Ferroviários dizem que morte de colega é tragédia anunciada

A TARDE

Miriam Hermes l Sucursal Barreiras



Os ferroviários brasileiros adotaram uma tarja preta no uniforme, desde o último final de semana, em sinal de luto pela morte do maquinista George Ferreira, 28, ocorrida no dia 13 de fevereiro. O profissional sofreu um acidente enquanto trabalhava no trecho do município baiano de Licínio de Almeida, 750 km de Salvador.
George, que era ligado ao Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Ferroviário e Metroviário dos Estados da Bahia e Sergipe (Sindiferro), teve o corpo carbonizado com o incêndio provocado após o tombamento das locomotivas.
A composição que era dirigida por ele contava com três locomotivas e 21 vagões que iam de Catiboaba (BA) para Contagem (MG).

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Até esta quinta-feira, 18, os restos mortais permaneciam no Departamento de Polícia Técnica de Guanambi, esperando o resultado do DNA para liberação. O sepultamento deve ocorrer em Brumado, onde  a família residia.
"A morte do companheiro, filho de maquinista, casado e pai de um bebê, foi, lamentavelmente, uma tragédia anunciada", disse o diretor do Sindiferro para os estados da Bahia e Sergipe, Antônio Eduardo Nascimento Oliveira. 
Segundo ele, desde 2013, a entidade vem cobrando das autoridades brasileiras e da Ferrovia Centro Atlântica (FCA) que se faça manutenção das vias, com substituição de trilhos e dormentes, além de outros serviços para dar mais segurança aos trabalhadores.
"Só em 2015 tivemos três descarrilhamentos nas ferrovias da FCA na Bahia", destacou o sindicalista. A FCA é, junto com a Vale e a holding VLI, responsável pelo trecho ferroviário.
Solicitações
Oliveira afirmou, ainda, que o sindicato cobrou a presença de dois maquinistas em cada trem, que passa por lugares desertos dentro do estado. "Nosso companheiro estava sozinho no momento do acidente. Isto não pode acontecer", enfatizou.
Por meio de nota, a direção da FCA lamentou a morte do empregado: "As apurações preliminares indicam que as locomotivas, provavelmente, se chocaram com algum obstáculo sobre a linha férrea, provocando o incêndio. Apesar de termos acionado o Corpo de Bombeiros e uma UTI aérea para o resgate, infelizmente, o maquinista foi encontrado já sem vida".
Ainda de acordo com o documento, a empresa está priorizando o amparo aos familiares, e as causas do acidente ainda estão sendo apuradas. "Estamos à disposição das autoridades no intuito de colaborar plenamente com as investigações", informou.
Sobre as cobranças elencadas pelo sindicato, a FCA, através da sua diretoria, afirmou que possui um plano diretor de manutenção ferroviária, com cronograma de atividades regulares de prevenção e  correção.
Informou também que no trecho do acidente não há indicação de que algum problema na linha tenha causado o acidente. A empresa acredita que, em função das chuvas, pode ter ocorrido deslocamento de pedras das laterais para os trilhos.
 

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