BAHIA NOTÍCIAS: Limpeza de rio contaminado em tragédia de Brumadinho pode levar até 741 anos

 

                                                                                                     Foto: Lucas Hallel/Ascom-Funai

Por Artur Búrigo | Folhapress

Hélia Baeça, 59, trata o rio Paraopeba, que fica a cerca de 50 metros de sua propriedade, não apenas como fonte de renda e alimentação, mas como parte de sua vida.
 

A rotina dela, que vive na comunidade de Vista Alegre, em Esmeraldas, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte, mudou drasticamente há seis anos. Foi quando uma barragem da mineradora Vale se rompeu em Brumadinho, a cerca de 60 quilômetros de casa.


O episódio em 25 de janeiro de 2019 resultou na morte de 270 pessoas e na contaminação da água do rio Paraopeba, que está imprópria para uso até hoje.
 

"É uma sensação de tirar o que é da gente, sabe? Uma sensação muito ruim, de perda da nossa liberdade de viver, da nossa área produtiva, do lazer, da pesca", diz Hélia.


O acordo celebrado em fevereiro de 2021 entre Vale, governo de Minas Gerais e instituições de Justiça prevê que cabe à mineradora a limpeza total do rio Paraopeba, sem limite de custeio.
 

Um estudo do Núcleo de Assessoria às Comunidades Atingidas por Barragens (Nacab) projetou cenários de prazo para que essa limpeza seja concluída.
 

No cálculo mais otimista, seriam necessários 44 anos de dragagem para a retirada total dos resíduos. Já o mais pessimista coloca esse prazo em 741 anos.


A discrepância, segundo os autores do estudo, está relacionada a dois parâmetros. Um é sobre a quantidade de rejeitos que estavam na barragem 1 da mina Córrego do Feijão e chegaram ao rio.
 

A Vale defende que esse volume é de 1,59 milhão de metros cúbicos (m³), enquanto pesquisadores afirmam em artigos publicados no International Journal of Sediment Research que o total foi de 2,8 milhões de m³.


Outra indefinição é sobre a quantidade de rejeito que é retirado pelas dragas a cada metro cúbico de sedimento. Logo após o desastre, explicam os especialistas, essa proporção chegou a ser de 90% de rejeitos para 10% de sedimentos. Hoje, com o assentamento dos rejeitos, essa relação diminuiu consideravelmente.
 

"Entre 2019 e 2020 as dragas removiam mais de 2 mil m³ de sedimentos, e a maior parte era rejeito. Ao passar dos anos esses valores caíram bastante, para 100, 50, 30 m³ de rejeitos por dia", afirma Hugo Salis, engenheiro florestal e um dos autores do estudo.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Trecho do Livro do Padre João Baptista Zecchin: O Ipê e o Amigo

Lideranças políticas, ambientais, comunitárias e institucionais aderem ao movimento pela criação da 14ª zona de turismo da Bahia

INFORMATIVO METEOROLÓGICO N°8/2024: Confira a previsão do tempo entre os dias 4 e 20 de março de 2024