Fiol, a obra que vai redesenhar a economia baiana. Vasco Neto vive
A TARDE - Levi Vasconcelos
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Diz João Leão, vice-governador e secretário do Desenvolvimento Econômico, que em meio a tantas tristes notícias paridas pela pandemia de Covid, enfim vem uma digna de louvores, leilão da Fiol, conforme o previsto, arrematado pela Bamin, a Bahia Mineração, que só espera a conclusão da obra para extrair ferro da mina em Caetité.
A alegria é compreensível. A Fiol é uma grande aposta para o redesenho do mapa econômico da Bahia. Mais de 50 geólogos da Companhia Bahiana de Pesquisas Minerais (CBPM) estão pesquisando 100 quilômetros de cada banda da ferrovia e os primeiros sinais são muito positivos para ferro, níquel e também ouro. Ou seja, estimula a garimpagem de dinheiro no meio do nada.
A ideia é que a Fiol transporte, para embarcar no Porto Sul, em Ilhéus, que a própria Bamin já está construindo, algo em torno de 60 milhões de toneladas por ano. 18 milhões a própria Bamin, com a mina de Caetité, garante. O resto, virá do agronegócio do oeste baiano com a extensão até Luís Eduardo Magalhães e das novas descobertas.
Rumo a Iquitos
Mas como filho bonito tem muitos pais, bom lembrar: o DNA da Fiol tem fortes laços com o engenheiro Vasco Azevedo Neto, ou Vasco Neto, mineiro de Guaxupé que se formou na Escola Politécnica da UFBa de onde se tornou professor emérito, cinco vezes deputado federal entre 1971 e 1989, quando lutou para realizar um sonho, a ligação entre os oceanos Atlântico e Pacífico, na ponta de cá, em Campinho, na Península de Maraú, onde até hoje existe a base do que seria o porto, e Iquitos, no Peru.
A conexão seria por ferrovias, rodovias e hidrovias. E chegou a andar um bom pedaço. Além do porto, ainda hoje a BR-030, entre Ubaitaba e a Península de Maraú, pouco mais de 80 quilômetros está lá cheia de buracos sem nunca ter visto asfalto na vida. Vasco morreu em 2010 aos 94 anos com uma mágoa:
— Os EUA não tinham nenhum interesse, muito pelo contrário. A conexão Atlântico-Pacífico faria uma conexão direta entre o Brasil e os tigres asiáticos.
A Fiol começou no fim do segundo governo de Lula, entrou pelo de Dilma, deveria estar pronta em 2014, e acabou atropelada pela Lava Jato. No governo de Temer, parou. Agora, enfim o sonho de Vasco Neto retoma a caminhada.
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