ENTREVISTA DE ZÉ DIRCEU


Imagem: Blog Desabafo País

Dirceu: ''Estamos caminhando para a ditadura da mídia no país''

O ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) disse hoje que está ''perplexo'' com a possibilidade de o STF (Supremo Tribunal Federal) ter se sentido acuado pela mídia ao decidir se aceitava as denúncias contra os 40 acusados de envolvimento com supostas ilegalidades o chamado ''esquema do mensalão''.''No mínimo, o julgamento está sob suspeição. Como acusado, preciso medir as palavras. Mas estou perplexo, estupefato e quase em pânico. Isso é impensável em qualquer país'', disse o ex-ministro em uma entrevista coletiva concedida nesta quinta-feira (30). Dirceu disse que teme pelo seu futuro e que teme a influência da imprensa sobre as decisões do Judiciário. ''Estamos caminhando para a ditadura da mídia no país.''

O ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, deputado federal pelo PT de São Paulo cassado em 2005, concedeu, nesta quinta-feira (30), uma entrevista coletiva na capital paulista para se defender da acusação de que teria sido o grande comandante do `Mensalão', caso que abalou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva há dois anos.

Dirceu voltou a classificar como "injusta" a aceitação da denúncia contra ele pelo STF e afirmou que o mensalão nunca existiu. "Não encontro nenhum indício, nenhuma prova das acusações", afirmou. "Leio e releio os votos dos ministros do STF, mas não encontro nenhum indício, nenhuma prova das acusações que foram feitas", disse Dirceu. "Estou com a consciência tranqüila, pois sou inocente. E isso ficará provado no julgamento do mérito." O ex-ministro ainda deixou claro que o `Mensalão' nunca existiu: "não está provado que houve mensalão", afirmou Dirceu,

Para ele, os membros da Suprema Corte aceitaram a denúncia contra ele e mais 39 pessoas acusadas de participar do escândalo devido a uma forte pressão exercida pela mídia brasileira. "No mínimo, este julgamento está sob suspeição", declarou.

Dirceu ainda criticou a interferência do jornal `O Globo' no julgamento, já que durante uma das sessões no Supremo, quando os advogados dos suspeitos ainda apresentavam suas versões sobre o caso, um fotógrafo do veículo de comunicação flagrou uma troca de e-mails entre os ministros Ricardo Lewandowski e Carmen Lúcia, em que eles discutiam méritos do julgamento. "Foi uma interferência brutal", protestou.

Dirceu manifestou, também, "perplexidade" com o fato do ministro do STF Lewandowski ter confidenciado a pressão da opinião pública pela abertura dos processos. "No mínimo, o julgamento está sob suspeição e disse temer pelo resultado final do seu processo junto à Corte no futuro. Como acusado, preciso medir as palavras". "Quem me dá garantia que vou ser julgado, daqui a dois anos, seguindo apenas a Constituição?", perguntou Dirceu a jornalistas

A suspeição, segundo Dirceu, se deve à reportagem publicada pela Folha de S.Paulo nesta quinta-feira. De acordo com o jornal, em uma conversa telefônica testemunhada por uma jornalista, o ministro do STF Ricardo Lewandoski afirmou que o Supremo votou com a "faca no pescoço", acuado pela imprensa.

Dirceu afirmou estar "quase em pânico" com a suposta influência da imprensa sobre as decisões da Justiça. "Estamos caminhando para a ditadura da mídia no país." Para o ex-ministro "o Supremo precisa se pronunciar" sobre o peso da opinião pública e da imprensa nos votos do julgamento.

No entanto, Dirceu disse que não pretende tomar nenhuma medida judicial para anular a decisão do STF. Ele espera que o próprio tribunal avalie a relevância das declarações de Lewandowski.

O ex-ministro disse ainda que desistiu de fazer um campanha para pedir a anistia da cassação do seu mandato de deputado federal, ocorrida no final de 2005 em função da crise.

Aparentando tranquilidade, Dirceu disse, ao lado apenas de seu advogado José Luis Oliveira Lima, que "em respeito ao Poder Judiciário, tenho que esperar a decisão."

Dirceu declarou, também, que não volta à direção do PT. "Eu já cumpri com minha obrigação com partido. O PT tem outros quadros. Vou participar do encontro [o Congresso Nacional do partido acontece entre sexta-feira e domingo] como militante", destacou ele.

O ex-ministro afirmou que a decisão do Supremo Tribunal Federal não atinge o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nem o PT. Segundo Dirceu, "nem o presidente nem o governo estão sendo julgados". Para ele, o PT "já pagou um preço por tudo isso".

Fonte: www.vermelho.org.br

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