Padre Aldo – Revolucionário, evangelizador da libertação: A voz dos oprimidos.




Andréa dos Santos Pereira

Daiane dos Santos Silva

Gabriela da Silva Cardoso

Jaine Rodrigues das Neves

Marina Gomes dos Santos


Resumo

A partir das observações, pesquisas, depoimentos e entrevistas sobre a trajetória de vida do inesquecível, nostálgico e herói padre Aldo Lucchetta (1941-1998), traremos neste trabalho, a história de vida desde homem de Deus e seu empenho em desenvolver sua utopia de evangelizar em terras estrangeiras. Abordaremos aqui desde o seu nascimento, o surgimento da vontade de se tornar sacerdócio, o contexto político-social em que seus sonhos foram plantados e regados a custos de grandes lutas por onde passou – um período onde a Ditadura Militar reinava, onde os índices de analfabetismo e êxodo rural eram alarmantes. Procuramos expor a sua entrega na questão social para fazer-se a voz dos oprimidos na luta pela evolução e igualdade dos mais carentes, em especial dos pequenos agricultores/ o homem do campo. Ao desenrolar, traremos ainda, informações a respeito de suas obras e projetos, suas inúmeras contribuições a sociedade – Escolas agrícolas, associações, rádio, faculdade e instituições que objetivavam circunstâncias satisfatórias de vida mais dignas e justa, especialmente ao homem do campo. Considerando os incontáveis desafios, humilhações perseguições e lutas enfrentadas pelo nosso “gigante do sertão” como era e é carinhosamente apelidado pelo povo do nordeste em prol do seu querido povo brasileiro, em particular os baianos riachenses. 
Palavras chaves: Padre Aldo Lucchetta, Crítica, conflitos sócio-políticos, evangelho libertador, transformação social. 

INTRODUÇÃO

Considerando as principais transformações na pregação de um evangelho libertador, padre Aldo foi aquele que esteve à frente de seu tempo, viveu para dar voz aos oprimidos. Emergiu-se no combate ao autoritarismo, traçando uma luta para o reconhecimento dos direitos humanos, incentivou inúmeras obras sociais voltada à melhoria de vida do homem do campo. Tornando assim, de imensa relevância conhecer a trajetória de um ser revolucionário, crítico, determinado, empenhado na realização de seus ideais, independentemente de sua época e ou desafios. 
Para tanto, o presente trabalho é resultado de pesquisas bibliográficas, entrevistas e depoimentos orais sobre o ilustre e já saudoso padre Aldo Lucchetta, também conhecido como “cidadão do infinito” e por tantos outros termos e tem como principal objetivo exaltar as contribuições e compromisso do único e já e saudoso padre Aldo para com o povo sofrido do nosso sertão, tanto em seu empenho em levar o evangelho, quanto no empenho de reafirmar uma nova identidade ao povo oprimido, em especial ao homem pobre do campo.
Este, representa ainda, uma oportunidade de conhecer a história de um homem que viveu a frente de seu tempo e que se doou por completo em lutas sociais que travou buscando melhoria e por que não dizer, buscou ser a voz do homem pobre, necessitado do campo ao mesmo tempo evangelizava buscando unificar Fé e Vida.
Tão como oportunidade, para conhecermos e refletirmos sobre os exemplos de vida e humanidade que deixou impregnado na sociedade e na história.
Assim, este trabalho procura elencar o trajeto de vida desse gigante e suas ações no aspecto social, religioso e político, visando contribuir para pesquisas e discussões futuras e principalmente para conservação da memória de padre Aldo Lucchetta. 


NASCIMENTO DO IDEALISTA REVOLUCIONÁRIO-BIOGRAFIA  
O “ser” que futuramente viria a dar origem ao termo “cidadão do infinito”, que se tornaria o grito de socorro entalado dos cidadãos oprimidos, nasceu em 13 de maio de 1941, filho de um casal de agricultores dona Oliva e o senhor Guiseppe, que moravam numa pequena vila ao norte da Itália – batizado semanas após o nascimento, por Aldo Lucchetta.
Anos passaram e Aldo crescia saudável ao lado de seus familiares, apesar do momento ser de guerra mundial, os pais de Aldo sempre tiveram um sonho – educar seus filhos da melhor maneira possível.
Proativo desde de criança, Aldo sempre demonstrou aos pais está pronto e bemdisposto a qualquer atividade que a ele fosse proposta, principalmente, a aquelas que objetivava à atender pessoas e prestar serviços sem visar lucros financeiros, sempre mantinha-se ocupado – quando não estava estudando, ajudava seus pais e irmãos na propriedade, no cultivo das uva e no manejo do gado. 

Estudioso, responsável com as obrigações religiosas, praticante de esportes das mais variadas modalidades, alegre, querido por todos, começa entender sua vocação: torna-se padre. 

O jovem proativo ao mesmo tempo deixa sua mãe feliz por imaginar ter um filho padre – sonho de toda família italiana – a deixa surpresa e insegura sobre sua decisão. Ainda, no Colégio Liceo Propedêutico, continuou firme em sua vontade. E não demorou a surgir a grande decisão: seguir a vocação sacerdotal. 

De partida para realização de um sonho, entrou no seminário de Vittório Vêneto, onde cursou teologia e filosofia, e foi neste momento que abandonou de vez o esporte, principalmente sua vocação pelo futebol e recusou o convite para ser jogador do Inter e se entrega ao desejo de ser servo da obra divina. 

Sabia ele que não seria fácil ficar distante de sua família e ambos esperariam ansiosos pelos dias de visitas. 

É incrível a humanidade que esse ser detinha, o espírito igualitário, o respeito pelo outro, parafraseando: 

“A mãe, que o esperava ansiosa, preparava alguma surpresa, coisa simples, um doce, um pão, uma carne diferente e dizia: “- Aldo venha cá, fiz isso para você.” Ele, humildemente, dizia para a mãe: “- mamãe, não quero ser tratado diferente de meus irmãos só porque estou no seminário. (NOGUEIRA, MAGALHÃES, OLUVEIRA E SILVA.2003,
P.12.)”

Em 29 de junho de 1966 aconteceu a confirmação sacerdotal e a partir deste momento, padre Aldo deixa sua família definitivamente para fazer morada na casa Paroquial e seguir sua missão. Com essa mudança, brotava no jovem padre o sonho de evangelizar em outras terras, para outros povos além dos italianos e enquanto o sonho amadurecia, o recém-ordenado era preparado para seu sonho. 

E não demora e o padre Aldo recebe a tão sonhada e esperada missão de evangelizar em outro país. E logo, padre Carlo Muratori foi encarregado de preparar Padre Aldo para sua missão no Brasil. 


O SONHO DE EVANGELIZAR OUTROS POVOS – BRASIL TERRA FÉRTIL 
  
O que oprime ao pobre insulta aquele que criou, mas o que se compadece do necessitado honra-o. Provérbio 14:31.

Terminando seu treinamento, padre Aldo parte rumo as terras brasileiras, mais especificamente no município de São Mateus no Espirito Santo, deixando um vazio imenso em sua cidade e no seio familiar, porém não se deixou abalar, sabia ele, que seria por um feito maior. Chegou no Rio de Janeiro no dia 15 de dezembro de 1967, viajou até seu destino e sem delongas já inicia suas atividades na Diocese – conhece todo o munícipio em pouco tempo, afim de identificar suas necessidades gritantes. 

Inteligente, inquieto e bem organizado desde pequeno, padre Aldo começou a trabalhar junto as comunidades com o objetivo de organizá-las. Vindo a perceber   que cerca de 30% da população daquele município era analfabeto. Foi quando iniciou a implantação das comunidades eclesiais de base.  

Quando Padre Aldo pisou em terras brasileiras, o Brasil já conhecia a cruel e opressora Ditadura militar – depois do golpe de 1694, os militares haviam tomado o poder, e o estado passou a controlar toda a sociedade brasileira, toda e qualquer manifestação popular em prol de direitos de classes menos favorecidas ou que ia de encontro aos interesses do governo eram reprimidos, os “cabeças”/responsáveis pela organização do(s) movimento(s) eram perseguidos, presos e quando não conseguiam fugir, eram torturados até a morte. 

Imagina o jovem padre idealista com uma evangelização libertadora, neste cenário de opressão?  

Foi neste ambiente de lutas e conflitos que sua força revolucionária e generosa começou a tomar forma, grandes lutas foram travadas em favor dos pequenos agricultores. 

Movido pelo interesse no movimento Educacional e promocional do Espirito Santo iniciado por padres jesuítas, organização dos trabalhadores rurais e o surgimento das Escolas agrícolas, destinada ao atendimento de filhos de pequenos agricultores, padre Aldo vendo que a criação de escolas daquele porte supriria a necessidade educacional daquela cidade, decide então cria-las: Uma em jaguaré e outra no distrito de Nestor Gomes. 

E logo, os feitos de Padre Aldo e a ousadia das Escolas Famílias Agrícolas em seguir a pedagogia do oprimido de Paulo Freire – que objetivava despertar a consciência crítica de seus alunos, chegaram aos ouvidos do estado e começaram as perseguições. Destinado a seguir o que acreditava ser um chamado divino – servir aos pobres, padre Aldo não se intimidou e continuou seu trabalho até que fora acusado de ameaçador da ordem pública. Foram momentos de aflições. Chegaram a cercá-lo, no entanto, ele conseguiu escapar e voltar a Itália, até que tudo acalmasse. Contra sua vontade, seus trabalhos tiveram que ser congelados por um tempo. E não demorou, já estava de volta ao Brasil, agora no sertão baiano. 

Em 1973, ainda com os militares no poder, volta para recomeçar seus trabalhos de evangelização libertadora. Na cidade de Caetité retoma seus projetos, de imediato percebera que seu trabalho exigiria mais de si – estradas inexistentes, limitado acesso aos meios de comunicação, carência social, mas não se deixou intimidar por esses detalhes, apenas fazia uma releitura do ambiente para fazer seu trabalho com aquilo que possuía. 

Durante o período que fez morada em Caetité, padre Aldo coordenou a Pastoral Diocesana, implantou o culto dominical em 750 comunidades. Vale pontuar aqui, a atenção e cuidado que o padre Aldo tinha, ele não só projetava os programas, ele se preocupava com a formação do pessoal responsável para desenvolver seus projetos que visava beneficiar a todos de maneira igualitária. Iniciou seus trabalhos como vigário na Paróquia em Licínio de Almeida, ao mesmo tempo que atuou como membro de comissão Episcopal da pastoral Regional. 

Em 23 de fevereiro de 1975, padre Aldo é nomeado vigário da Paróquia Nossa senhora da Glória na cidade de Riacho de Santana. O município de Riacho de Santana, situado no centro sul, traz impregnado na sua história fragmentos da colonização do século XVIII, crenças e mistérios que desperta atenção de muitos apaixonados pela história da cidade. Com lenta evolução, a cidade cresceu e construiu história. De 1878-1945, viveu um processo político-administrativo centrado no sistema de intendências. Até então, não havia uma participação do povo nas diversas decisões político-administrativas, não havia essa liberdade. Em palavras mais claras, o município onde o poder era centrado em grupos familiar. 

Situação essa que veio mudar com a chegada de Padre Aldo. Ele abalou as estruturas sócio-político da cidade. O jovem chegou em Riacho e imediatamente percebeu a terra fértil que teria para plantar e desenvolver seus projetos. De imediato já se colocou contra a situação de continuísmo político-partidário instalado no município onde nenhuma voz se levantava contra essa organização, sua pregação sempre consistiu: 

“Em garantir o estabelecimento de uma igreja na qual Cristo se identificaria com os mais desfavorecidos e não admitiria os desmandos cometidos pelo poder local. (FAGUNDES, REIS, JÍNIOR) 2003, p. 36.”

Sem precisar aprofundar, já percebe o descaso das autoridades para com a classe desfavorecida, largados a própria sorte, carente de educação, saúde e trabalho e já começa a traçar planos, porque os 30% de analfabetos de São Mateus agora disputava espaço com a situação riachense. 

Iniciou seus trabalhos com a formação de comunidades Eclesiais de base procurando visitar e conhecer todo o munícipio.  

Apesar de colocar contra o grupo político dominante de Riacho de Santana ainda, se mantinha de certa forma “ligado” ao poder do Estado, (FAGUNDES, REIS, JUNIOR. 2003, p.39). Ele sempre foi alguém desligado de bens materiais e nunca possuía dinheiro, sempre viveu de caridade, nunca fez questão de acumular riquezas em seu nome, pelo contrário, sempre deu tudo em prol do bem comum e por ser um incansável lutador com objetivo de beneficiar e valorizar o homem do campo, ele mantinha contatos que o ajudasse na construção de suas obras. Nesse sentido Padre Aldo lutou e apoiou a candidatura de Tito Eugênio, aliança que não floresceu. 

Com seu carisma, facilmente mobilizava a população, tanto numa postura crítica, quanto em multidões para alguma finalidade. Com sua personalidade forte, sempre foi homem de ação, nunca mediu esforços para ajudar os irmãos, e não é dotado de paciência, nem tolerância com injustiças aos semelhantes, não era homem de medir palavras para denunciar injustiças, muito menos para pregar o evangelho de cristo. 

Características que o levou a conquistar admiração, verdadeiros amigos, tanto como inimigos e graves ameaças a sua vida, que apesar das gravidades nunca deixou de ser a voz dos oprimidos, pois, como ele bem dizia, [...] nada era dele, tudo era de Deus e para Deus.  

Assim como iniciou em São Mateus, padre Aldo iniciou seus trabalhos em Riacho organizando os cultos dominicais, reformando a Igreja matriz, ajudando a população em todos os sentidos, entregando Bíblias a sociedade, desenvolveu companhas de construção de fossa, distribuição de filtros, distribuição de alimentos após a enchente de 1992, implantou cruzeiros em várias comunidades. Apesar de impaciente, sempre  costumava reunir com seus membros  para discutir sobre o desenvolvimento  de seus trabalhos – podemos dizer que nessas reuniões  aconteciam uma reflexão da ação e foram  a partir desses encontros que se perceberam a necessidade da criação da primeira escola do modelo Escolas  Famílias Agrícolas, para atender aos filhos de agricultores que ao terminar o quarto ano do ensino fundamental não tinham oportunidades de continuarem os estudos e para torná-los autor de sua própria história. 

Em abril, dois anos após ser nomeado vigário da Igreja Nossa Senhora da Glória, fundou o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Riacho de Santana e preparou toda uma equipe para treinar e adquirir experiências em outros estados. Em outubro do mesmo ano, fundou a Associação Beneficente Promocional Agrícola de Riacho de Santana– ABEPARS.  

Em setembro de 1979, fundou a Associação das Escolas das Comunidades e Famílias Agrícolas da Bahia- AECOFABA, afim de congregar todas as associações mantenedora das Escolas Famílias Agrícolas. Criou a Unidade de saúde São Camilo, com o objetivo de promover a saúde preventiva, buscando e fazendo parcerias com médicos italianos para atender nessa unidade de saúde. 

Em 1980 o Bispo lhe confia mais outras paróquias: Macaúbas, Botuporã, Tanque Novo, vindo posteriormente a criar uma escola do modelo Escolas Famílias Agrícolas em cada uma delas. 

Nessa altura da história todas as categorias já seguiam os ideais de um evangelho libertador de Padre Aldo, e as perseguições intensificaram-se, principalmente porque não fazia assepsia de pessoas, não admitia nenhum tipo de privilégios. Seus trabalhos cresciam. 

Em 06 de Dezembro de 1980, fundou a cooperativa dos produtores de Algodão de Riacho de Santana COOPARSA. No campo da educação criou o clube de mães mantenedora do Educandário e creche Nossa Senhora da Glória. Iniciou a construção do Centro de treinamento de Líderes (CTL), administrou o programa “Formação
Integral” da Diocese. Assumiu as Paróquias de Iuiu e Malhada por um ano, implantou mais escolas no modelo EFA. 

Em 25 de março de 1984, inaugurou a Escola Agrícola 2° grau – Escola Técnica da Família Agrícola da Bahia – ETFAB, para melhorar a vida e as condições para atuarem em seus trabalhos orientando os familiares na produção do campo. 

Não cessaram os conflitos, ameaças e perseguições. E os primeiros resquícios de desenvolvimento começaram a aparecer. E em 20 de agosto de 1992, entrega a sociedade a Rádio Nossa Senhora de Guadalupe, com o objetivo de servir e informar os pequenos agricultores e com a intenção que a Santa Missa adentrasse os lares familiares. E inaugura as 30 instalações da faculdade de agronomia do pequeno agricultor e nem precisa acrescentar que esta criação é mais uma ferramenta que objetivava assegurar a formação do homem do campo.

 O SÁBADO DE 98 QUE SE ETERNIZOU 

“Há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou. Eclesiastes 3:2

Um dia de lutas e responsabilidades como qualquer outro é marcado por uma triste notícia: padre Aldo Lucchetta “nos deixa”, após sofrer um acidente às 14 horas e 45 minutos na BR 430 entre a cidade de Riacho de Santana e Igaporã.
Hoje, 21 anos após esse trágico acidente, ainda não se encontram palavras que explica o acontecido, apenas lamentações pela partida, declarações de saudades, depoimentos de suas abençoadas obras sociais, suas evangelizações libertadoras, sua coragem ousada em não se calar perante qualquer afronta, sua humanidade encantadora em exaltar o homem simples.
As 6 horas da manhã do dia 28 de março de 1998, celebrou uma missa no Centro de treinamento de Líderes, permaneceu atendendo no escritório, saiu para a Rádio Nossa Senhora de Guadalupe para realizar o programa religioso ao meio dia. Transpirava leveza, comemorava a aquisição de um terreno medindo 11.616m² onde pretendia criar pontos de apoio a romeiros que viesse a passar pela cidade... também foi informado da desapropriação de um terreno posse da AECOFABA. Antes de partir, ainda passou na Faculdade de Agronomia do Pequeno Agricultor – a menina dos seus olhos, mas tarde faria participação da inauguração do hospital regional, às 20:00 horas estava marcada a realização da santa missa na cidade de Matina. Padre Aldo parte em direção a Igaporã acompanhado do motorista Lício e de sua amiga e secretária Maria das Graças, pela qual em relatos declarou que o momento do acidente aconteceu enquanto o padre lia um breviário, o descuido, a falta de sinto de segurança, o seu corpo desgovernado, atingindo o asfalto, acabaram colaborando para o acidente que ocasionaria em sua morte.
Socorrido por um amigo, levado ao hospital de Caetité, padre Aldo veio a falecer as 18 horas do mesmo dia, devido ao acidente que veio a acontecer enquanto viajava com destino a igaporã afim de pegar a assinatura do Bispo D. Alberto para novos projetos que pretendia desenvolver em Riacho de Santana.

“Um dia escutei teu chamado, divino recado, batendo no coração. Deixei deste mundo as promessas e fui bem depressa no rumo de tua mão. Tu és a razão da jornada tu és minha estrada, meu guia, meu fim. No grito que vem do meu povo, te escuto de novo chamando por mim. 
Os anos passaram ligeiros, me fiz um obreiro no reino de paz e amor. Nos mares da vida navego, as redes me entrego, tornei-me teu pescador.
Embora sou fraco e pequeno, caminhei sereno, com a força que vem de ti. A cada momento que passa revivo esta graça de ser teu sinal aqui. (V-E).

Partiu deixando uma cidade órfã, que comovida, compareceu em um número nunca visto antes. Eram filas enormes, organizadas para ver e homenagear o simples homem que transformou a vida dos oprimidos. Ao mesmo momento que sua família na Itália, autorizava deixar e sepultar seu corpo no país onde considerava ser sua terra – a utopia de jovem padre.
Após esse dia 28 de março de 1998, todo mês no dia 28 acontece uma Missa em sua memória.
Percebemos que suas obras não foram em vão. A cada dia 28, os fiéis lotam a igreja. Suas escolas, sindicatos, rádio, dentre outros continuam vivos, se desenvolvendo e beneficiando a sociedade. Hoje, apesar de ainda existir muito daquilo que padre denunciava, perante a lei o homem do campo possui voz, valores, o direito de ir e vir, de expressar e lutar por seus direitos sem vergonha, sem medo de serem reprimido ou perseguido.
Pode o padre Aldo Lucchetta ser considerado e reconhecido como santo por suas obras e trilhar o caminho de Cristo em sua jornada?
Trabalhamos aqui com opiniões populares que se dividem entre os que não acreditam e são contra a cogitação de padre Aldo ser considerado santo; a parte que não possui uma opinião formada a respeito desse assunto; e outro pequeno número de pessoas que acreditam e atribuem milagres e graças a ele. Em entrevista a FAGUNDES, REIS e JÚNIOR, para a obra “A Voz dos Oprimidos”, Maria das Graças Magalhães, amiga e secretária de padre Aldo, declarou que lida com essa questão com naturalidade, pois, após ao batismo as pessoas são chamadas a ser santas, e completou dizendo que padre Aldo, quando em vida, dizia que, mesmo após sua morte estaria intercedendo pelos fiéis e a todo o povo sofrido e principalmente aqueles que, acreditando, o invocarem com fé. 



CONSIDERAÇÕES FINAIS
  
Ao concluir todo este processo de pesquisas e investigações, podemos constatar que o cidadão do infinito também conhecido como gigante do sertão, Padre Aldo Lucchetta viveu para a prática religiosa libertadora, entrelaçada em processos de conscientização humana. Foi um ser crítico que viveu para denunciar injustiças e o favoritismo de grupo de classes sociais mais favorecidas. 

Constatamos ainda sua entrega para concretização de projetos com finalidades sociais. Em especial ao pobre, porque como homem de Deus, fez se servo, e acreditava que fazendo o bem e trabalhando em prol da melhoria dos pobres e pequenos, estava agradando a Deus. 

Considerado um ser autoritário, padre Aldo nos deixa um grande e valiosíssimo legado, sua personalidade forte, sempre fez e guiou seus trabalhos com seriedade, possuía sempre uma única e firme resposta, nunca deu ouvidos a meias-palavras. A exemplo de Cristo, viveu para os necessitados e injustiçados, não deixou a crítica e as ameaças abalar suas ideias e sua força de fazer o bem, não permitiu que as más vontades e calúnias o poluísse vindo a impedir de continuar seus objetivos. Partiu nos deixando o exemplo de humanidade, empatia, humildade, coragem e ousadia, riquezas essas que são recordadas pela lembrança da figura que foi padre Aldo, aquele que em meio a confusões possuía coragem de levantar a voz e dizer: “fere a carne, mas não mata minha alma”, “mata meu corpo, mas minha alma estar viva em Cristo”, apenas para defender um semelhante. Este será sempre lembrado e homenageado como cidadão do infinito, a voz dos oprimidos que viveu para unir fé e vida.

Bibliografias  
FAGUNDES, Sandra Castro Carvalho; REIS, Monacita Pinto; JÚNIOR, Alonso Mendes. Cidadão do infinito, padre alto, A VOZ DOS OPRIMIDOS. – Caetité, 2003.
NOGEIRA, Joaquim de Oliveira; MAGALHÃES, Maria das Graças; OLIVEIRA, Marta de Souza; SILVA, Simone Cardoso da. O GIGANTE DO SERTÃO. 1° Edição, editora AECOFABA – 28 de janeiro de 2003.
MUJICA, Pepe; PAPA FRANCISCO; Hugo Chávez; DAVIS, Angela. Testemunho da utopia. 1° edição – Expressão Popular – São Paulo-2016
 
RELATOS DE DEPOIMENTOS E ENTREVISTAS  

DEPOIMENTO DA VEREADORA VERA LÚCIA SOUZA SILVA SANTOS

 

Eu quero cumprimentar a todos.

Meu nome é Vera Lúcia Souza Silva Santos, sou de Riacho de Santana tenho a formação em letras, sou professora aposentada. Durante esse tempo, eu trabalhei como voluntária nos movimentos sociais, sou católica e como católica, cristã, leiga, eu participo da comunidade eclesial de base e contribuo naquilo que eu posso no exercício do ministério na nossa igreja. 

Padre Aldo por onde quer que ele tenha passado, com seu trabalho, ele abalou as estruturas: sociais, políticas. A começar em São Mateus, no Espírito Santo, quando ele chegou. Ali naquele espaço, naquele ambiente onde ele viveu, foi perseguido, porque seu trabalho incomodava. E devido essas ações suas de denunciar atos que são contrários aos interesses do poder local, atos que são em favor dos menos favorecidos a buscar promover uma condição de vida mais humana para as pessoas mais necessitadas, então padre Aldo levanta a bandeira dos movimentos sociais, levanta a bandeira da educação e isso marca a sua história. A partir dessa experiência no Espírito Santo, ele veio para a Bahia. Chegando na diocese de Caetité, exatamente na sede da diocese de Caetité, ele foi designado para conduzir a paróquia de Nossa Senhora da Glória em Riacho de Santana. Nesta paróquia, ele já sabia e todos nós sabíamos dos grandes desafios que ele vinha a encontrar, a começar do analfabetismo, a começar da situação política. Uma família realmente governando, no poder há mais de 40 anos. E assim, tantos outros desafios o esperavam nessa cidade de Riacho de Santana. Então ele, com sua paixão de missionário, de servir e evangelizar, então ele deixa o coração livre para falar com os nordestinos. 

E padre Aldo no rigor do sol escaldante do sertão nordestino, ele chega assumi a paróquia e a alegria invade o coração das famílias católicas da nossa cidade que admirava tanto aquele jovem padre que veio para libertar o povo riachense. E aqui ele começou seu trabalho, em 1975, foi um momento muito, assim delicado, foi um momento preocupante, em função dos acontecimentos políticos em torno do Brasil, da Bahia e de Riacho de Santana. Era um período ainda militar e padre Aldo não deixou se intimidar e começou a fazer um trabalho de organização do povo, criando as comunidades eclesiais de base, organizando o povo na caminhada da igreja para que o povo pudesse também conhecer que são donos de direitos e de deveres. 

Padre Aldo, ele tinha grandes sonhos, sonhos de libertação do povo oprimido e por isso padre Aldo procurou trabalhar grandes projetos, mas um projeto que de grande destaque foi o projeto das escolas famílias agrícolas. Um projeto, que foi idealizado por ele aqui na Bahia. Ele que trouxe essa experiência do Espírito Santo e na perspectiva de organizar os agricultores em torno da educação, naquele momento carente no nosso município, onde o analfabetismo ele reinava aqui no nosso município. Então padre Aldo, cuidou também dessa parte, desse grande projeto que era um sonho dele e tornou-se grande realidade que foi a educação. E nessa educação, ele criou escolas famílias agrícolas em vários municípios, aqui em Riacho de Santana duas escolas famílias agrícolas, ele criou em várias cidades aqui da Bahia, chegando até 25 escolas famílias agrícolas criadas por ele aqui no estado da Bahia.

Mas ele não limitou somente a isso, ele criou também outras modalidades também outras modalidades de colégios, no município, aqui em Riacho de Santana ele criou o Colégio Educandário Nossa Senhora da Glória, esse Colégio ele tinha  quatro extensões na zona rural, que eram extensões em Laguna, uma extensão em Botuquara, uma extensão em Santa Rita e uma extensão em Vesperina. Ele construiu também, em mais de 25 cidades no interior da Bahia, ele construiu escolas e falando especificamente das escolas famílias agrícolas, que era a escola que adota a metodologia da alternância e que trabalha com filhos de agricultores e agricultoras em função do desenvolvimento do meio, onde essas pessoas estudam e ao mesmo tempo elas estão veiculadas ao meio que é o estudo em alternância, é reconhecida pelo MEC, tem leis estaduais que reconhecem também a pedagogia da alternância e foi assim que padre Aldo começou a contribuir com a educação em Riacho de Santana e no estado da Bahia. Ele criou diversos colégios em outros estados também. Então, além das escolas famílias agrícolas, foram 16 colégios de 5° a 8° série e 1 de 2° grau que ele criou. Naquele contexto, naquele tempo que não tinha escolas, principalmente nas comunidades rurais, não existiam escolas, o analfabetismo era grande, o êxodo rural era intenso e foi assim que esse grande projeto de padre Aldo se concretizou em torno da educação. Mas, padre Aldo também criou outros projetos e aqui em Riacho de Santana desenvolveu o projeto da comunicação, criando a rádio Nossa Senhora de Guadalupe para dar voz e vez aos agricultores do nosso município. 

Fala se que padre Aldo era autoritário, que padre Aldo era exigente. E na verdade, naquele contexto que ele chegou aqui, que ele viveu aqui, a situação que ele encontrou como vivia o povo, foi necessário realmente algumas ações de autoritarismo, algumas ações de exigência para que as pessoas também pudessem compreender. Na verdade, aqueles que compreenderam, eles foram fiéis, eles persistiram, eles acompanharam o discípulo padre Aldo. Padre Aldo fazia, porque acreditava em Jesus Cristo e Jesus Cristo também foi autoritário, Jesus Cristo também foi exigente e padre Aldo dizia diante de uma proposta, de uma ação, de uma coisa que ele acreditava ser promissora, ele dizia é sim ou não, não pode ser dois termos. É, ou não é.  E as vezes aquelas pessoas que não entendiam, o que padre Aldo queria dizer, como ele queria nos ajudar, deixava de o acompanhar e não sabem o que perderam. E aquelas pessoas que entenderam a mensagem de padre Aldo com aquele tom de autoridade, com aquele tom de exigência, mas que era para a construção do bem comum, então essas pessoas seguiram padre Aldo e aprenderam as suas lições. E padre Aldo nessa questão de ser exigente, nessa questão de ser autoritário, isso era coisa de momento, coisa de tempo, era efêmera. Ele ao mesmo tempo que ele era autoritário, que ele era exigente, depois ele já estava imediatamente: Trocando ideia com você, rindo com você, abraçando, orientando. Então não era questão de ser autoritário, exigente, as vezes é necessário mesmo, para que se possa chegar a um determinado objetivo. Então, com relação a essa autoridade de padre Aldo, com relação a essas exigências de padre Aldo, naquele contexto em que nós estávamos vivendo, naquele contexto de exploração de obra do agricultor, da agricultora, da exploração de mão obra doméstica, na exploração na retirada de direitos: da educação, da saúde, então foi isso que foi vivendo naquele tempo e isso foi fundamental. Padre Aldo, agiu com autoridade, padre Aldo agiu realmente com exigência. E foi isso que conseguiu abrir os olhos do povo, foi isso que conseguiu libertar muita gente daquela escravidão que vivia naquela época em Riacho de Santana, que ainda hoje perdura, não é 100% livre, ainda existe muito daquelas coisas que padre Aldo denunciava, que até hoje continua. 

Padre Aldo na verdade, era um enviado de Deus para cuidar dos riachenses,  aqui nessa paróquia Nossa Senhora da Glória, um enviado de Deus para cuidar do povo nesse sertão sofrido. Ele prestou serviços em Riacho de Santana como pároco, ele prestou serviços em Matina como pároco, ele prestou serviços em Botuporã como pároco, ele prestou serviços em Tanque Novo como pároco.  Nessa sua missão, nesse seu ministério, se deparou com grandes dificuldades, que fez a identificação de cada localidade, onde ele estava presente e as injustiças cometidas, ele tratou logo de fazer um trabalho em prol do bem comum. E aí foi que ele criou o sindicato dos trabalhadores rurais porque era estourado nos seus direitos, nas suas reivindicações, nas suas solicitações não eram atendidas, eram explorados, não tinham seus direitos respeitados, criou o sindicato dos trabalhadores rurais para que pudessem organizar na verdade os trabalhadores e União. Precisavam estar unidos, para terem a força suficiente para lutarem por aquilo. Foi muito trabalho, foi muita perseguição, presidente de sindicato aqui foi preso, padre também quase foi preso. Continuando, ele criou o clube de mães.  O clube de mães que foi criado para as mães, em torno da educação dos filhos, em torno do social, em torno da reivindicação, em torno da saúde, então ele criou o clube de mães. Esse clube de mães depois criou uma creche, esse clube de mães depois criou um colégio, como eu já disse; Educandário Nossa Senhora da Glória com quatro extensões na zona rural, esse clube de mães depois veio a criar a casa vida, que até hoje está aí trabalhando, salvando vidas. Foi assim que começou organizando o povo, ele veio também concomitante, a criação das comunidades eclesiais de base. A gente aqui não sabia exatamente o que era praticamente igreja, era ir lá e participar, ouvir e não participava, assistia. Ouvia o padre celebrar e com as comunidades eclesiais de base, os cristãos leigos, leigas começaram a participar ativamente da igreja, começaram a compreender na verdade, que cada um batizado é igreja. E criou também diversos pastorais aqui em Riacho de Santana. Então, quando padre Aldo deparou com a situação aqui em Riacho de Santana, o primeiro passo dele foi conhecer a realidade. Conheceu, diagnosticou a realidade, então ele usou a organização do povo por categoria para junto fortalecidos compreenderem, o que são, para onde vão, na conquista, na reivindicação dos seus direitos, no exercício da sua cidadania. 

Então, sendo sacerdote, sendo missionário, o que padre Aldo fez aqui na verdade, foi organizar o seu povo, organizar os seus fiéis, para que na verdade pudesse seguir os caminhos da fé, aquela fé que deixada, ensinada, orientada pela doutrina por Jesus Cristo, seguir Jesus Cristo foi isso que o padre Aldo tentou fazer o tempo todo que estava aqui. Inclusive ele dizia: “minha força vem da eucaristia” e padre Aldo nos colocou na igreja, padre Aldo nos colocou no grupo eclesial de base, padre Aldo nos colocou para desenvolver diversos ministérios na sua igreja, e que isso perfura até hoje e que com certeza, estamos continuando no caminho certo. Então, é muito importante esse ensinamento de padre Aldo, para que seus fiéis pudessem realmente seguir os caminhos da fé cristã e com outra conotação que era o caso seguir os caminhos da fé cristã e com outra conotação, que era o caso. É participando ativamente com a abertura que nos deu o conselho do Vaticano II. Fez a gente leigo e leiga demissão da igreja do mundo e que hoje também vem o nosso Papa Francisco, reforçar esse nosso caminho de fé, reforçar que nós temos o compromisso e responsabilidades com a nossa igreja. Então, aquilo que padre Aldo fez né?  foi aquilo que também fizeram as primeiras comunidades cristãs lá nos atos apóstolos, o que padre Aldo fez, foi o seguimento de Jesus Cristo. O que padre Aldo fez, foi nos colocar neste caminho da fé, para o seguimento a Jesus Cristo, então isso foi muito importante. 

Nós hoje somos animadores das comunidades, nós hoje somos catequistas, nós hoje somos ministros extraordinários da eucaristia, nós hoje somos pastoral da família, nós hoje somos pastoral da catequese, nós hoje somos pastoral da terceira idade, tudo isso que ele construiu aqui, nos leva realmente a seguirmos o caminho de fé como discípulos e missionário de Jesus Cristo, isso foi muito importante, isso é muito importante. Hoje a gente está aqui como leigo e leiga, assumindo nosso papel na igreja aqui, na paróquia Nossa Senhora da Glória, na igreja no mundo inteiro.

 Vera Lúcia Souza Silva Santos Riacho de Santana, 2019



DEPOIMENTO DE JOAQUIM DA NEVES CARDOSO

Boa tarde, meu nome é Joaquim das Neves Cardoso, tenho 51 anos de idade, moro na comunidade de Espraiado, município de Riacho de Santana. 
Eu quero falar um pouquinho, sobre a história de padre Aldo Lucchetta. 
Padre Aldo Lucchetta, chegou em Riacho em 1975, aonde o município passava por um momento difícil e era governado pelos coronelismo que não pensava no povo, só pensava neles mesmo. Eu ainda me lembro o nome dos coronéis que governava na época que era: João Laranjeira, Alcides Cardoso e o senhor de Cabloquinho. Esses homens machucava o povo, pisava no povo. Aonde o pessoal que viviam naquela época, não tinham escola, não tinha estrada, não tinha nem bem acesso ao município. Então, foi nessa época que padre Aldo chegou em Riacho de Santana. Quando padre Ado chegou, padre Aldo logo se preocupou com o povo e com a situação em que o povo vivia, padre Aldo não só preocupava em anunciar o envangelio, em anunciar o reino de Deus, padre Aldo também preocupava com a questão do povo, com a situação que o povo vivia, preocupava com a mortandade de crianças na época, com o analfabetismo, com a situação bem ruim mesmo que o povo vivia naquela época. E o padre Aldo ele dizia para o povo: "olha vocês vão ter que ajudar a mudar a história, vocês vai ter que organizar, vocês vai ter que criar associação, vocês vai ter que criar sindicato, vocês vai ter que organizar pra pode lutar contra esse coronelismo, contra esse prefeito que está governando aí, porque a situação do jeito que está aí, não dá. Não dá pra poder seguir em frente". Então, a preocupação era grande. Que padre quando via um pobre sofrer, ele não deixava ele sofrer sozinho, ele ia lá sofrer com ele, ele queria está presente.  Eu ainda me lembro, de uma missa que ele celebrava aqui na Vesperina, aonde ele anunciava o prefeito que era João Laranjeira na época. E quando ele celebrava aquela missa, ele denunciava e falava dos políticos que tinham roubado o dinheiro do povo, que tinha roubado o dinheiro da merenda, que tinha roubado o dinheiro da educação, tinham roubado toda a verba que tinha vindo para o município. Aonde imediatamente apareceu alguns petroleiros de João Laranjeira para poder pegar o padre e matar o padre no altar, só que os amigos de padre Aldo impediram porque os amigos de padre Aldo eles atravessaram e não deixaram que eles consumassem o atentado. Então o primeiro na época eu ainda me lembro, tinha um senhor baixinho que depois, ao decorrer do tempo ele acabou falecendo de tanto perseguir o povo. Então, eles não pode pegar o padre, o que eles fizeram, eles foram lá na casa de seu João, onde padre Aldo tinha deixado o carro dele e cortaram os quatro pneus do carro do padre. No outro dia, o padre Aldo ficou nervoso, o padre Aldo celebrou a missa, o padre Aldo saiu em procissão. Quando padre Aldo saiu em procissão nas ruas com muita gente, muita gente mesmo, era uma multidão de gente que acompanhava a procissão. Padre Aldo, eu ainda me lembro do cântico que ele cantava: "Da eternidade, sim! Violência não, gente. Violência não. Pra eternidade, sim! Cambastade não, Cambastade não. Pra eternidade, sim! Pistoleiro não. Pistoleiro não. Pra eternidade, sim. Derivaldo também não, que pegou o terreno da Santa, que dá para não sei quantos pobres construir casas e ele fez uma casa com quase meia hectare de terreno" entendeu. E eu lembro daquela cena, que imediatamente, apareceu Derivaldo, pegou uma pedra para poder atirar no padre. E veio com direção ao padre para poder bater no padre, e o pessoal novamente tornaram impedir. E quando ele vinha com aquela pedra, para poder atirar no padre, o padre Aldo em resposta a ele abriu os braços e disse: "você quer matar, mata. Você mata o corpo, más não mata a alma" e começou cantar: "Louvando a Maria, um povo fiel" isso é a resposta que padre Aldo deu. E sem contar os outros incentivos que padre Aldo incentivava o pessoal para poder lutar em grupo, não lutar sozinho. Por exemplo, um ajudar o outro, fazer mutirão. Eu lembro né, quando foi construído aquela escola mesmo em Vesperina, que o padre Aldo falou: "Olha, a gente não tem dinheiro, mas nós vamos fazer um mutirão" e convidou todos os pais e foram uma multidão de gente para poder criar aquela escola. O número de analfabetismo na cidade de Riacho de Santana era grande demais. Padre Aldo também se preocupou muito com essa situação, ele dizia: "olha, eu estou muito atarefado, não dou conta. Mas cada um de vocês que sabe ler e escrever, pega uma pessoa analfabeta e ensina a fazer o nome, ensina a escrever para poder diminuir o número de analfabetismo no município" ele convidava todo mundo pra poder ajudar na caminhada. 
Eu ainda me lembro que este que já foi prefeito, Tito Eugénio. Padre Aldo também denunciava muito Tito Eugénio pelas falcatruas e pelas fraudes que ele fazia no município. E Tito não gostando mais da situação do padre, querendo mandar o padre embora. Falou com D. Alberto que o povo de Riacho não queria mais padre Aldo. Aonde Tito Eugénio criou um baixo assinado falso e entregou para bispo D. Alberto. Aí o padre Aldo falou pra D. Alberto: "Olha Dom Alberto, eu vou convidar o povo lá de Riacho se o povo me quiser, eu vou ficar em Riacho de Santana, más se o povo não me quiser, eu vou me embora para a Itália." E assim padre Aldo fez, convidou o pessoal para essa missa. Eu lembro como hoje, uma missa campal, onde tinha mais de 5 mil pessoas. Todo mundo aplaudindo padre Aldo. E lá na celebração, padre Aldo perguntou para o povo: "vocês querem que padre Aldo fique em Riacho? Ou querem que padre Aldo vai embora?" e o pessoal respondeu: Nós queremos que padre Aldo fique em Riacho" aí então o padre Aldo disse assim: "Então de Riacho, eu só saio no caixão" ele colocou o apelido em Tito Zebedeu. "Não adianta Zebedeu vir com ameaças, vir com esmurrar a casa paroquial" porque ele empurrava a casa paroquial para poder perseguir o padre, querendo matar o padre.  Aí ele falava assim: "Se o padre Aldo vir a falecer por esse prefeito Zebedeu de Riacho de Santana, eu vou pedir a cada um de vocês, que vocês não vinguem a morte de Padre Aldo. Uma coisa que vou pedir a vocês é que cada um de vocês rezem à avemaria para a alma de Padre Aldo" e assim foi a história. Se a gente fosse contar mesmo a história do começo ao fim dos acontecidos, era uma coisa que dava para bater. Não fazia em poucas horas, fazia em dias e dias para poder contar a história, porque foi muita luta. Foi muita assim garra mesmo de padre Aldo. E padre Aldo uma coisa que mais me chamou atenção em padre Aldo, é que padre Aldo não deixava o povo sozinho, qualquer dúvida que tivesse, padre Aldo acompanhava. Se tivesse uma pessoa doente, padre Aldo estava presente. Se tivesse uma pessoa passando por um momento de dificuldade, padre Aldo tava presente. Padre Aldo estava sempre ao lado do povo, perto do povo. Isso é um pouco da história de padre Aldo.

Joaquim das Neves Cardoso
Espraíado, 2019

DEPOIMENTO DE PADRE ISAÍAS


Olá eu sou o Padre Isaías, eu sou Natural de Caculé, tenho vou completar agora no próximo ano 15 anos de sacerdote, de padre, quero expressar minha alegria em poder tá ajudando, esses nossos jovens aí que estão é, fazendo o curso de pedagogia, com esse trabalho, as narrativas autobibliográficas do panorama profissional e social, as alunas Andreia dos santos Pereira, Daiane dos Santos, Gabriela da Silva Cardoso, Jaine Rodrigues das Neves, Marina da conceição gomes dos Santos, Organizadora Terezinha Teixeira temática: histórias de vidas, um processo de formação e autoformarão.
A proposta para mim é fazer um pouco, um apanhado sobre a figura do Padre Aldo, Italiano  que trabalhou aqui no nosso sertão, durante um bom tempo  e nós sabemos, ouvimos muito falar da pessoa do Padre Aldo a equipe propôs alguns questionamentos vamos tentar assim  pouco, é, aquilo que eu puder também conhecer, estudar, eu tive pouco contato com padre Aldo, na época eu estava,  no seminário, encontrei com ele algumas vezes, eu também, fiz o fundamental II na escola  Família Agrícola de Caculé, então uma certa forma eu tenho um pouco, assim de conhecimento, talvez não tão concreto de convivência, mas partilhei durante todo esse tempo, durante esses 15 anos de sacerdote também com algumas experiências do nosso irmão saudoso Padre Aldo como era também aí é os alunos sabem, eu atualmente estou fazendo meu trabalho pastoral em Riacho de Santana que vai completar 7 anos, então de certa forma é... esse período aqui em Riacho de Santana também me ajudou a conhecer um pouco mais de perto o trabalho desse gigante do sertão, assim como nós temos o costume de chamá-lo aqui em Riacho de Santana, então indo um pouco aos questionários: você chegou conviver com nosso queridíssimo e já saudoso padre Aldo Lucchetta. Descreva para agente como ele era, como pessoa e principalmente como sacerdote, lutando pelos direitos dos oprimidos e menos favorecido? já um pouco já respondi no início essa pergunta sobre a figura da pessoa do padre Aldo, tive pouca convivência com ele, mas o suficiente para poder um pouco entender a sua personalidade, o seu ideal, as suas lutas, a os seus anseios e sobretudo essa  busca de viver de testemunhar o evangelho de jesus Cristo, primeiro pra dizer que a opção pelos pobres, pelos oprimidos, não é uma questão de ideologia é uma questão evangélica é uma questão de jesus Cristo, se nós fizemos essa opção vocacional ou discernimento de responder também  esse propósito do evangelho de jesus Cristo então, a opção pelos pobres, pelos oprimidos não é uma ideologia, aqui se diz também tentar abraçar essa causa, mas é uma  questão de jesus Cristo, é uma questão evangélica então está aqui talvez em si aquilo que o padre Aldo abraçou na sua vida, despois continua alguns questionários, como você ver e define as  em palavras a personagem de Padre Aldo nas transformações sócio politicas ocorridas nas Cidades por onde passou, inclusive em Riacho de Santana?  eu penso que o padre Aldo ele tinha uma personalidade muito forte, isso era uma característica da pessoa dele, então ele por abraçar por encanar, essa figura de Jesus Cristo do seu evangelho, na sua vida, ele abraçou, ele buscava realmente levar a sociedade, uma vez que ele abraçava, essa realidade, essa, onde ele estivesse, ele sempre tinha o propósito transformador, Padre Aldo era uma pessoa  que sonhava lei, ele via, além, era uma pessoa de uma inteligência prática, sempre costumo dizer isso, era uma pessoa de inteligência prática, era uma pessoa muito pratica, conseguia enxergar e para isso ele sempre contava, ele sempre sabia também, contar com pessoas que pudesse, ele dando a ideia, pudesse pensar e concretizar esses projetos, é tanto que durante a sua vida, ele foi tendo algumas perdas e isso faltou muito para ele por exemplo posso lhe lembrar que a figura do Valdemir foi é uma pessoa muito inteligente, um colaborador grande que esteve ao seu lado e era quem realmente pensava, as suas ideias esquematizava, concretizava, mas o mérito o do ideal, o mérito de enxergar,  de conseguir ver além, era algo próprio do padre Aldo, e isso esse ideal do olhar a frente não era apenas o olhar de ficar de longe, ele queria transformar e isso com certeza onde ele passou, ele buscou criar algumas situações concretas, é as Escolas Famílias agrícolas né? A questão da transformação de levar ao homem do campo a oportunidade de aprofundar, de estudar, sem sair da sua realidade, permanecer na sua família, permanecer na sua comunidade, naquela época assim como hoje está presente, mas é, muitos jovens, já ficava doido da chegar sua idade, pra ir pra São Paulo né? Outras cidades é, em busca do trabalho, então pensava talvez aqui de tentar construir então, essa foi uma preocupação primeira do Padre Aldo, inserir o homem e a mulher  na sua realidade, com as suas limitações, com suas angústias, mas também ser capaz de ter uma autonomia de si, uma certa libertação, por isso é, por foi, é e continua sendo um projeto transformador e ele criou também não somente as escolas  agrícolas   por exemplos   Riacho de Santana criou colégios, criou hospital, então era  uma pessoa  que via, percebia os desafios, a a as realidades que precisava ser transformadas e ele também dava o primeiro passo, talvez aqui ele  faltou um pouco mais de diálogo, talvez, eu digo talvez faltou que não conseguia abrir a sociedade e fazer parcerias e hoje vejo um pouco dessa forma, ele tentava mas do jeito dele com a personalidade forte dele se a pessoa errava, se a pessoa não conseguia realmente responder, não eu faço sozinho, naquela época tinha muitos, muitos projetos né, tinha muitos projetos externos, exterior que patrocinava, por isso que ele conseguiu, ele tinha seus amigos, ele tinhas muitas pessoas conhecidas lá no exterior que queria investir, tinha uma certa abertura pra, hoje com a crise mundial isso diminuiu muito, praticamente quase tudo, hoje os projetos que ele deixou aqui em riacho de Santana, praticamente não tem mais nenhuma ajuda do exterior, mas ele sempre buscava né, ele conseguia trazer projetos e com a sua, seu jeito , acabava criando né algumas situações, mas ele poderia citar muito e mais exemplo que ele buscou trazer com algo que pudesse algo que pudesse transformar essa realidade sócio política  aqui de Riacho de Santana, terceira pergunta: É notório que padre Aldo como todo revolucionário abalou as estruturas sócio politicas por onde fez morada e especial São Matheus no espirito Santo e Riacho de Santana Bahia. Você poderia descrever para agente como foi sua recepção e as expectativas iniciais com a sua chegada nessas cidades? olha aqui está, eu dizia pra vocês no início que a nossa vocação por nosso discernimento por ser padre, por ser religioso tem que  ter sempre como metas, jesus Cristo, e eu  dizia que a opção pelos pobres pelos oprimidos , necessitados não é aquela questão de caridade é questão de jesus Cristo é uma questão do próprio evangelho,  com certeza a chegada dele nessas realidades, foi muito bem acolhido né, chega com projetos, chega com ideais. Porém quando ele começa colocar isso em prática, começa realmente traçar, qual o ideal, qual seu projeto, onde ele realmente queria atingir essa libertação  entre aspas né, aqui em todos os sentidos podemos dizer é que, ele começa confrontar nem todas aceitas por nem todos aceita suas ideias, suas reflexões, seus projetos vai de contra é é é alguns interesses pessoais né, de entidades, de políticos e isso querendo ou não confrontou, tão mais eu acho que a comunidade católica ou a comunidade religiosa em si, procurou sempre compreender fazer essa parceria com ele, mesmo com seu jeito assim, próprio de Italiano, ele as vezes batia de frente, mas ele conseguia, uma característica bonita do Padre Aldo, era um homem misericordioso é um homem que não tinha humildade de pedi perdão quando ele magoava, quando ele extrapolava com alguém então, era uma pessoa de virtude muito bonita, ele as vezes batia com a mão, mas voltava com  a outra passava mão é, acolhia, ele tinha essa virtude e talvez era isso que encantava as pessoas, de um lado aquele homem bravo né, eu sempre partilho que eu conheci padre Aldo de verdade a primeira vez que eu confessei com ele, eu sempre partilho isso né, na época quando a gente estudava na escola agrícolas no final do ano ele fazia encerramentos, as celebrações, passava nas escolas e todos nós tinha que fazer, tínhamos que confessar se tivesse muito tempo que tinha feito a confissão e foi ali que eu encontrei realmente um homem de Deus, um homem misericordioso, um homem de um coração muito grande, mas isso não era né, ele também era humano, uma pessoa muito humana, tinha esse lado misericordioso mas também tinha seu lado, sua personalidade fazia parte esse homem as vezes né, assim que perdia as vezes é, extrapolava às suas emoções e acabava as vezes, magoando, mas no geral eu vejo que todos os lugares que ele passou, ele também teve essa acolhida bonita, essa compreensão das comunidades, seja Espirito Santo como também aqui em Riacho de Santana, Padre Aldo como agricultor desde muito jovem sempre foi ativo, ajudava os pais no cultivo de vinhais. Descreva e comente para a gente a importância dos vários projetos incentivados pelo Padre Aldo, as escolas famílias agrícolas, a Rádio Guadalupe, pastorais, sindicatos e outros? Eu já falei sobre as Escolas agrícolas né, a Rádio, ele sempre tinha essa visão também da comunicação, ele sempre tinha essa preocupação de levar, imagine nós aqui em Riacho de Santana pouca coisa, pouco recurso tinha naquela época e chega uma rádio que vai além de fronteiras, naquele limite, eu costumo dizer mesmo tantos avanços tecnológicos, mas nada substitui o rádio, ele sempre chega no momento certo, sempre traz é, notícias precisas e verdadeiras então foi um que sonhas além e todos avanços a rádio ela não perdeu aqui o seu propósito, o seu papel nesse processo de comunicação é pela rádio nós somos convidados a levar a verdade e observo que a rádio ainda hoje é um dos meios mas verdadeiros em termo daqui, da busca a comunicação, as pastorais nem se fala né, os sindicatos, outras organizações associações, ele sempre teve também essa preocupação e aqui chegando em Riacho de Santana é talvez um pouco talvez, a minha dificuldade  é, ele sempre a preocupação de criar um salão de construir um salão e formar associação é com isso não é que ele perdia, mas ficava um pouco em segundo plano a questão da espiritualidade e nós sabemos que a fé e a vida precisamos caminhar juntos não é? então assim é uma das coisas que eu conseguir que eu procurei chegando em Riacho de Santana é eu vejo que 90% 95% das capelas todas foram restauradas deformadas ou reconstruídas então por que uma figura a mais, figura a mais de capela e que não estou dizendo que ele não trabalhou esse lado, mas a preocupação dele nas comunidades era criar associações que dizer libertar o homem, ajudar o homem a se organizar, que não deixa de ser também o evangelho, mas em todo trabalho, em todo projeto agente nunca é perfeito sempre nós temos também as nossas limitações, mas não é que ele usou má fé, pelo contrário ele buscou trazer essa preocupação, mas também fazer esse trabalho  de libertar o homem, que é também evangelho, não tem como a gente  fugir, há vários relatos, registros que trata o padre Aldo como autoritário exigente, sem travas na língua. O que tem a declarar a respeito disso? eu já falei também nas outras questões né que e eu tentei um pouco responder, é um pouco da sua personalidade, mas era um homem de Deus, era um homem misericordioso, sabia né também é por que ele cativava as pessoas, então não é tão assim essa pessoa, mas é próprio da sua personalidade, eu vejo que é uma pessoa que eu aprendi muito amar, a respeitar e entendo a pessoa dele, então não vejo nenhum problema quanto a sua personalidade, sua brabeza como nós costumamos chamar  aqui no nosso sertão, Padre Aldo chegou a nossa cidade Riacho de Santana acreditando estar atendendo a um chamado divino servir os pobres necessitados e quando chegou a Paróquia Nossa Senhora da Glória não mediu esforços já propôs a conhecer todo o munícipio e as questões pertinentes, Na obra cidadão do infinito Padre Aldo a voz do oprimido os autores relatam que, o Padre entrou em sociedade marcada pela divisão de Classes, o poder político centrado numa só família, famílias as margens da Sociedade, herança de coronelismo, opressão a qualquer tipo de manifestação popular. Nos relate quais foram as primeiras iniciativas do jovem revolucionário ao se deparar com essa situação? Eu penso que foi muito gritante para ele, que vinha de uma realidade de primeiro mundo e chegando em Riacho encontrando todas essas situações, que também existe um contexto social, política, econômico, talvez inicialmente Padre Aldo demorou perceber essa realidade, mas diante de tudo isso a preocupação dele é tomar iniciativas e aí ele iniciou os seus projetos, as escolas famílias agrícolas, as associações, os sindicatos, é também preparar líderes, ele teve, teve um papel fundamental  que os um dos desafios para nós hoje é a conscientização e padre Aldo buscou trabalhar conscientizar também as pessoas sobre o seu papel, sobre os seu direitos, sobre os seus deveres, e eu penso que inicialmente ele buscou fazer isso, ajudar as pessoas a fazer essa transformação, da sua própria consciência, não tem como agente levar as pessoas a uma mudança sem eles tomarem consciência do seu papel, da sua importância desse lado, então eu penso que o primeiro passo dele foi isso,  é transformar consciências que não é tão fácil, claro que essa, essa transformação da consciência das pessoas ela foi se dando também junto aos trabalhos , as iniciativas concretas que ele iniciou nós já falamos anteriormente sobre essas iniciativas. Padre Aldo sempre deixou bem clara claro que nada que fazia era para si e sim para Deus, inclusive a sua vida já havia sido entregue a Deus, seu trabalho de levar o evangelho onde quer que fosse sua missão de levar e acolher os necessitados, não só como caridade, mas no sentido mais amplo, sua entrega por completo em Deus em prol do bem comum. De acordo o pensamento e ideologia do Padre Aldo. Qual a importância de seguir os caminhos da fé por que as pessoas devia seguir sua prática ao em vez de se refugiar em contradições distorcida do evangelho de jesus Cristo? olha uma pergunta um pouco complexa, eu penso que o ideal hoje de ajudar as pessoas a buscar a Deus, a buscar uma espiritualidade, a buscar uma mística, a buscar uma fé, isso se for olhar alguns filósofos vai dizer que isso é alienação, talvez também os contemporâneos  hoje muitos vão fazer críticas, porém eu tenho feito uma observação, hoje as pessoas buscaram substituir Deus, por outros ideais, outras ideologias, outros pensamentos e eu pergunto as pessoas depois que afastaram, não busca mas Deus como antes, ela se tornaram melhores? Acredito que não! Uma religião ela nos ajuda, a buscar alguns princípios humanos, alguns valores humanos, amor, perdão, paz, partilha, solidariedade e aqui nós vamos entender porque que ajuda a fé, ela ajuda as pessoas nesse sentido, esse esvaziamento do homem da auto autonomia, isso aqui , logo surge a pós modernidade ou a modernidade né, e ai começa surgir essas dificuldades e aí o homem começa aos poucos achar que está se libertando, achando que tudo agora poderia da respostas, hoje esse mesmo homem se sente frustrado, os avanços tecnológicos, os avanços da medicina não conseguiu aquilo que aquele homem da modernidade achou que tinha atingido com os avanços tecnológicos e hoje esse homem está fragilizado, esse homem hoje se sente impotente, esse homem hoje sente frustrado, sem perspectiva, sem esperança, a fé nós da a esperança, mesmo que nós olhamos ao  nosso a redor, aquilo que nos cerca e percebemos que muita coisa não tem como, mas há dentro de si aquilo que motiva aquilo que faz realmente caminhar, esperança não é no sentido apenas no tópico aquilo que jamais vou atingir, mais é aquilo que eu vivo hoje do propósito de construir de viver uma vida que me da sempre esperança, que me da sempre motivação para continuar acreditando, então eu vejo que aqui está o sentido da preocupação religiosa, da preocupação da fé, esse homem, essa mulher hoje está doente, e aqui és um desafio para nós, com os ajudar? E não vejo que outro caminho que não buscar construir essa esperança, essa espiritualidade, essa mística porque o homem por si é um ser religioso, então nós precisamos abrir também essa dimensão, então eu penso aqui também que está o sentido que o padre Aldo também tinha essa preocupação de nos ajudar  e ajudar também os  seus, de sua época e dos dias de hoje, a sua mensagem, a importância de ter uma fé, uma importância de buscar o evangelho de Jesus Cristo, Para finalizar assim como qualquer outra figura da história da humanidade que lutou e luta pelos oprimidos, padre Aldo conquistou os mais variados tipos de sentimentos a seu respeito desde admiração, devoção, elogios como não ameaças, inclusive o pronome de louco delirante. No entanto esses fatos só serviu de combustível para si, e sua equipe na caminhada para uma reafirmação da identidade do homem do campo, sabemos dessa vontade incansável, o que nos diria em um apanhado geral para fecharmos nosso trabalho sobre esse idealista sonhador e evangelista e como foi para a comunidade católica perder esse ser a frente do seu tempo? Eu penso que esse, essas questões dessa última pergunta eu também já respondi bastante né? mas é, ele realmente deixou as pessoas sem chão, foi esse sentimento, eu me lembro da época as pessoas chorando, as pessoas tinha esperança mesmo que criticava, mesmo que as vezes não entendia as suas ações, as suas iniciativas, a sua postura, o seu sofrimento né, a suas reações, pessoas contrárias, as pessoas as vezes confundia com isso, mas quando perdeu realmente viu nele esse grande ideal e eu penso aqui, talvez está o sentido, ele não viu mas aqui está a nossa vocação, não somos nós que vamos reconhecer, mas quem vai avaliar é a própria sociedade é a própria história é fazer tudo aquilo e dizer eu sou apenas um servo inútil, fiz aquilo que era minha obrigação e foi esse sentimento que ele deixou né para as comunidades para o povo católico, realmente aquele homem que foi muito além, é um tanto que passados 21 anos, ainda está muito presente, a sua memória, uma memória viva no coração, na vida das pessoas. Espero ter ajudado um pouco a vocês é, nesse trabalho, muito obrigado pela confiança, que Deus abençoe a todos e que essas reflexões, essas partilhas possa nos ajudar a continuar acreditando num amanhã melhor e dizer pessoas como nós fizeram isso, tomaram iniciativas, nós também precisamos assumir o nosso papel de cidadão, seja cristão, seja qual for a sua ideologia, mas nós precisamos compreender esse papel, a importância de cada um, fazer, assumir também os seus compromissos, as suas responsabilidades para com o todo para com a sociedade, para com o mundo que nós vivemos, não podemos olhar essa realidade que nos cerca e cruzar os braços e fechar os olhos, eu penso que esse homem, essa figura, esse gigante ele deixou esse legado  para todos nós é possível sim fazer um caminho diferente, é possível realmente ajudar as pessoas a se transformarem e transformar também o meio  a qual elas se vivem, partilha a sua vida, a sua realidade. Muito obrigado, fique com Deus!

Padre Isaías
Caculé, 2019

ENTREVISTA COM BRASILEIRO, LOCUTOR DA RÁDIO NOSSA SENHORA DE GUARDALUPE EM RIACHO DE SANTANA


1.    Você chegou a conviver com o nosso queridíssimo e já saudoso Padre Aldo Lucchetta? Descreva para a gente como era ele, como pessoa e principalmente como sacerdote lutando pelos direitos dos oprimidos e menos favorecido.

“Padre Aldo chegou a Riacho de Santana em 1975 ainda jovem, por se tratar de uma época de pouca informação não tínhamos conhecimento de realmente quem era esse sacerdote, eu ainda criança vindo da zona rural para habitar na sede do município não tinha noção do fato em si. Mas com passar do tempo fomos acostumando e aprendendo com Padre Aldo, homem de pulso firme e determinado naquilo que almejava, quando já na adolescência eu já percebia a preocupação do Padre Aldo com os mais necessitados por se tratar de um município pobre em todos os sentidos, e a sua maior carência era religiosa, com isso ele passou a catequisar uma população católica de forma regida, que para muitos chegou ao ponto de ter alguns atritos marcantes, mas de ordem religiosa, mas no fundo ele queria o bem de todos.”

2.    Como você ver e define em palavras, o personagem de Padre Aldo nas transformações sócio-políticas ocorridas nas cidades por onde passou, inclusive em Riacho de Santana?

“Vendo as dificuldades que os moradores principalmente da zona rural de todas cidades no qual ele passou, passou a adotar em suas pregações informações que viesse de encontro aos fatos vividos pelo povo, fazendo com todos tivesse uma vida digna no seu habitat natural sem ter a necessidade de buscar meios para sobre viver em outro local, fácil não foi, por que ia de desencontro aos interesse dos políticos da época que não entendia que o Padre Aldo só queria a melhoria e o bem estar de todos.”

3.    É notório que Padre Aldo, como todo revolucionário, abalou as estruturas sóciopolíticas por onde fez morada, em especial São Mateus no ES, Diocese de Caitité e Riacho de Santana na BA. Você poderia descrever para a gente como foi sua recepção e as expectativas iniciais com sua chegada nessas cidades?

“Como eu disse no início ainda era criança em sua chegada, mas ao longo da história a gente vai ouvindo e entendo o sentido da sua chegada, um Padre novo com apenas vinte e cinco anos de idade vindo de outro continente, com idioma ainda embolado uma mistura de italiano e português, foi um momento marcante para todos que aguardava um pároco novo, aonde vinha implantar um sistema novo de ensinar religião.”

4.    Filho de agricultores, Padre Aldo, desde muito jovem, sempre foi ativo, ajudava os pais no cultivo de vinhais. Descreva e comente para a gente a importância dos vários projetos incentivados pelo Padre Aldo? (As escolas família agrícolas, a rádio Guardalupe, pastorais, sindicatos e outros).

“Como ele chegou aqui em 1975 vindo de São Mateus no Espirito Santo uma cidade e um estado de clima diferente, fez com que ele olhasse para o homem do campo de nossa cidade, por que acredito que pelo seu conhecimento viu a carência, muitas vez a ignorância, e diante  desses e outros fatos despertou nele a necessidade de lapidar o homem do campo par inserir no meio como todo, só que para isso teria que criar métodos para resolver esses obstáculos, sendo assim criou primeiro as comunidades católicas, ondes todas tinha referencia, onde o Padre poderia iniciar seus projetos, já em 1979 criou se a EFAS(Escola Família Agrícolas) dando assim oportunidade ao homem do campo em induzir aos filhos em ter oportunidade de obter aprendizagem voltada par seu habitat natural, mas para ficar uma corrente onde todos falasse a mesma língua, e que tivesse os mesmos direitos e deveres, foi ai que surgiu a ideia de criar os movimentos e grupos sociais, e faltava algo mais importante de tudo isso! 
A Rádio Nossa senhora de Guadalupe, facilitando assim uma comunicação mais rápida, e era a maneira mais fácil de entrar nas casas das pessoas.”
  
5.    Há vários relatos e registros que trata o padre como autoritário, exigente, sem travas-na-língua. O que tem a declarar a respeito disso?

“Para fazer tudo que ele fez em beneficio para Riacho de Santana uma cidade que ele adotou para viver até os últimos dias de sua vida, se não tivesse esse rompante para enfrentar os poderoso da época e ao mesmo tempo buscar recursos de outros meios e de outros país para realizar um sonho que não era dele, se não fosse com tom de voz mais elevado será que teria realizado tudo isso, o simplesmente seria uma Utopia?”

6.    Padre Aldo chegou a nossa cidade – Riacho de Santana, acreditando estar atendendo um chamado divino: servir aos pobres e necessitados. E quando chegou a Paróquia Nossa Senhora da Glória, não mediu esforços e já se propôs a conhecer todo o município e as questões pertinentes. Na obra CIDADÃO DO INFINITO, PADRE ALDO, A VOZ DO OPRIMIDO, os autores, relatam que o padre encontrou uma sociedade marcada pela divisão de classes, o poder político centrado numa só família – famílias as margens da sociedade, heranças de coronelismo, opressão a qualquer tipo de manifestações popular. Nos relate quais foram as primeiras iniciativas do jovem revolucionário ao se deparar com essa situação?

“Primeiro evangelizar o povo de forma catequética, onde todos conseguisse enxergar um mundo novo, onde na verdade o povo fosse o primeiro da fila, foi fácil? Não foi! Até mesmo por que como disse o linguajar popular o povo vivia encabrestado, ao longo dos anos houve uma transformação, mas ainda vimos em nossas meio pessoas que não conseguira entender o sentido da palavra colocado pelo Padre Aldo, libertação.”
  
7.    Padre Aldo sempre deixou bem claro que nada que fazia era para o bem próprio, e sim, para Deus, inclusive a sua vida já havia sido entregue a Deus, seu trabalho de levar o evangelho onde quer que fosse, sua missão de pregar e acolher os necessitados, não só como caridade, mas num sentido mais amplo, sua entrega por completo em prol do bem comum. De acordo o pensamento e ideologia do Padre Aldo, qual a importância de seguir os caminhos da fé? Por que as pessoas deveriam seguir sua prática ao invés de se refugiar em contradições distorcida do evangelho de Cristo?

“Isso é Bíblico, não há fé sem ação, uma fé sem ação ela é morta, com isso acredito que o Padre Aldo levou ou tentou fazer com que as pessoas entendessem que a religião e a fé em Deus não deveriam ficar só dentro da igreja, mas que abraçasse a causa de forma que não beneficiasse um só, mas um conjunto que servisse a todos.”

8.    Assim como qualquer outra figura da história da humanidade que lutou e luta pelos oprimidos, Padre Aldo, conquistou os mais variados tipos de sentimentos a seu respeito – desde admiração, devoção, elogios, como nãos, ameaças, e inclusive o prenome de louco/delirante. No entanto, esses fatos só serviram de combustível para si e sua equipe na caminhada para uma reafirmação da identidade do homem do campo. Sabendo dessa vontade incansável, o que nos diria, num apanhado geral, para fecharmos nosso trabalho, sobre esse idealista, sonhador e evangelista? E como foi para a comunidade católica perder este “ser” a frente de seu tempo?

“Poderia resumir em apenas uma palavra, Humanitário!  Uma pessoa que deixa sua terra, sua família, e vem para um mundo que não e seu, e faz transformação nos seres que viviam na escuridão literalmente a acender a luz da esperança, e ao longo do tempo você ver que isso deu de uma forma lenta resultado positivo, é sinal de que vale a pena ser humanitário.” 

      Locutor Brasileiro         Riacho de Santana, 2019










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