Nome de Victor Bonfim surge na disputa pela presidência na Assembleia

 

A TARDE

Raul Aguilar

  
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A divulgação na imprensa do nome do deputado estadual Vitor Bonfim (PL) como possível candidato à presidência da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) gerou surpresa em muitos parlamentares e mostrou que o jogo em busca do controle da Casa Legislativa da Bahia está tomando novos contornos.

A informação inicial era de que o deputado do PL, que ganhou notoriedade após ser o relator da PEC da Reforma da Previdência na Bahia, teria chancela do bloco de minoria, mesmo sendo da base do governo, fato negado pelo líder da bancada de oposição ao governo Rui Costa (PT), o deputado estadual Sandro Régis (DEM). “A oposição nunca discutiu ou tratou desse assunto internamente”.

Nos bastidores, circulam informações de que o nome do deputado do PL é fruto de uma articulação do atual presidente da Casa, Nelson Leal (PP), sob as bênçãos do vice-governador do Estado, João Leão (PP), como um plano B diante do clima hostil a reeleição do atual mandatário da ALBA via uma articulação para alteração da PEC que veta prorrogação da reeleição da presidência e dos demais cargos da mesa diretora na mesma legislatura.

“Nelson não tem condição de reeleição. Dois ou três deputados do PT que ele acredita que votaria nele, em uma votação de voto aberto, como é o caso da PEC, não vão votar para se indispor com o governador. O Plano B dele é derrotar Adolfo em plenário, com um candidato dele. Vitor é da base do governo e, após se eleger, poderá migrar para o PP. Leão vai para o tudo nada, em uma ação que não deixa de ser uma quebra de acordo”, explicou um parlamentar em off. Ele lembrou acordo costurado pelo governador Rui Costa (PT), Otto Alencar (PSD) e João Leão (PP) para que Nelson Leal (PP) assumisse em 2019 e transmitisse o bastão para Adolfo Menezes (PSD) em 2021.

Articulações

Apontado como um dos padrinhos da candidatura do parlamentar do PL, o deputado estadual Paulo Câmara (PSDB) nega sequer ter tratado do assunto. “Desconheço qualquer tipo articulação por parte da oposição para candidatura de Vitor. Não existe nenhum tipo de acordo e, se algum deputado falou pelo meu nome, vai quebrar a cara”.

O deputado do PSDB criticou as articulações de bastidores em busca de acordos para eleições de 2021 na Casa.

“Acho um desrespeito à Assembleia Legislativa da Bahia tratar de eleição ou reeleição no momento que estamos vivendo, de Covid-19 e eleições municipais. É um desserviço para população baiana tratar desse assunto quando a eleição é em fevereiro. Não me chame para essa conversa que não terá meu apoio. Nunca fui procurado por ninguém e não espero ser”, desabafou Paulo Câmara (PSDB).

Surpresa

Membro da base do governador no Rui Costa (PT) na Casa, o deputado estadual Robinson Almeida (PT) se diz surpreso com ventilação da candidatura de Vitor Bonfim (PL).

“Estou por fora. É aquela história, até a eleição no início de fevereiro, muita água ainda vai rolar. O que eu creio que é difícil é qualquer deputado do PT se candidatar. O PT lidera o Poder Executivo, estar também com o Legislativo seria uma situação de concentração de poder, e isso é improvável. Acredito em uma solução via um candidato da base do governador que seja eleito através de um unidade”, ponderou Almeida.

Um deputado estadual da base do governador da Bahia na ALBA, que preferiu não se identificar, afirmou que o presidente da Casa sabe que “não terá mais reeleição” e lembrou que o “governador foi testemunha de um combinado”.

“Sem o governo e o PT, Nelson não consegue aprovar uma emenda. Agora, há duas teses. Uma delas não se aceita Adolfo [Menezes] e leva para o plenário, aí quem não tem 38 poder ter 32 para fazer maioria, para presidência não ir para o PSD. Existe essa conversa, mas não sei se isso vai prosperar”, opina o parlamentar.

Silêncio é estratégia

O parlamentar avalia que silêncio do cacique do Partido Social Democrático na Bahia, o senador Otto Alencar (PSD), é parte de uma estratégia para “agir na hora certa”. Ele explica em uma eleição para presidente, o interessado precisa conversar com 63 pessoas. O deputado aponta que eleição “não se resolve com opinião”, é no bastidor e, quem “mais fala”, mais “se expõe”, quem “menos fala”, tem mais “condição de organizar essa maioria”. Ele define que Alencar está sendo inteligente nesse sentido, ao entender que não precisa estar agindo na opinião pública.

“Otto vai defender a tese de que foi feito um combinado e cobrar que ele seja mantido. Quem descomprir o combinado, vai indicar que está do lado errado e ele, do lado certo. Serão duas forças contra uma. Se ele vier a perder, ainda assim sairá ganhando, poderá alegar que perdeu como uma vítima que foi traído”, sinalizou o político não quis se identificar.

O A TARDE procurou o deputado Vitor Bonfim (PL) mas ele não retornou aos nossos contatos.

 

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