40 anos da REG – RESIDÊNCIA DOS ESTUDANTES DE GUANAMBI EM SALVADOR (1977/2017) - PARTE 2
A REG E A CIVUB
Por José Carlos Lelis Costa
Perguntem a quem lá morou
no tempo que lá passou,
se havia, então, um lugar
tão bom de se morar.
Com a criação da REG RESIDÊNCIA DOS ESTUDANTES DE GUANAMBI , em 1977, ampliou-se o engajamento do CEG - CENTRO ESTUDANTIL DE GUANAMBI no movimento
estudantil e popular da Bahia.
Em Salvador, onde surgia um foco de resistência
ao regime militar, tinha uma liderança de Guanambi na frente da batalha. O CEG
e a REG participaram ativamente da articulação e da fundação da CIVUB
(Confederação Interiorana de Vestibulandos e Universitários da Bahia), entidade
que organizou as residências do interior na capital e que posteriormente foi o
fórum de reorganização das entidades estudantis da Bahia e do Brasil (UNE,
UBES, UEB, Das, DCEs).
A CIVUB coordenou as lutas conjuntas das casas dos
estudantes por melhores condições de moradia e estudo e na defesa das mesmas,
contra os prefeitos que vinculados ao poder estadual, queriam fecha-las por que
representavam a resistência contra as oligarquias locais e como centro de
conscientização das populações interioranas. O CEG, a REG e a CIVUB
participaram ativamente para a realização do glorioso congresso de reconstrução
da União Nacional dos Estudantes (UNE) em Salvador, em 1979.
Em pleno congresso
da UNE, as lideranças de Guanambi e da CIVUB jogaram papel fundamental nos
primeiros passos para a reorganização da UBES (União Brasileira de Estudantes
Secundaristas). Tudo isso ocorria num clima de lutas políticas e de ideias
entre as diversas correntes do movimento estudantil – VIRAÇÃO (PCdoB), Nova
Ação (AP), Liberdade e Luta (Libelu), Hora do Povo (MR-8), etc. No nosso
movimento sempre houve um respeito e uma convivência democrática, onde todos
respeitavam as diferenças ideológicas do período, garantindo assim na prática a
liberdade de expressão que tanto defendíamos.
A REG transformou-se num
importante centro de cultura, política e de lazer da capital, buscando novas
formas de intervenção no movimento social, através de peças teatrais, formação
de um grupo de forró, que promovia os arrasta-pés mais animados de Salvador.
Passou também a ser uma referência nacional das caravanas de estudantes de todo
o país no período do recesso escolar. Um centro de solidariedade para os
enfermos de Guanambi. Acima de tudo, a residência cumpriu como o seu principal
papel que era a formação profissional de diversos estudantes carentes da
cidade.
O CEG plantou a semente do amanhã, enquanto a REG regou com muita luta, suor e perseverança os frutos que foram colhidos pela comunidade de Guanambi. São diversos profissionais liberais que prestam enormes serviços nos dias de hoje na cidade ou estão espalhados pela Bahia e o Brasil.
O CEG plantou a semente do amanhã, enquanto a REG regou com muita luta, suor e perseverança os frutos que foram colhidos pela comunidade de Guanambi. São diversos profissionais liberais que prestam enormes serviços nos dias de hoje na cidade ou estão espalhados pela Bahia e o Brasil.
Sofremos diversos reveses ao longo dessa história, além das
péssimas condições de infraestrutura da REG, houve várias tentativas de
interferirem no processo de seleção dos residentes, que cominaram com o corte
do aluguel da casa na gestão do prefeito Nilo Coelho em 1983. A REG foi fechada
através de uma decisão arbitrária do poder municipal. A casa se encontrava num
estado lastimável e teve que fechar. Assim passou-se o tempo e a luta pela
retomada da REG foi articulada pelos vereadores Edson Luís (LUIA) e Paulo Costa
em 1991, sendo que a casa foi reaberta na gestão de Vá Boa Sorte.
A criação desse movimento significou uma importante ruptura com a
oligarquia guanambiense que reflete até os dias atuais. Os meninos do CEG revolucionaram
a cidade com muito amor, carinho e amplitude, abrindo perspectivas para que as
novas gerações se espelhem nesse rico movimento.
Não podemos deixar que as novas gerações se percam nas desilusões políticas impostas pelas classes dominantes. A história mostrou que os meninos do CEG estavam certos. Hoje, independentemente da ideologia dos vários segmentos da população da cidade, os atores desse filme são respeitados e servem de referência para a juventude.
Não podemos deixar que as novas gerações se percam nas desilusões políticas impostas pelas classes dominantes. A história mostrou que os meninos do CEG estavam certos. Hoje, independentemente da ideologia dos vários segmentos da população da cidade, os atores desse filme são respeitados e servem de referência para a juventude.