Propondo quatro anos, Marina avança
Blog Por Escrito
Data: 24/08/2014
12:13:47
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Quando muitos tentam queimá-la como radical, incompetente e com prazo de validade tão durável quanto a comoção em que se forjou sua candidatura, eis que Marina Silva dá a partida na campanha com um compromisso que inevitavelmente a fortalece: a disposição de só governar por quatro anos.
Com essa posição, realça o fato de que a personalização do poder é um elemento destrutivo da democracia, com tendência a gerar ditadores ou, quando nada, tiranetes como os que costumamos ter em nossas províncias estaduais, municipais e, quiçá, neste grande feudo federal de 8,5 milhões de km².
Dessa tentação não escapou o erudito acadêmico Fernando Henrique Cardoso, que, a despeito de ter dado inestimável contribuição ao país com a estabilização da moeda, por outro lado causou-lhe um grande mal institucional ao criar a reeleição.
Desde 1998, a atividade política mudou seu perfil no Brasil como resultado dessa excrescência. Prefeitos, governadores e – por que não? – presidentes passaram a nortear seus mandatos na perspectiva de renová-los, a qualquer custo, ao fim dos primeiros quatro anos.
Marina quis, no passado, alcançar a presidência da República com uma proposta de qualificação da política pela prática de novos métodos. Não conseguiu, embora houvesse obtido consagradora votação.
Voltou a buscar esse objetivo, mas um nebuloso processo de certificação impediu que ela fundasse o partido pelo qual concorreria. Ao aderir ao projeto de Eduardo Campos, deu clara demonstração de desapego pessoal, dispôs-se a ser uma escada para que outro galgasse o poder.
A fatalidade colocou Marina, inesperadamente, diante do caminho que traçara para sua vida pública. Ela entrou na disputa em condições exponencialmente melhores que as de antes e faz agora um movimento duplamente sábio, pois a renúncia a quatro anos de poder fascina tanto eleitores como os que querem a presidência em 2018.
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