livramento de Nossa Senhora e Lagoa Real. 

De acordo com Paim et al. (2010), este Território de Identidade enquadra-se entre as coordenadas geográficas 40º52’/43º40’ de Longitude Oeste e 13º40’/15º00’ de Latitude Sul, limitando-se ao norte com a região da Chapada Diamantina, ao leste com a região Sudoeste, ao sul com a região da Serra Geral e com o estado de Minas Gerais e a oeste com a região do Médio São Francisco. Encontra-se dentro da Serra Geral que é composta por rochas vulcânicas básicas (basaltos) e intermediárias (riodacitos) apresentando intercalações de arenitos finos. 

Amostragem 

Método IAPI (Indicadores de Atratividade de Pontos Interpretativos) desenvolvido por Magro e Frexêdas (1998). No presente estudo este método foi utilizado para avaliar a atratividade em pontos interpretativos de trilhas nos municípios de Guanambi, Palmas de Monte Alto e Sebastião de Laranjeiras. Propõe-se o preenchimento da Tabela 01. 





Para o preenchimento da Tabela IAPI a intensidade do elemento em questão encontrado na trilha foi transformada em número, onde x equivale ao número um e indica presença; xx equivale ao número dois e indica grande quantidade; xxx equivale ao número três indicando predominância de elemento na trilha. A intensidade anotada é multiplicada pelo seu respectivo peso. A soma destes valores permite chegar à pontuação final dos elementos atrativos na trilha, possibilitando uma análise quantitativa. 

A atribuição dos valores numéricos para os indicadores objetiva facilitar a contagem de pontos para cada local analisado, e, ao final, fornece os valores de atratividades nos sítios. O Quadro 03 mostra os pesos utilizados no presente estudo. 



Conforme sugerido por Frank (2007), a classificação dos locais seguiu os valores apresentados no quadro 04. 



Análise de Dados 

Método do Quadro, desenvolvido por Takahashi e Carvalho (2000), adaptado por Manosso (2007). No presente estudo este método foi utilizado para complementar a análise referente à potencialidade geoturística, econômica, aspectos críticos e fundamentar a elaboração de propostas para os municípios de Guanambi, Palmas de Monte Alto, Iuiu e Sebastião Laranjeiras. Foi acrescentada a coluna Nível de Atratividade com as informações obtidas através da Tabela IAPI. O quadro 04 demonstra o quadro metodológico utilizado. 



Os recursos Naturais e Culturais da Serra Geral foram mapeados através de visitas ao campo com o auxílio de guias locais para localização (GPS) e identificação dos recursos (fotografias), assim como levantamento do estado de conservação dos mesmos. 

Foram elaboradas listagens com os atrativos existentes nos municípios envolvidos, através de um levantamento dos recursos naturais, visíveis a partir dos pontos pré-selecionados na trilha para a escolha de alguns indicadores de atratividade. A atratividade do sítio relaciona-se de modo geral, com fatores naturais como variedade de vegetação, proximidade de corpos d’água, relevo, áreas históricas ou arqueológicas, entre outros. 

Para elaboração da ficha de campo, buscou-se relacionar todos os indicadores a serem avaliados relacionando a ausência ou presença destes elementos em cada um dos pontos, considerando os mais representativos. 

DISCUSSÃO 

As rotas dos potenciais turísticos da Serra Geral: municípios de Guanambi, Palmas de Monte Alto e Sebastião de Laranjeiras. A partir da identificação e caracterização dos insumos existentes e através da utilização do software ARCVIEW, foram elaborados mapas com os pontos de coletas das trilhas, possibilitando traçar as rotas para visitação dos ambientes, apresentando possibilidades de uso, bem como fornecendo informações sobre o acesso a estes locais (Figura 02). 



No município de Guanambi a rota de potencial turístico (Figura 03) tem como um dos atrativos a barragem do Poço do Magro; a Pedra do Índio, e nas proximidades destes dois pontos se encontra a fazenda que abriga o Túmulo de Leocádia e o Lajedo com moldes de um caixão denominado Caldeirão da Caiçara. Nesta mesma região também é possível vislumbrar a rocha que possui o nome de Pedra do Cogumelo dada a sua semelhança. 



A rota que passa pela Serra de Mutans (Figura 04) constitui um importante monumento esculpido pela natureza, com grandes paredões rochosos desgastados pela erosão. É o habitat de diversas espécies, mantendo rica biodiversidade de animais e vegetais. 



Já a rota de potencial turístico que engloba o Patrimônio Arqueológico da Serra de Palmas de Monte Alto (Figura 05) é composta pela Casa de Pedras - uma estrutura erguida com grandes blocos de pedra, algumas pesando cerca de 500kg, nos moldes de 4 cômodos geminados, sem comunicação interior. Hipoteticamente, o observatório astronômico da Serra de Monte Alto é típico de civilizações andinas. Os "Currais de Pedra" podem estar associados ao alinhamento de menires e as inscrições rupestres, presentes nas paredes de grutas e abrigos rochosos. 



A rota de potencial turístico que passa pela Fazenda Três irmãos (Figura 06) tem como atrativo um casarão antigo que já funcionou como hotel-fazenda. Em frente ao casarão existem duas lagoas formadas sobre os lajedos, e uma paisagem constituída por três grandes pedras que formam um mosaico geológico. E a rota de potencial turístico de Sebastião Laranjeiras (Figura 07) é composta por uma das mais importantes nascentes da região, denominada Poço Encantado, que possui grande profundidade. 






Aplicação do método IAPI (Indicadores de Atratividade de Pontos Interpretativos) e do Método do Quadro. 

Município de Guanambi. 

A Tabela 02 apresenta os resultados obtidos pelo Método IAPI para a rota de potencial turístico de Guanambi.  



Como pode ser observado, a trilha que obteve maior destaque foi a Serra de Mutans (atratividade alta) seguido do Lajedo Leocádia (atratividade média) e Pedra do Índio (atratividade média). Quanto ao Método do Quadro, a rota de potencial turístico do município, apresenta a viabilidade e potencial geoturístico apresentados no Quadro 06. 



Nível de acesso e de infraestrutura: constatou-se que o acesso pode ser feito por veículos automotivos, motocicletas, bicicletas ou por tração animal. Da barragem para se chegar à Pedra do Índio e ao Lajedo Leocádia, o trajeto pode ser feito à pé ou pelos meios supracitados. Pelo fato de ser estrada de chão, normalmente gasta-se em média 15 minutos de carro da barragem até o lagedo e mais 10 minutos do lagedo até a pedra do índio, sendo equidistantes cerca de 10 km. 

O acesso a Serra de Mutans por automóvel só é possível através da cidade de Palmas de Monte Alto, utilizando-se veículos com tração nas quatro rodas. O acesso do distrito de Mutans a Serra é feita pela antiga estrada de Sebastião Laranjeiras, que é apenas uma trilha na montanha. Trilha esta que apresenta um alto grau de dificuldade, pois o terreno é bastante íngreme, irregular e pedregoso. Da base ao topo da serra, se gasta uma hora e meia, sendo que esta trilha só pode ser feita a pé, onde, após duas horas de caminhada, têm-se o acesso às nascentes, corredeiras e cachoeiras. 

No interior da Serra não há infraestrutura. Já no distrito de Mutans, que fica bem próximo ao pé da Serra, existem estabelecimentos que abastecem aos moradores e visitantes, como supermercados, bares, lanchonetes, restaurantes, farmácias, táxis e micro ônibus que perfazem o trajeto Mutans-Guanambi diariamente. 

Nível de Atratividade (IAPI): a atratividade média da Rota Guanambi quando considerada as três trilhas (Serra de Mutans, Lajeado Leocádia e Pedra do Índio) foi de 50,7 (alta). Quando todas as trilhas são consideradas, a média de atratividade foi de 40,7 (média). Por possuir a maior área territorial da região e concentrar um grande potencial de recursos naturais e culturais, podese constatar, através dos Indicadores de Atratividade em Pontos Interpretativos, que o município apresenta ótimas condições para o turismo receptivo dado as possibilidades de infraestrutura e por suas riquezas naturais apropriadas ao lazer, e cultural por abrigar um conjunto de patrimônios históricos materiais e imateriais. 

Potencialidade Geoturística: para avaliação do potencial geoturístico foi feito o levantamento dos principais atrativos turísticos que possibilitaram reunir aspectos naturais, físicos, biológicos e geológicos. 

Potencial Econômico: foram identificadas algumas possibilidades de implementação de benfeitorias capazes de otimizar as condições de uso e tráfico, além de fortalecer a economia a partir do aproveitamento da demanda, uma vez que estes ambientes passem a ser amplamente divulgados e visitados por turistas e anfitriões. 

Aspectos Críticos: quanto ao acesso às trilhas: deficiência de sinalização, a falta de informação dos próprios moradores sobre o potencial turístico do município; a falta de guias que possam acompanhar e orientar os visitantes principalmente em locais de difícil acesso como na Serra de Mutans, fato que restringe a visitação; ausência de coletores de lixo nas proximidades dos atrativos, bem como, na região central; carência de incentivos a projetos que efetivem a educação ambiental e promova a conservação na Serra Geral. Existe também a carência relativa a informações sobre os atrativos. 

Propostas: treinamento e capacitação de guias turísticos com conhecimento de todos os atrativos da região. Desenvolvimento de projetos de educação ambiental nas escolas, buscando elevar a conscientização a respeito da necessidade da conservação do patrimônio natural e cultural; melhoramento da infraestrutura e das condições de acesso para visitação na área. Necessidade de sinalização das trilhas e a instalação de placas de informações sobre os atrativos além de prover o mínimo de segurança aos visitantes. 

Município de Palmas de Monte Alto. 

A Tabela 03 apresenta os resultados obtidos pelo Método IAPI para a rota de potencial turístico de Palmas de Monte Alto. 



Como podem ser observadas, as trilhas que obtiveram destaque foram a Fazenda Três Irmãos, a Cachoeira Mandiroba e a Brucunu (atratividade alta). Em Palmas de Monte Alto, a Serra reúne, em sua totalidade, recursos naturais como cachoeiras, vegetação, fauna e flora, responsáveis pela biodiversidade do local, e os recursos culturais determinados pela Casa e Curral de Pedras, os Menires e, principalmente, a Arte Rupestre, que representam um valioso Sítio Arqueológico ainda preservado. 

Quanto ao Método do Quadro, a rota de potencial turístico do município, apresenta a seguinte viabilidade e potencial geoturístico (Quadro 07):


Nível de acesso e Infraestrutura: partindo do centro da cidade de Palmas de Monte Alto até o topo da Serra, o percurso é feito por carro com tração nas quatro rodas, pois o trajeto possui um terreno íngreme, às vezes, pedregoso e/ou arenoso. É recomendável a presença de um guia que conheça o trajeto, devido à complexidade para o acesso e a presença de territórios particulares. O ponto mais elevado da Serra atinge 1.315 metros, com vegetação predominantemente de caatinga e cerrado. Apresenta fauna e flora diversificadas, com abundância de vegetais exóticos. 

No topo da Serra não foi encontrada infraestrutura de sinalização, acomodação, alimentar ou qualquer tipo de informação que possa auxiliar o visitante na área. A dificuldade mais relevante foi a escalada das rochas onde se encontram as pinturas rupestres, sendo necessário preparo físico e cautela, além do auxilio de um guia. 

Nível de Atratividade (IAPI): a atratividade média da Rota quando considerada as 3 trilhas (Fazenda Três Irmãos, Cachoeira Mandiroba e Brucunu) foi de 53,3 pontos (alta). Quando todas as trilhas são consideradas, a média de atratividade fica em torno de 40,1 (média). A Serra de Palmas de Monte Alto é um dos mais importantes patrimônios que compõe a Serra Geral, e destaca-se pela riqueza de seus atrativos, colocando-a numa classificação ótima de acordo com os Indicadores de Atratividade em Pontos Interpretativos. O conjunto dos seus atrativos geoturísticos possibilita a criação de uma Unidade de Conservação na Serra Geral, pois o patrimônio requer cuidados de geoconservação, por se tratar de elementos de grandeza histórica, cultural e natural, importantes para a manutenção da geobiodiversidade na Serra. 

Potencialidade Geoturística: os atrativos formam um sítio cuja importância se dá, principalmente, com relação às inscrições rupestres distribuídas em diversos pontos, representando cenas de caça, luta, dança, de maneira aparentemente estática, com representações antropomórficas, zoomórficas, geométricas simples ou complexas. Foram encontradas inscrições rupestres nas localidades de Riacho Comprido, Abrigo de Sambaíba, Fazenda Andes, Breti Coqueiro, Loca dos Tapuios, Fazenda Bela Vista e Espinho. 

Os painéis com pinturas podem ser inseridos na “Tradição Arqueológica Nordeste”, caracterizada principalmente pelo grande número de cenas explícitas de caça, atividade econômica, sexo e dança. Normalmente, com tamanhos até 15 cm, sendo a maioria antropomorfos, intercalando-se com zoomorfos e geométricos, quase sempre em tons de vermelho. A coloração amarelada apareceu quando se pretendeu realçar detalhes, tais como bicos, penas e contornos, sendo detectados em alguns sítios. 

Os signos geométricos podem ser simples ou compostos. Na Serra, tais signos sobressaíram-se nos painéis em sequencia de pontos e interseções de retas. Em outros pontos foram encontradas forte presença de figuras zoomórficas e antropomórficas, comuns na Tradição Nordeste. 

O Alinhamento de Pedras está localizado no Riacho das Pontas, sendo caracterizados por uma série de menires dispostos equidistantes (cerca de 2 metros), em fila retilínea, formando ângulos com outras séries de menires, com altura que varia de 20 cm a 1,5 m do solo. A Casa de Pedras é uma estrutura erguida com grandes blocos de pedras, alguns pesando, aproximadamente, 500 kg. A construção apresenta quatro cômodos próximos e sem comunicação interna, aparentando possuir apenas uma porta frontal para o acesso ao seu interior. Os Currais de Pedra são estruturas de muros que formam retângulos dando ideia de uma representação cosmológica e simbólica. 

Existem inúmeras cachoeiras no interior da Serra, sendo as principais as Cachoeiras Brucunu e Mandiroba. Há ainda a Fazenda Três Irmãos, que se constitui um importante patrimônio natural em Palmas de Monte Alto, onde foram encontrados fósseis pré-históricos no local, atualmente expostos no Museu de Palmas de Monte Alto. 

Potencial Econômico: a Serra de Palmas de Monte constitui-se o atrativo de maior relevância para o desenvolvimento do turismo na região pelas condições que a própria estrutura natural e cultural encontrada no ambiente da serra propicia. Os elementos de maior expressividade são a casa e o curral de pedras juntamente com os menires, as pinturas rupestres, as cachoeiras, os fósseis, a diversidade de fauna e flora, que no conjunto, se constituem indicadores de atratividade ou recursos geoturísticos. Estes recursos, ainda intocados ou muitas vezes desconhecidos, podem proporcionar uma alternativa como fonte de renda para a população montealtense, bastando para isso, que seja feita uma divulgação consciente aliada à fiscalização ou monitoramento, a fim de se evitar a degradação deste patrimônio de valor inestimável. Salienta-se a possibilidade de geração de recursos para o fortalecimento da economia local referentes à criação de alternativas como estruturas de hospedagem, alimentação, transporte, saúde, artesanato entre outros. 

Aspectos Críticos: desconhecimento da grande maioria da população do rico patrimônio existente e a ausência de um grupo organizado do povoado voltado para a busca de alternativas como meio de gerar renda a partir dos seus recursos naturais e culturais. 

Propostas: buscar recursos visando fomentar o turismo na Serra, possibilitando a geração de novos postos de trabalho como, por exemplo, contratação de guias, melhoramento da infraestrutura nos meios de hospedagem, alimentação e transporte; sensibilizar a população local quanto à necessidade de conservação na Serra, com vistas à proteção da geobiodiversidade; contribuir, de maneira irrestrita, para que projetos voltados à criação da Unidade de Conservação na Serra Geral sejam efetivados. 

Município de Sebastião de Laranjeiras. 

A Tabela 04 apresenta os resultados obtidos pelo Método IAPI para a rota de potencial turístico de Sebastião de Laranjeiras.


Em Sebastião de Laranjeiras a avaliação de indicadores em pontos interpretativos apontou o Parque Aquático como de alta atratividade. Quanto ao Método do Quadro, a rota de potencial turístico do município, apresenta a seguinte viabilidade e potencial geoturístico (Quadro 08):


Acesso e Infraestrutura: Para chegar ao parque, partindo do centro da cidade, o trajeto é feito em cerca de 5 minutos por veículo ou 10 minutos a pé em estrada asfaltada. Na entrada, possui uma escadaria que desce até o local das piscinas. Ao lado das piscinas existe um bar com estrutura de mesinhas e cadeiras. O local é muito arborizado e com espaço para que as famílias realizem suas atividades de lazer. 

Nível de Atratividade (IAPI): Devido ao grande número de nascentes e sua importância para a manutenção da biodiversidade encontrada na Serra Geral, na localidade de Sebastião de Laranjeiras foi verificado que o Nível de Atratividade em Pontos Interpretativos é considerado bom. Para os visitantes o principal atrativo turístico é o Parque Aquático, também conhecido como Lajedo. 

Potencialidade Geoturística: O potencial geoturístico em Sebastião de Laranjeiras está relacionado às nascentes, pois são abrigadas por imensas rochas que formam paredões, possibilitando a formação de piscinas naturais durante todo o percurso do alto da Serra até o Lajedo. 

Potencial Econômico: O Parque Aquático do Boqueirão já possui estrutura e pode ser considerado potencial recurso turístico, mas algumas melhorias são recomendáveis, como por exemplo, a sinalização e placas de orientação ambiental com informações sobre o descarte do lixo produzido no local; inserção de coletores para os recicláveis e orgânicos; barraquinhas ou carrinhos que sirvam lanches rápidos. A segurança do local também deve ser implantada, já que o parque é um lugar público, sem controle de entrada e saída de pessoas, e presença de menores desacompanhados. A cobrança de taxa de utilização também pode ajudar no controle e na manutenção do funcionamento do parque. 

Aspectos Críticos: Uma das dificuldades presentes na cidade de Sebastião de Laranjeiras relaciona-se ao fator limitante encontrado em desenvolver outras atividades com apelo econômico, além da agricultura e pecuária. Devido a sua localização fora da rota das principais rodovias da região, fica limitada quanto ao trânsito de pessoas interessadas em desenvolver atividades comerciais, sendo suas vias de acesso aproveitadas apenas para escoamento da produção, que também é em baixa escala. Em função da sazonalidade do período chuvoso na região, a atividade turística fica comprometida como uma alternativa ao desenvolvimento socioeconômico. 

Propostas: Propiciar o melhor aproveitamento na área em que se encontra o Parque Aquático, como estratégia para atrair novos turistas; criar novas alternativas de forma a diminuir a influência da sazonalidade das chuvas e com isso, manter um número expressivo de visitantes durante todo o ano; Sensibilizar a população quanto à necessidade de explorar novas fontes de renda na região, como o artesanato, aproveitando o fluxo de visitantes na cidade. 

Potencialidades Geoturísticas da Serra Geral 

Em termos de atratividade (Figura 08) apesar da rota de Sebastião de Laranjeiras ter obtido a maior média, destaca-se a rota de Palmas de Monte Alto pela média obtida, o número de trilhas disponíveis e a diversidade das mesmas, combinando aspectos arqueológicos, históricos e locais destinados ao lazer.


Na rota de Guanambi destaca-se a Serra de Mutans que obteve a maior pontuação geral em termos de atratividade devido principalmente a rica beleza cênica e paisagística. 

Considerando-se a potencialidade geoturística, as rotas de Guanambi e Palmas de Monte Alto se destacam por apresentarem trilhas que têm o patrimônio geológico como principal atrativo (Pedra do Índio, Pedra do Cogumelo, Lajedo Leocádia, Casa das Pedras, Currais de Pedra, Fazenda Três Irmãos). 

Apesar da existência de potencialidade geoturística nas rotas analisadas, a infraestrutura disponível é deficiente (com exceção da rota de Sebastião Laranjeiras) sendo que somente as rotas de Guanambi e Palmas de Monte Alto apresentaram alto potencial econômico. 

Através da identificação de rotas, visitas a campo e análise de mapas foi possível a identificação e caracterização dos recursos naturais existentes nos municípios de Guanambi, Palmas de Monte Alto e Sebastião de Laranjeiras localizados na Serra Geral e aptos a realização de atividades geoturísicas. 

A integração do Método IAPI e Método do Quadro possibilitou a avaliação das atratividades identificadas em cada local assim como a viabilidade e potencialidade geoturística das rotas turísticas analisadas. 

Em termos metodológicos pode-se concluir que o Método IAPI é uma ferramenta importante e bastante útil para avaliação da atratividade em pontos interpretativos, permitindo a avaliação de diversos aspectos e a comparação entre locais. Ressalta-se a importância da escolha dos indicadores a serem utilizados e dos pesos a serem atribuídos aos mesmos de forma a contemplar os objetivos da avaliação. Para tanto, técnicas de avaliação multicritério podem ser utilizadas de forma a melhor entender o sistema e selecionar os indicadores. 

O Método do Quadro, utilizando o nível de atratividade obtido pelo Método IAPI mostrou ser um importante recurso no que refere à análise da potencialidade geoturística, identificação de pontos positivos e negativos além de possibilitar a elaboração de propostas.

CONCLUSÕES 

Existem atrativos que permitem a prática do geoturísmo nos quatro municípios estudados. A rota de Palmas de Monte Alto destaca-se pela atratividade média obtida, o número de trilhas disponíveis e sua diversidade, combinando aspectos arqueológicos, históricos e locais destinados ao lazer. Há elevada potencialidade geoturística nas rotas de Guanambi e Palmas de Monte Alto por apresentarem trilhas que têm no patrimônio geológico seu principal atrativo; 

É importante a implantação de políticas públicas que visem à preservação, valorização e divulgação do patrimônio geológico, natural, histórico e cultural existente na região através de ações como: implantação de programas de educação ambiental visando conscientizar a população sobre a existência e necessidade de conservação dos locais; melhoria da infraestrutura existente; capacitação de guias; instalação de placas explicativas e sinalização; segurança e suporte ao desenvolvimento de atividades comerciais como, por exemplo, o artesanato e restaurantes. É viável promover a atividade geoturística como fonte de captação de renda para o município. 

REFERÊNCIAS 

FRANK, B. A.. Elaboração de um mapa turístico georreferenciado da “Trilha das Três Rampas” e do Balneário Municipal de Rosana-SP. Monografia (Bacharelado em Turismo) – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, 2007. 

HOSE, T. A.. European geotourism: geological interpretation and geoconservation promotion for tourists. Sociedad Geologica de Espana/Instituto geoMinero de Espana/ProGEO, p.127-146, 1995. 

LASCURÁIN, C. H.. O ecoturismo como um fenômeno mundial. In: LINDBERG, K.; HAWKINS, E. D.. Ecoturismo: um guia para planejamento e gestão. São Paulo: SENAC, 2001. 

MAGRO, T. C., FREIXÊDAS, V. M.. Trilhas: como facilitar a seleção de pontos interpretativos. Circular Técnica IPEF, n.186, 1998. 

MANOSSO, F. C.. Geoturismo: uma proposta teórico-metodológica a partir de um estudo de caso no município de Apucarana-PR. Caderno Virtual de Turismo, v.7, n.2, p.47-56, 2007. 

PAIM, S.; CARVALHO, T.; GERVÁSIO, T.. Plano territorial de desenvolvimento regional sustentável: território sertão produtivo. Brasília: MDA, 2010.

TAKAHASHI, L. Y., CARVALHO, L. F.. Plano de gestão da Área de Proteção Ambiental (APA) do Arquipélago de Fernando de Noronha. Relatório Final. Brasília, 2000.



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