11 de dezembro, Dia do Engenheiro e do Arquiteto
Ubiratan Félix Pereira dos Santos
Este é um momento festivo, mas também de reflexão. Se eu fosse advogado, talvez eu falasse a importância da Justiça e não apenas do cumprimento da lei. Se fosse médico, talvez falasse das dificuldades do médico em conciliar o progresso científico com os limites éticos que garanta o respeito à vida, as crenças e a cultura de cada ser humano. Mas como sou engenheiro, vou falar da importância do Engenheria para o desenvolvimento do Brasil.
O Brasil é o terceiro maior exportador de alimentos do planeta, atrás apenas dos EUA e da União Europeia. Apenas para exemplificar, somos o primeiro exportador de carne bovina, de carne de frango, de café, suco de laranja e açúcar; o segundo maior exportador de soja e milho e um grande exportador de amêndoas de cacau e carne suína. Em outra frente, somos o maior exportador de minérios de ferro e de diversos outros produtos não elaborados.
Infelizmente não somos grandes exportadores de produtos finais e elaborados. O Brasil exporta amêndoas de cacau e consome chocolate suíço, que com agregação da tecnologia (o saber fazer) dos suíços tem valor de mercado 150 vezes maior do que o produto não elaborado exportado pelo Brasil (amêndoa de cacau). Logo, para consumir200 gramas de um bom chocolate suíço, temos de exportar 30 quilos de amêndoas.
Infelizmente não somos grandes exportadores de produtos finais e elaborados. O Brasil exporta amêndoas de cacau e consome chocolate suíço, que com agregação da tecnologia (o saber fazer) dos suíços tem valor de mercado 150 vezes maior do que o produto não elaborado exportado pelo Brasil (amêndoa de cacau). Logo, para consumir
A mesma coisa acontece com o café. O Brasil é o maior produtor e exportador do produto em grãos. Mas os maiores exportadores do produto final, industrializado, são Itália e Alemanha. Os alemães são os maiores compradores do café brasileiro e, após agregar valor, vende o produto na Europa, Ásia e EUA. Quanto mais tecnologia agregada a um produto, maior é o seu preço e mais empregos são gerados na sua fabricação.
Os chineses, europeus, americanos e indianos sabem disso, e por este motivo investem na formação de engenheiros, na pesquisa científica e tecnológica. Eles nos vendem uma placa de computador que pesa 100g por US$ 250 e para importarmos esta mesma plaquinha eletrônica precisamos exportar 20 toneladas de minério de ferro.
Para mudarmos este quadro, precisamos de conhecimento e tecnologia, já que temos abundância de recursos naturais e energia. E quem desenvolve tecnologia somos nós, os engenheiros, nas suas diversas modalidades. É importante compreendermos que os países “donos” do conhecimento científico e tecnológico são os detentores das decisões econômicas, do dinheiro, do poderio militar e das riquezas do mundo.
A Coréia do Sul é um exemplo emblemático. Nos últimos 50 anos o país se se transformou num player da economia mundial. Sua população, de 49 milhões de habitantes, é quatro vezes menor que a do Brasil. Porém, o país forma duas vezes e meia mais engenheiros do que nós. Enquanto formamos um engenheiro para cada 6,3 mil habitantes, os coreanos formam 1 para cada 612,5 habitantes. Os EUA formam o dobro de engenheiros do Brasil. A China forma por ano 400 mil engenheiros, enquanto que a India forma 250 mil. Em termos de investimentos em pesquisa e tecnologia, o Brasil investe 1,11% do PIB (2008). Já os Estados Unidos investem 2,68%.
As Escolas de Engenharia no Brasil, com todas as suas possíveis deficiências, formam engenheiros capazes de desenvolver tecnologias. Infelizmente, o mercado nacional nem sempre aproveita todo esse potencial científico dos nossos engenheiros. O engenheiro brasileiro tem uma grande capacidade de adaptação, criatividade e “improvisação“, no bom sentido da palavra, pois mesmo em face das dificuldades que encontramos em nossas instituições de ensino, no mercado de trabalho e na falta de recursos para desenvolvimento cientifico e tecnológico etc, ainda assim nossos profissionais conseguem ser “Mestres e Doutores“ na superação de obstáculos e dificuldades.
Finalmente, gostaria de parabenizar todos os profissionais de Engenharia pela contribuição que oferecem a nossa sociedade no desenvolvimento técnico, cientifico, social e econômico, pois neste dia importante de reconhecimento da nossa profissão é fundamental reafirmamos o nosso Compromisso com A Engenharia e com o Brasil.
Engenheiro Civil Ubiratan Félix Pereira dos Santos é professor do IFBA e presidente do Sindicato dos Engenheiros da Bahia
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