NOS TRILHOS DO DESENVOLVIMENTO
Por/Pedro Carvalho
FERROVIA OESTE-LESTE
VAI DINAMIZAR O ESCOAMENTO DA PRODUÇÃO,
FORTALECENDO AS EXPORTAÇÕES BAIANAS
Para trilhar a estrada do desenvolvimento, é consensual a necessidade de investimentos em infraestrutura. De olho no futuro, este princípio norteia hoje um dos pilares para o crescimento econômico da Bahia, que é dinamizar o escoamento da produção do Estado. O potencial produtivo, que cresce no interior, amplia a necessidade de alternativas logísticas que garantam mais competitividade. Foi com este intuito que surgiu o projeto de implantação da Ferrovia de Integração Oeste-Leste, obras dos governos estadual e federal. O eixo ferroviário formará um corredor de transporte que otimizará a operação do futuro Porto de Ponta da Tulha, em Ilhéus, sobretudo com minérios, biocombustíveis e os grãos produzidos no oeste, sudoeste e sul baianos.
Municípios de maior influência da
Ferrovia Oeste-Leste/Trecho Bahia (1.116 Km)
Barreiras, Correntina, Jaborandi, Luís Eduardo Magalhães, São Disidério,
Bom Jesus da Lapa, Carinhanha, Coribe, Guanambi, Malhada, Palmas de Monte Alto,
Riacho de Santana, Santa Maria da Vitória, Santana, São Félix do Coribe,
Serra do Ramalho, Aracatu, Brumado, Caetité,
Dom Basílio, Ibiassucê, Ituaçu, Lagoa Real, Livramento de Nossa Senhora,
Pindaí, rio do Antônio, Barra da Estiva, Contendas do Sincorá, Iramaia,
Jequié, Manoel Vitorino, Maracás, Mirante, Tanhaçu, Aiquara, Aurelino Leal,
Barra do Rocha, Gongogi, Ibirapitanga, Ilhéus, Ipiaú, Itabuna, Itaceré,
Itagiba, Jitaúna, Ubaitaba, Ubatã e Urucuça. Fonte/Valec
A CONSTRUÇÃO DA OESTE-LESTE FOI DEFINIDA
COMO OBRA PRIORITÁRIA E INCLUÍDA
NO PROGRAMA DE ACELERAÇÃO DO CRESCIMENTO (PAC)
Com uma extensão total de 1.526 km , a Oeste-Leste seguirá até Figueirópolis (TO), onde terá conexão com a Ferrovia Norte-Sul, passando por cidades como Caetité, Brumado, Bom Jesus da Lapa, Luís Eduardo Magalhães, São Desidério e Barreiras, num total de 32 municípios. “Estudos apontam que a sua implantação viabilizará o imenso potencial produtivo do interior baiano, gerando divisas para os municípios por onde vão passar os trilhos da nova estrada, além de milhares de empregos diretos e indiretos.
Os setores mais beneficiados, de mineração e produção de grãos, passarão a contar com uma estrutura de transporte eficiente, mais rápida e de custo mais barato para o transporte das riquezas produzidas na região, tanto para o mercado interno quanto para a exportação”, afirma José Francisco das Neves, diretor-presidente da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias, empresa do governo federal responsável pelo empreendimento.
A implantação da ferrovia resultou de um amplo debate entre os governos estadual e federal, empresários dos segmentos envolvidos e a sociedade civil, inclusive com a realização de audiências públicas em municípios que serão beneficiados. Em 2008, foram iniciados os estudos para a definição de traçado e os de impacto ambiental, e, no ano passado, a Valec realizou a concorrência pública para a contratação de empresa de engenharia para a elaboração de projeto básico de infraestrutura e superestrutura ferroviária e de estudos operacionais. A construção da Oeste-Leste foi definida como obra prioritária e incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). No último dia 26 de março, foi lançado, em Ilhéus, os editais para contratação de empresas que construirão os trechos previstos para a primeira etapa da denominada EF 334, marcando o início da realização das obras. Os investimentos previstos pela Valec são da ordem de R$ 6 bilhões.
“ESTUDOS APONTAM QUE SUA IMPLANTAÇÃO
VIABILIZARÁ O IMENSO POTENCIAL
PRODUTIVO DO INTERIOR BAIANO”
A Ferrovia Oeste-Leste terá dois trechos. O primeiro contará com 1.001 km , sendo que as obras foram divididas em duas fases. A inicial, com 536 km , ligará Ilhéus a Caetité, cuja construção deverá ser concluída em Julho de 2012. A outra, com 465 km , segue de Caetité até Barreiras/São Desidério e deve ser finalizada em julho de 2013. Já o trecho até Tocantins, exatamente no município de Figueirópolis, terá extensão de 524 km e o prazo de conclusão ainda está em estudo pela Valec. Os trechos, depois de concluídos, serão colocados em leilão para concessão. Quem ganhar o direito de exploração, porém, não poderá restringir o equipamento a cargas próprias. A Ferrovia, inclusive, será interconectada a outras vias, o que garantirá o processo de concorrência nos próximos anos.
O Secretário de Política Nacional de Transportes, do Ministério dos Transportes, Marcelo Perrupato, destaca que a Ferrovia Oeste-Leste integra o Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT), instrumento indutor do desenvolvimento socioeconômico do País. O plano prevê investimentos, públicos e privados, da ordem de R$ 291 bilhões até 2023, sendo que as estimativas indicam que 51% dos recursos são direcionados à ferrovia. “Estamos vivendo um momento singular, como há muito tempo não se via”, comemora. Ele lembra que o País tem território para a produção e expansão agrícola e mineral. “A necessidade agora é equalizar o sistema de transporte”, ressalta.
“A ideia da Ferrovia Oeste-Leste é caminhar até o Mato Grosso, exatamente até Lucas do Rio Verde, percorrendo 2.675 km . Mas, no momento, estamos trabalhando o trecho até o entroncamento com a Ferrovia Norte-Sul”, explica Perrupato. Para o Secretário, não é possível pensar em milhões de toneladas de produtos sem pensar em ferrovia. “Os números de produção do interior baiano são expressivos, o que garante uma grande utilidade à ferrovia”, citou.
A meta, segundo ele, é que o País alcance em breve a posição de quinta maior economia do mundo, mas com uma logística funcionando com alta competitividade, para conquistar “mercado além-mar”.
Marcelo Perrupato garante que a velocidade comercial da Oeste-Leste será boa, podendo alcançar até 80 km/h . Os comboios poderão contar com até 100 vagões, totalizando uma capacidade de oito mil toneladas em um só trem. Ele lembra que as ferrovias mais antigas hoje ainda passam por dentro de algumas cidades, o que atrasa o processo de logística. Esta situação está sendo corrigida nas novas vias ferroviárias, inclusive na Oeste-Leste.
ATRAÇÃO DE INVESTIMENTOS
A expectativa é que a Ferrovia Oeste-Leste promova a dinamização das economias locais e de todo o Estado, alcançando novos empreendimentos e, conseqüentemente, gerando mais empregos e elevando a arrecadação fiscal. A perspectiva é que competitividade a ser proporcionada pele ferrovia aos produtos atraia novos investidores e possibilite o aumento da produção de várias atividades. Vai fomentar, por exemplo, o desenvolvimento agrícola do cerrado baiano, cuja previsão de colheita é de 6,7 milhões de toneladas no ano de 2015.
A ferrovia trabalha com a possibilidade de um forte crescimento de demanda nas próximas três décadas.
DE CAETITÉ PARA O MUNDO
A descoberta de uma das maiores jazidas de minério de ferro do País, na região de Caetité, no sudoeste baiano, ratificou a viabilidade de implantação da Ferrovia de Integração Oeste-Leste. Levantamentos da consultoria internacional SRK Consulting, responsável pelo estudo de pré-viabilidade, indicam que a jazida do projeto Pedra de Ferro tem uma reserva estimada em 470,5 milhões de toneladas de minério de ferro, com teor médio de 40% Fe. A mina e a usina de concentração são de propriedade da Bahia Mineração (Bamin).
O vice-presidente da Bamin, Clóvis Torres, destaca que a ferrovia é fundamental para o empreendimento. O minério concentrado, matéria-prima essencial na produção do aço, será exportado a partir do Porto de Ponta da Tulha, em Ilhéus, onde a empresa terá um terminal de embarque privativo. De Caetité até lá, o processo envolverá uma logística com extensão total de 530 km , passando por outros 15 municípios.
A Bahia Mineração é uma empresa-âncora do projeto da ferrovia. Sua produção anual, projetada inicialmente para 18 milhões de toneladas de minério de ferro, será totalmente transportada pelos trilhos da Oeste-Leste. Trata-se de uma empresa nacional, mas com capital pertencente, meio a meio, à Eurasian Natural Resources Corporation (ENRC) e à Zamin Ferrous, do investidor indiano Pramod Agarwal. “Na verdade, é uma empresa baiana, que gera empregos e tributos na Bahia”, afirma Torres, que também é diretor do Centro das Indústrias do Estado da Bahia, presidente do Sindicato das Mineradoras do Estado e coordenador do Conselho para o Desenvolvimento Empresarial Estratégico da Federação das Indústrias do Estado da Bahia.
Clóvis Torres, vice-presidente da Bamin
"A Bahia tem pressa. Estávamos perdendo negócios
para outros estados por questão de infra-estrutura"
A Bamin investirá US$ 1,6 bilhão (R$ 2,7 bilhões) no projeto Pedra de Ferro, que fará da Bahia o terceiro maior produtor de minério de ferro no Brasil. O começo da produção está casado com o início das operações da ferrovia. “Já temos contratos de fornecimento com o Oriente Médio e a China”, informa Torres. A receita anual estimada é de US$ 1,4 bilhão. “Com os royalties, vai elevar em 47 vezes o que se recolhe em Caetité”, afirma o vice-presidente. Para a empresa, o projeto vai dinamizar os negócios, criando um círculo virtuoso para a economia. “A Bahia tem pressa. Estávamos perdendo negócios para outros estados por questão de infraestrutura. A ferrovia e o novo porto de Ilhéus vão mudar esta realidade”, aposta.
PRÓXIMO ARTIGO: OS IMPACTOS DA FERROVIA DE INTEGRAÇÃO OESTE-LESTE
(Ronald Lobato)
Fonte: Bahia Oportunidades - Secretaria de Indústria,
Comércio e Mineração do Governo da Bahia
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