CURIOSIDADE: ADARY OLIVEIRA - COPIANDO A NATUREZA

COLUNISTA DO BAHIA ECONÔMICA

O químico francês Antoine Laurent de Lavoisier foi considerado em 1743 o pai da química moderna, ficando famoso ao anunciar o Princípio da Conservação da Massa também conhecido como Princípio de Lavoisier: “Em uma reação química feita em recipiente fechado, a soma das massas dos reagentes é igual à soma das massas dos produtos”. Em outras palavras, costuma-se dizer que “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Claro que o bom humor do brasileiro, introduzindo uma rima, habitua também citar “Na natureza nada se cria, tudo se copia”.

Foi assim que em 1948 o engenheiro suíço George de Mestral, andando pelos sertões do Ceará, ficou irritado ao notar que sua calça estava cheia de carrapichos nela agarrados. Passada a irritação, decidiu descobrir de que modo aquelas sementes nativas da região nordestina conseguiam agarrar-se ao tecido de algodão sem uso de adesivos.

A observação feita por George através de um microscópio o levou a descobrir que o carrapicho tinha patas que terminavam por pequenos ganchos, que se prendiam a qualquer coisa com pelos. Foi aí que ele resolveu copiar a natureza inventando um fecho com ganchinhos e lacinhos de propriedades agarrativas semelhantes às do carrapicho. Deu-lhe o nome de “velcro” combinando duas palavras francesas: “velours” (veludo) e “crochet” (gancho).

Os tecidos de fibras naturais mais usados tinham pelo menos duas origens: animal (seda e lã) e vegetal (algodão). Antes que a população do planeta atingisse os 7 bilhões atuais de habitantes, para resolverem o problema de escala de produção dos tecidos os inventores caíram em campo para copiar a natureza tendo sintetizado vários materiais. Os mais conhecidos são o náilon, para substituir a seda, o acrílico, para substituir a lã, e o poliéster para substituir o algodão.

A primeira fibra têxtil sintética produzida industrialmente foi o náilon (nylon), nome genérico da família das poliamidas, anotada pelo químico americano Wallace Hume Carothers em 1935, dando esse nome para homenagear sua cidade, New York, e a de sua mulher, London. O náilon é imbatível na fabricação de meias, roupas intimas femininas, maiôs, biquínis e roupas desportivas.

As fibras acrílicas são fibras sintéticas obtidas a partir da polimerização em cadeia da acrilonitrila, pertencendo, portanto, à família das poliacrilonitrilas. Esta substância foi sintetizada pela primeira vez em 1894 pelo cientista alemão Mouren e a produção industrial só foi iniciada em 1943 pela Dupont. O clima tropical do Brasil não aconselha o uso dessa fibra, que se assemelha à lã, na fabricação do vestuário. Muitas vezes, para atrair o mercado, são usadas cores exóticas como o azul pavão, o rosa choque e o verde cheguei.

O poliéster é uma família de polímeros que contém o grupo funcional éster. A fibra de poliéster foi produzida industrialmente pela primeira vez na Inglaterra nos anos trinta, sendo chamada Terylene. Surgiu depois na França com o nome Tergal, na Espanha Terlenka e na Alemanha Trevira, de produção liderada pela Hoechst.

Inovação é uma palavra da moda que significa criar algo novo, uma invenção que chega ao mercado. A incorporação de uma inovação está relacionada com a exploração econômica de um método ou objeto que pouco se parece com os padrões anteriores. Nos tempos em que se fala muito em tecnologias de inovação, como importante para o desenvolvimento e fortalecimento da economia, a natureza continua sendo uma fonte inesgotável para novas ideias e descobertas, sempre sugerindo coisas novas para serem copiadas, bastando apurar as investigações.


Adary Oliveira
 adary347@gmail.com

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