PC do B reclama da relação, mas segue fiel ao PT
Comunistas criticam alianças regionais feitas pelos petistas, mas devem apoiar a candidatura de Dilma no ano que vem
Atendendo a pedidos de Dilma Roussef, Aldo Rebelo abriu mão da candidatura ao governo do estado de São Paulo para permanecer no Ministério do Esporte. PC do B reclama da falta de apoiio a seus candidatos (Valter Campanato/ABr)
Único dos partidos mais à esquerda a ser manter fiel ao PT desde a primeira eleição presidencial democrática, em 1989, o PC do B reclama do tratamento que tem recebido do parceiro de mais de duas décadas. O partido está inseguro em relação ao comportamento do PT na próxima eleição, pois o governo federal dá sinais dúbios sobre as alianças em alguns estados. Os comunistas, no entanto, devem continuar apoiando a candidatura de Dilma Roussef durante o pleito do ano que vem.
Nos últimos tempos, os desentendimentos entre os dois partidos têm aumentado. No Maranhão, o comunista Flávio Dino tem possibilidades concretas de se eleger governador se tiver o apoio do PT contra o clã Sarney, o que ainda não está garantido. No Acre, a deputada Perpétua Almeida, a mais votada nas duas últimas eleições, não conseguirá, de novo, o apoio dos petistas para disputar uma cadeira ao Senado. No Rio de Janeiro, cansado de esperar por um aceno do PT, os comunistas decidiram lançar a deputada Jandira Feghali ao governo.
Em São Paulo o partido lançaria o ministro Aldo Rebelo (Esporte) a governador, contra o tucano Geraldo Alckmin, o petista Alexandre Padilha e o peemedebista Paulo Skaf, entre outros. Mas a presidente Dilma Rousseff pediu a Rebelo que fique no ministério para tocar o Esporte na Copa do Mundo e a candidatura durou só cinco dias. Se Dilma se reeleger, Rebelo deverá ser mantido pelo menos até a Olimpíada de 2016.
Relacionamento conturbado — Apesar das queixas, o PC do B apoiará a reeleição da presidente Dilma Rousseff, por não enxergar no horizonte nada melhor. O partido realizará o seu 13.º Congresso Nacional nos dias 14, 15 e 16 do mês que vem. É certo que vai ratificará o apoio à chapa a ser comandada por Dilma, que já programou aparecer por lá, assim como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De todos os partidos que têm acompanhado o PT, o PC do B é de longe o mais fiel. Junto com o PSB apoiou a candidatura de Lula em 1989, assim como em 1994 e 1998, todas derrotadas, e as vitórias de 2002 e 2006 e 2010. O PSB saiu da chapa em 2002, quando lançou o candidato Anthony Garotinho, e em 2006. Em 2010 voltou a compor com o PT. Agora, rompeu definitivamente e deverá lançar o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, candidato à Presidência da República.
Mágoas — O descontentamento do PC do B em relação ao PT vem desde a formação do governo de Dilma, em 2011. O partido, que tinha o Ministério do Esporte, algumas secretarias do Ministério da Cultura, a Embracine e a direção da Agência Nacional do Petróleo (ANP), perdeu cargos. Ficou com só com o Esporte e a Embratur.
Na eleição municipal do ano passado os problemas continuaram. Os petistas se recusaram a apoiar a candidatura da deputada Manuela D'Ávila à Prefeitura de Porto Alegre, por exemplo. Desde então, os comunistas se referem aos problemas que têm com o PT como de "relacionamento hegemônico".
Caso Maranhão — Para a eleição do ano que vem, o PC do B exige que o PT apoie a candidatura de Flávio Dino ao governo do Maranhão. Acontece, porém, que os petistas teriam de romper a aliança que mantêm com a família Sarney no estado.
Há cerca de uma semana houve um ensaio nesse sentido. O assunto foi debatido nos bastidores do Palácio do Planalto e aliados da presidente confirmaram que o PT apoiaria o PC do B contra a oligarquia Sarney.
O ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), que em 2002 foi um dos primeiros a aderir à candidatura de Lula, mesmo sem autorização do PMDB, reagiu. O Palácio do Planalto foi obrigado, então, a divulgar nota para desmentir o apoio a Dino, e o presidente do PT, Rui Falcão, declarou que nenhuma decisão havia sido tomada. O PC do B continua esperando pela ajuda.
Peso petista — Mesmo insatisfeito, os números mostram que o PC do B cresceu ao se aliar ao PT. Em 2001, o partido tinha 33.948 militantes filiados; em 2005, 69.638; e em 2009, data da última contagem e do último congresso, 102.332. Em 1999 elegeu sete deputados federais; em 2003, na primeira eleição de Lula, 12, aumentando para 13 na reeleição e para 15 na eleição de Dilma. Em 2006 o partido elegeu seu primeiro senador: Inácio Arruda (CE). Em 2010, a segunda: Vanessa Grazziotin (AM).
(Com Estadão Conteúdo)
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