Umbu e outras frutas nativas são boas opções para agricultura familiar

Foto: Sergio Donato
Das 18 espécies do gênero Spondias, como umbu-cajá, cajarana, ceriguela e umbuguela, várias são pouco estudadas e sua produção é totalmente extrativista, ou seja, são coletadas diretamente da natureza e não cultivadas em pomares comerciais. Por conta disso, parte de um trabalho de pesquisa na Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA) distribui mudas e ajuda a manter bancos de germoplasma dessas frutas.
 
A mais famosa é o umbu, fruto do umbuzeiro, planta tão importante para o sertanejo que foi citada pelo escritor Euclides da Cunha no livro Os Sertões, de 1902: "É a árvore sagrada do sertão. Sócia fiel das rápidas horas felizes e longos dias amargos dos vaqueiros. Representa o mais frisante exemplo de adaptação da flora sertaneja". Mais que isso, o umbu só existe nessa região.
 
Todas as plantas do gênero Spondias têm crescimento lento, mas são tolerantes à seca e têm boa produtividade em locais sem irrigação. Principalmente por essa característica, têm bastante importância para o Semiárido. "Muitas vezes, o umbu produz independentemente da chuva. Mesmo com pequena chuva ou trovoada, ela produz, garantindo uma renda para o pequeno produtor e, até mesmo, sua sobrevivência", afirma Nelson Fonseca, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura.

Preservação
 
Com o objetivo de colaborar com a preservação da espécie, a Embrapa Mandioca e Fruticultura, a Embrapa Semiárido (PE) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) cederam, em 2006, para o campus do Instituto Federal de Educação (IF) em Guanambi (BA), mudas de umbuzeiros e umbucajazeiras. "A Embrapa colocou em nosso instituto uma coleção de 26 clones, totalizando 140 plantas. Dessas, 80 plantas têm nove anos. Nós já estamos produzindo há quatro. As outras 60 fizeram cinco anos em novembro e vão iniciar a produção, ainda pequena, esse ano. A grande importância desse banco é a conservação desse material, já que ele tem uma variabilidade grande. É uma coleção que tem materiais da Bahia, de Minas Gerais e de Pernambuco, também considerados os melhores clones em tamanho. Isso é de fato um trabalho muito importante para a preservação da espécie na Caatinga", explica o engenheiro-agrônomo Sergio Donato, professor do IF Baiano.
 
Segundo ele, o peso médio de um fruto de umbuzeiro é em torno de 18 gramas, mas os clones de umbu da coleção superam em muito esse valor. "O peso médio do clone MG-01, originado de Lontra (MG), é 98 gramas, mas existem outros também quase do mesmo tamanho. Quando se fala por aí de umbu ‘gigante', todo mundo normalmente se refere a esse clone, ele é o mais difundido. O peso médio desse clone são 98 gramas, mas ele chega a 160", complementa o professor.
 
Para Donato, o umbuzeiro é uma cultura de fácil manejo, por ser adaptada às condições ecológicas. "Se você pensar que no Semiárido outras plantas demandam água, trabalhar com o umbu é mais tranquilo. É lógico que não pode ser no ‘bodismo', você colocar a planta e achar que ela vai sobreviver. Uma vez passada a fase inicial, a manutenção é mais fácil", afirma. O professor destaca ainda o clone CP-47, com características exóticas, com apelo também ornamental, originado de São Gabriel, BA, cujos frutos pequenos e doces são dispostos em cachos, parecidos aos de uva, com até 25 frutos.

Vista geral de pomar de umbuzeiros no IFBaiano 

na estação das chuvas - Foto: Sergio Donato


Comparação do clone 01 com umbus da região e 

fruto de maçã - Foto: Sergio Donato


FONTE



 

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