Morreu o escritor brumadense João Pedro de Vasconcelos



Morreu na noite deste sábado (11 de julho), João Pedro de Vasconcelos, escritor, advogado, bancário aposentado e genealogista brumadense. Internado há mais de um mês no hospital Cardiopulmonar, em Salvador, devido a uma arbovirose, terminou por contrair a COVID-19 e teve seu quadro agravado, levando-o à morte aos 86 anos.

João Pedro nasceu em 7 de dezembro de 1933, em Santa Bárbara dos Casados, depois Distrito de Ubiraçaba, no município de Brumado, localizado no sudoeste da Bahia, a 552 km da capital do estado. Filho de Osório Rizério de Vasconcelos e Isaura de Lima Vasconcelos.

O casal Osório e Isaura trouxe ao mundo doze filhos na seguinte ordem: Osmar (1914-2007), Maria de Lourdes (1916-2014), Celina (1919-1950), Nilton (1922-2014), José Osório (1925-1999), Diná (1927-2019), Hilda, Thereza de Jesus, João Pedro, Ruy, Camila Ruth e Osório Júnior (1937-1947). O casal criou seus filhos no Distrito de Ubiraçaba (em Brumado) e nas sedes dos municípios de Caetité e Brumado.

Seus avós paternos eram originários de Livramento de Nossa Senhora e Rio de Contas (Bahia), na Chapada Diamantina, da união das famílias Vasconcellos Bittencourt com Rizério de Moura, assim como Spínola, Castro Meira, Magalhães e outros. Seus avós maternos também eram da mesma região e resultaram da união dos Lima com os Santos, Cerqueira, Oliveira, Soares de Souza e outros. Os Vasconcelos dessa região descendem de portugueses da Ilha da Graciosa, nos Açores, que migraram para a Bahia e para São Paulo.  

Formação

A primeira escola de João Pedro foi em 1940 na Lagoa do Leite, fazenda hoje pertencente ao município de Malhada de Pedras, desmembrado de Brumado. Com a professora Noemi Borba Prisco, aprendeu a ler, escrever e contar. Seguiu seus primeiros estudos até 1945, na mesma escola municipal de Ubiraçaba, com a professora Gicelda de Castro Ribas .

Em 1946, seguiu para Caetité concluir o curso primário tendo como professoras Susana Batista Neves e Dirce Montenegro Cerqueira. Realizou o curso ginasial em Livramento de Nossa Senhora, retornando para Caetité para realizar o curso Intermediário, o segundo grau.

A poucos meses de completar o curso que lhe daria o diploma de Professor Primário, foi aprovado no concurso para a Carreira Administrativa do Banco do Brasil - BB. O gerente da unidade não lhe deu a opção de concluir o curso – teria que tomar posse imediatamente, o que fez em 7 de março de 1958.

Todavia, em 1964, uma nova administração local do BB permitiu que ele compatibilizasse a atividade bancária com a conclusão do curso. O problema agora era outro – era tempo de regime militar e havia ganho a fama de ser socialista e a direção da escola criou dificuldades para seu reingresso, o que só foi possível graças à intermediação de autoridades locais e do Bispo Católico Dom José Pedro Costa. Desse jeito, pode concluir o segundo grau no Instituto de Educação Anísio Teixeira de Caetité.

No tempo do Banco do Brasil

Fotos com colegas do Banco do Brasil em Caetité (1972);
e homenageando o irmão Nilton Lima de Vasconcelos (2012).
 
Durante décadas exerceu sua atividade de bancário na mais antiga instituição pública do Brasil. No seu livro “Crônicas, Casos, Estórias e Contos Contados” (Crônicas, Casos, Estórias e Contos Contados. Ledriprint edições. São Paulo, 2016, 193 p.), fala do Alto Sertão da Bahia que pode conhecer mais a fundo em atividades do Banco do Brasil, mas nada revela sobre suas atividades na empresas, uma vez que, sempre metódico e fiel ao sigilo funcional, pouco diz sobre o trabalho que lhe deu tantas alegrias e a oportunidade de manter sua família, afinal era “um orgulho pertencer à principal instituição creditícia do país”.

Mas aquela escolha que tivera que para iniciar a carreira no banco, retardando seus estudos, não foi um obstáculo que o impedira de ir ainda mais adiante. E foi o que fez após aposentar-se; prestou vestibular e, aos 72 anos, concluiu o curso de Direito na Faculdade de Ciências Jurídicas da Unime, na Bahia, com o trabalho “Regime Disciplinar Diferenciado: Reflexos da Lei nº 10792/03 no Processo de Execução Penal; 2005; Trabalho de Conclusão de Curso”, resgatando assim o sonho interrompido.

Literatura e Genealogia

Depois que se aposentou do Banco do Brasil, João Pedro passou a escrever crônicas e outras histórias reunidas em livro em 2016 . Dedicou-se também à Genealogia da sua família e outras da região do sudoeste baiano.

Em 2011, divulgou o seu “Anteprojeto de atualização da genealogia da Família Vasconcelos” . Publicou, em 2012, o folheto “Origem da Família Moura na Bahia, regiões Sudoeste e Chapada Diamantina”  e em 2016, divulgou “Origem da Família Vasconcelos, na Bahia (Regiões Sudoeste e Chapada Diamantina) .

Para orientar suas pesquisas documentais, chegou a fazer exame de DNA, quando verificou que sua herança genética provinha principalmente da Europa (79.7%), em especial do Sul (Ibérico 39.6% e Italiano 8.4%), também apresentando 17.4% de DNA Escandinavo e 9,5% de DNA Irlandês, escocês e galês, o que provavelmente revela a movimentação dos povos celtas e outros da Europa ancestral. Descobriu ainda ter 4,8% de material genético atribuído aos asquenazitas e um pouco de origem africana (8,8% do Norte-africano, 3,3% e Nigeriano 3.3%, o que é provavelmente compatível com a migração dos mouros para a península ibérica.

Família

Casado com Dona Marlene Teixeira Matos de Vasconcelos deixou três filhos: a arquiteta Joanita, a assistente social Isaura e o advogado João Pedro Júnior, além de muitos netos. Fiel às suas origens rurais, embora residindo em Salvador, João Pedro dedicou-se nas últimas décadas à sua fazenda no município de Elísio Medrado - Bahia.

Fonte: Fernando Vasconcelos

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