Glauber Rocha estava 'marcado para morrer’ por militares, revela Comissão da Verdade

Segunda, 17 de Dezembro de 2018 - 18:40

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Glauber Rocha estava 'marcado para morrer’ por militares, revela Comissão da Verdade
Imagem: Divulgação / Comissão da Verdade do Rio de Janeiro

Documentos da ditadura, descobertos recentemente, mostram que os militares monitoravam cineastas brasileiros e que o diretor baiano Glauber Rocha, nome que se destacou no Cinema Novo, esteve marcado para morrer.

De acordo com informações do site UOL, na primeira página do documento, datado de setembro de 1971, a palavra "morto" foi escrita à mão. A Comissão da Verdade do Rio de Janeiro afirmou que o aviso era de costume da época para determinar que o indivíduo em questão precisava ser aniquilado. 

Glauber partiu, por vontade própria, para o exílio na mesma época em que a ordem teria sido dada. 
Segundo o relatório produzido pela Aeronáutica, Glauber era considerado como um dos líderes da esquerda brasileira.


O controle das atividades realizadas pelo diretor de "Deus e o Diabo na Terra do Sol" era feito a partir das entrevistas que Glauber concedia a publicações europeias, em que ele sempre criticava o governo militar e a repressão. De acordo com o site, os militares consideravam os depoimentos do cineasta um "violento ataque ao país". 

Os relatórios tinham em anexo as entrevistas e também comentários à vida de Rocha e sua filmografia. "Seus desejos são de um comunista convicto, a serviço do imperialismo soviético. Demonstra que usou e abusou do cinema brasileiro, do qual recebeu auxílios e incentivos, em prol da revolução comunista”.

Em outro documento, os militares fizeram uma lista com os nomes dos amigos de Glauber da música, teatro e do cinema, em que eles comentam sobre suas atividades "achincalhadas".

"Seus comentários a respeito de Carlos Diegues, Nelson Pereira dos Santos, Saraceni, Joaquim Pedro de Andrade, Caetano Veloso, Gil e José Celso Martinez demonstram, ampliam, os conhecimentos que, embora já sabidos, devem ser sempre lembrados, sobre as verdadeiras finalidades das atividades desses elementos. A situação maléfica que exercem está sempre presente, bastando lembrar o grande sucesso que, há pouco, tiveram Caetano e Gil em sua temporada no Brasil, onde atuaram até no Teatro Municipal, num achincalho àqueles que combatem a subversão no Brasil", diz o trecho. 

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