Evento debate potencial hídrico da Bahia


Da Redação
  
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Aquífero Urucuia, conhecido como ‘caixa d’água sob o cerrado’, corta cinco estados - Foto: Divulgação
Aquífero Urucuia, conhecido como ‘caixa d’água sob o cerrado’, corta cinco estados
Divulgação
Os resultados parciais de um estudo científico sobre o potencial hídrico do oeste da Bahia serão apresentados, pela primeira vez, nesta segunda-feira, 26, durante o I Seminário Internacional de Pesquisa Científica para Políticas Públicas de Gestão Sustentável dos Recursos Hídricos.
76 mil
km² é a extensão do aquífero que tem a parte mais expressiva situada no oeste da Bahia. Ele pode ser a chave para o potencial e a segurança hídrica da região
O evento ocorre, às 14h, no auditório da Assembleia Legislativa da Bahia. A pesquisa que visa mensurar a quantidade de água existente sob o solo baiano é realizada por pesquisadores da Universidade de Nebraska, nos Estados Unidos, e da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais.
Na oportunidade, representantes do governo e sociedade civil irão debater um dos temas mais comentados da atualidade, e os resultados apresentados podem interferir na produção agrícola da Bahia, uma vez que a escassez de água gera insegurança, sobretudo no agronegócio, cuja produção depende diretamente dos recursos hídricos disponíveis.
“Não se pode falar em crise hídrica nem mesmo em produção sustentável sem antes mensurar os recursos. E o que o estudo propõe é exatamente quantificar e qualificar a água subterrânea existente na região para, então, propor um modelo de gestão que seja sustentável, garantindo os múltiplos usos dessa água”, pontuou o professor Aziz Galvão, pesquisador do Institute Water for Food (Instituto Água para Alimentos), da Universidade do Nebraska-Lincoln.
Sustentabilidade
Segundo ele, é completamente possível plantar com sustentabilidade, garantindo água para o consumo humano e animal, para a agricultura irrigada e ainda para lazer e recreação. O segredo, revela o pesquisador, está na gestão correta do recurso natural, como é feita em Nebraska, a região mais irrigada dos Estados Unidos.
Com uma área de 3,5 milhões de hectares sob pivôs centrais, utilizando em sua maioria águas subterrâneas, o estado norte-americano é referência mundial em gestão de recursos hídricos, com um sistema inovador para produzir alimentos de forma sustentável.
É esta experiência de sucesso que os pesquisadores pretendem trazer para o Brasil, mais especificamente para o oeste da Bahia, conhecido polo produtor de grãos e fibra, e que tem um cenário bastante semelhante ao dos americanos.
A região abriga boa parte do Sistema Aquífero Urucuia (SAU), conhecido como a caixa d’água sob o cerrado. Apesar da abundância, os produtores rurais daquela área não usufruem do recurso hídrico e têm sido castigados pela severa estiagem dos últimos cinco anos.
Abrangência
Dos 76.000 km² de extensão do aquífero, que corta cinco estados brasileiros, a parte mais expressiva fica situada no oeste da Bahia. Ele pode ser a chave para o potencial e a segurança hídrica da região. “Nós não vamos parar de comer, então é preciso continuar plantando, por isso a busca por uma agricultura sustentável, porque é ela que garantirá a segurança alimentar do mundo”, disse o pesquisador, ressaltando que a irrigação pode ser a solução e não a vilã, desde que alterada a política de gestão das águas.
Para o presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Celestino Zanella, o monitoramento do SAU é de extrema importância não só para os agricultores, mas para toda população do oeste baianos.
“O produtor rural não pode ser visto como vilão. As pessoas precisam entender que ele é o maior interessado em preservar os rios, pois o seu negócio depende diretamente disso. É daqui que tiramos o nosso alimento e também o de uma nação inteira. Para continuar produzindo, a gente precisa da água, pois não há outro modo de produzir. Nenhum produtor vai investir em um sistema de irrigação caríssimo em uma área que corre o risco de secar. É ingênuo pensar que alguém quer perder dinheiro e colocar a segurança alimentar em risco”, salientou.
O estudo é financiado pelo governo da Bahia, através da Sema, Inema e Seagri, e conta com o apoio da Aiba, por meio do Programa para Desenvolvimento da Agropecuária (Prodeagro).

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