DESAPROPRIAÇÃO DO IMÓVEL RURAL, ONDE ESTÁ LOCALIZADA A COVA DE LEOCÁDIA

Prefeito em exercício, Charles Fernandes, assinando Decreto de tombamento da Leocádia.


Projeto de Lei de 1963, de autoria do Vereador Lino Teixeira, considerando de utilidade pública para fins de desaprorpiação área do terreno da Cova de Leocádia. O edil Lino Teixeira exerceu 9 mandatos de vereador e por mais de 25 anos não recebia salário.
Um exemplo de dedicação a comunidade e ao povo de Guanambi.






O então vereador Lino Teixeira, apresentou na Câmara de Vereadores de Guanambi, no ano de 1963, Projeto Lei, visando tornar de utilidade pública a área onde está localizada a cova de Leocádia, no total de 1(um) hectare.

Na justificativa do projeto, o vereador teve a orientação do seu pai, Domingos Antonio Teixeira, que narrou à história de Leocádia, que foi posteriormente publicada em 1991, no livro “Respingos Históricos”. O historiador Domingos Antônio Teixeira, escreve sobre a morte de Leocádia. A repercussão do acontecimento, naquela época, originou a visitação de populares na Semana Santa e dia de Finados, ao local onde está a Cova de Leocádia.

O projeto do Vereador Lino Teixeira, do ano de 1963, visava tornar de utilidade pública aquela área, em reconhecimento a devoção popular e importância histórica de Leocádia.

Foi aprovado o projeto no ano de 1963, pela maioria dos vereadores da época. Entretanto, não foi sancionado e nem executado a desapropriação daquela área, pelo Prefeito Municipal. A intenção do prefeito era não desagradar os seus proprietários.

O prefeito atual, Nilo Coelho, reconhecendo a importância histórica da localização onde está à cova de Leocádia, através de decreto fez o tombamento do local, o que possibilitará o reconhecimento da área como de utilidade pública e a sua futura desapropriação.


Trecho do Livro Respingos históricos, de Domingos Antônio Teixeira “Teixeirinha”, sobre a história de Leocádia, página 68 e 69, do ano de 1991.


Certo dia, em 1905 ou 1908, procedente das vizinhanças de Brejinho das Ametistas, a jovem e matuta rapariga Leocádia chegou em Beija-flor. Ora, aquele tempo, quando ali chegava uma personagem dessa classe verificada sua presença no cabaré, célere corria o boato.

Assim que foi, já no dia seguinte, Dona Raquel veio saber da chegada da pobre matuta e, como era ciumenta ao extremo, desde logo passou a odiá-la fidalgamente. Poucos dias depois, não faltou quem lhe falasse que seu marido havia dado um vestido aquela mulher.

Dona Raquel, ciumenta e perversa, era casada com um fazendeiro, uma das principais figuras de Beija-flor na época, cujo nome aqui não citaremos em consideração a membros da família a que pertencia.

Subestimando o prestígio de que gozava o seu marido, ela contratou um “sujeito”, homem de maus instintos para matar Leocádia, certamente assegurando-lhe a impunidade do crime, contando que fosse praticado de acordo com sua ordem.

A pobre vítima, ignorando o tenebroso plano arquitetado por Dona Raquel para o seu assassinato, foi lavar a própria roupa nos pequenos “caldeirões” da “Caiçara’, nas proximidades do Arraial. Ali ela foi fria e barbaramente assassinada, seu cadáver mutilado, atado a blocos de pedra, atirado dentro do “caldeirão”!... Leocádia não foi mais vista em Beija-flor... Teria viajado?...

Alguns dias depois, quando o cadáver entrou em franca decomposição, alguém notou que a água de um dos “caldeirões” estava consideravelmente alterada exalando mau cheiro. Retirada então parte da água, observou-se que no fundo do “caldeirão” jazia o cadáver de uma mulher, amarrado a blocos de pedra, cujo peso impedia o natural flutuamente.

Imediatamente chegou ao Arraial a notícia do macabro achado e logo quase toda a população acorreu ao local, onde o Subdelegado, João Ferreira, procedeu o levantamento do cadáver e sua identidade, ficando constatado que a matuta rapariga fora ali assassinada e o seu cadáver lançado n”água do “caldeirão” e, como se achava em adiantado estado de putrefação, ali mesmo foi sepultado.

Leocádia havia sido a vítima de um monstruoso crime e, então, a solidariedade humana, em nenhum tempo nesta parte do Sertão, se manifestou tão expressiva e tão espontânea, porque a população emocionadamente abalada, pedia a elucidação do crime para a punição do culpado.

Naqueles dias teve início a tradicional visita à cova da “Leocádia”, que ainda hoje se faz ordinariamente nos dias da Sexta-feira da paixão e dos Finados.

Descoberto o crime e iniciadas as investigações, o assassino fugiu, indo homiziar-se na fazenda de Sinézio Bastos, em Parateca. Dona Raquel, cuja participação criminosa, também direta, ficou afinal provada, fugindo ao merecido repúdio da população e à ação morosa da justiça, logo se retirou para o Estado de São Paulo, onde passou o resto de sua vida.


Por José Bonifácio Teixeira

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Governo vai construir 31 sistemas de abastecimento em municípios das microrregiões do Vale do Paramirim e do Algodão