Aspectos históricos da formação econômica de Guanambi e a importância da feira livre
Guanambi - 1920/Foto - Arquivo Dário Teixeira. |
O CICLO DO GADO
Google. |
O povoamento do sertão baiano ocorreu no período colonial onde o governo
português enviou expedições oficiais, chamadas de entradas com a finalidade de conhecer o território e explorar suas
riquezas. A pecuária representou importantíssimo papel no contexto da sociedade
e da economia do sertão. O Rio São Francisco ficou conhecido com o Rio dos
Currais. A caatinga nordestina era uma das áreas de criação de gado que
fornecia à população da Colônia não apenas o alimento fundamental representada
pela carne, mas também a força motriz para os engenhos, o couro com suas
múltiplas utilidades e os animais para transporte para as zonas agrícolas e
mineradoras.
A
pecuária do sertão fornecia a carne-seca, favorecida pelo clima quente e a
existência de salinas – época do sal.
A comercialização desse tipo de carne veio a
solucionar o
problema da conservação do produto, vencendo as barreiras das longas distâncias
e dos precários meios de transportes. Entre os subprodutos do boi, destacou-se
o comércio do couro, na chamada época do
couro. Historicamente o território Sertão Produtivo cresceu e se
desenvolveu baseada no ciclo do gado e a agricultura de subsistência, sendo
fatores fundamentais e importantes no processo de formação econômica de
Guanambi e da região, que contribuiu enormemente para o processo de ocupação e
expansão do sertão, conforme mapa.
Localizada
estrategicamente em uma área de entroncamento, a cidade foi uma das rotas do
comércio regional, através dos caixeiros viajantes e dos mascates. O peso
econômico de Guanambi no contexto regional está associado à sua localização
privilegiada como principal entreposto comercial da região da Serra Geral que
teve como fator importante, a decisão política dos gestores da época, de
realizar a feira livre no dia de
segunda-feira, credenciando o município no processo de desenvolvimento do
comércio e ampliando a sua área de influência e de principal cidade pólo da
região.
O
povoamento de Guanambi começou por volta de 1870 (século XIX), nas margens do
Rio Carnaíba de Dentro, com a doação de terras feitas por Joaquim Dias
Guimarães, para a construção de uma capela para o padroeiro da cidade – Santo
Antônio (ANEXO II). A cidade cresceu e expandiu fruto da abnegação de famílias
de desbravadores como os Dias, os Pereira, os Costa, os Guimarães, os Castro
que se espalharam por toda a região. O Gentio (atual Ceraíma) foi um dos
grandes celeiros de produção agrícola da cidade. A exploração agrícola e a
pecuária contribuíram enormemente para o crescimento e o desenvolvimento
econômico do município.
Pela lei
provincial nº 1.779, de 23 de junho de 1880, foi criado o distrito de Paz de
Beija-Flor, pertencente à comarca de Monte Alto. Em 1919, o arraial de
Beija-Flor é elevado à categoria de vila pela Lei Estadual Nº 1.364, que criou
o município de Guanambi, desmembrado de Palmas de Monte Alto. Também foram
criados os distritos de Ceraíma, Mutans, Morrinhos e Mucambo (atual Candiba).
A FEIRA LIVRE
As feiras livres da região eram realizadas nos finais de semana, sendo que
Guanambi tomou uma importante decisão de mudar a data de sua feira para o
primeiro dia útil da semana – segunda-feira, diminuindo a concorrência com as
outras localidades, facilitando o comércio local. As feiras livres brasileiras
são produtos das tradições de origem portuguesa e foram importantes para o
comércio rudimentar e a expansão da fronteira econômica das cidades.
Até
os dias atuais, a feira livre de Guanambi não perdeu a sua importância na
mobilidade e no deslocamento da população de mais de 50 cidades da região. Ela fortaleceu o comércio varejista e
atacadista local e regional, significando uma oportunidade de compra de gêneros
básicos a preços mais baixos, principalmente nos horários próximos ao
encerramento da feira, quando os preços se reduzem substancialmente.
Além
das feiras urbanas das cidades do sertão, são comuns as feiras
rurais, que existem tradicionalmente na região, onde constituem ponto de
encontro de pequenos e médios produtores que comercializavam pequenos criações
e produtos de primeira necessidade.
A feira livre teve uma importância
histórica no desenvolvimento de Guanambi. A administração do Prefeito Joaquim
Fernandes tomou a decisão de transferir a feira para os dias de segundas,
visando vender os produtos mais baratos e atrair a população regional. O
objetivo foi de promover trocas de mercadorias entre as pessoas de diferentes
cidades. A feira livre de Guanambi ganhou força e importância econômica,
aumentando e se diversificando. A população foi crescendo e a feira, então,
passou a ter importância social, promovendo a comunicação e interação da
população de diversas cidades da região.
A feira tradicional teve um papel fundamental no
desenvolvimento das cidades, não somente como um meio de aquisição de produtos,
mas também local de encontro, de confraternização, onde pessoas de uma mesma
comunidade e de comunidades vizinhas se encontram, desempenhando assim um assim
papel importante na interação social e intercâmbio cultural.
A FEIRA DE GUANAMBI NA ATUALIDADE
Hoje, a feira livre de Guanambi movimenta a população local e regional,
atraindo comerciantes e feirantes de diversas cidades. A fartura e o comércio
de mercadorias, no atacado e varejo, garante o abastecimento de verduras,
frutas, carnes, alimentos e de diversos outros produtos.
Comentários