30 anos da Fundação Anísio Teixeira



João Augusto de Lima Rocha

A criação da Fundação Anísio Teixeira, na Bahia, representou o início do esforço de recuperação da obra teórica e prática daquele que é reconhecido como o mais importante educador brasileiro.

Nascido em Caetité-BA, a 12 de julho de 1900, Anísio Teixeira iniciou muito cedo a carreira  na área de educação. Isso ocorreu em abril de 1924, quando, com apenas 23 anos de idade, após ter terminado o curso de direito no Rio de Janeiro, foi encarregado de dirigir a educação baiana, pelo governador Francisco Marques de Góes Calmon.

A longa carreira do educador, iniciada em 1924, vai até 1971, quando, a 11 de março daquele ano, desaparece, no Rio de Janeiro, sendo seu corpo encontrado no fundo do fosso de um elevador, dois dias depois do desaparecimento. Naquele momento ele já se encontrava afastado do serviço público, pois fora aposentado compulsoriamente pela ditadura militar. Quando o regime de exceção o afastou, em abril de 1964, ele dirigia a Capes, o Inep e a UnB, ao mesmo tempo!

 Anísio Teixeira foi um dos intelectuais encarregados da tarefa de organização da Unesco, organismo da ONU encarregado da educação e da cultura, a convite do cientista britânico Julian Huxley, em 1946. Na volta ao Brasil, assumiu o posto de Secretário de Educação e Saúde da Bahia, em 1947, no Governo Otávio Mangabeira. Terminado o mandato na Bahia, foi convidado pelo ministro da educação Ernesto Simões Filho, em 1951, para assessorá-lo no Ministério. Daí em diante, não mais saiu do MEC, e comandou, praticamente, toda a educação pública brasileira, de 1951 a 1964.

 Após sua morte trágica, em 1971, aos poucos foi sendo esquecido, ao ponto de não haver mais uma só de suas obras nas editoras e livrarias brasileiras, no momento em que tivemos a ideia de criar a Fundação Anísio Teixeira, na segunda metade dos anos 1980. De modo que a Fundação, iniciada em 21 de setembro de 1989, e funcionando ininterruptamente, tornou-se a principal responsável pela retomada dos estudos da vida e da obra do singular educador. 

O trabalho de organização da Fundação Anísio Teixeira, na Bahia foi iniciado em 1987, a partir do momento em que fui encarregado pela professora Maria José Palmeira, então à frente do Instituto Anísio Teixeira IAT), do trabalho de levantamento da vida e da obra do educador. O trabalho foi bem sucedido, e isso deu lugar a que Haroldo Lima, sobrinho-neto de Anísio, então  deputado federal, colocasse seu mandato à disposição do projeto, o que levou à instalação da Fundação, em 1989, apoiada por um grande número de personalidades nacionais e estaduais de destaque.

A sessão solene de instalação da Fundação ocorreu na Faculdade de Medicina da Bahia, no Terreiro de Jesus, com a presença do governador do Estado, Nilo Augusto Moraes Coelho, sendo a Mesa completada por Florestan Fernandes, Antonio Houaiss, Cristóvão Buarque e Marcos Formiga. 

Sem grande alarde e com parco apoio  público, a Fundação Anísio Teixeira, que teve como marco de sua criação o plantio de um ipê amarelo na Escola Parque da Caixa Dágua,  hoje enorme e viçoso, permitiu a reedição das obras completas do educador, trabalho essencial a cargo da Edufrj, base para a volta dos trabalhos de pesquisa nas universidades e nas práticas escolares em nosso país.

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