PSB baiano indica que vai apoiar o PT
Tribuna da Bahia
por
Hieros Vasconcelos Rego
Publicada em 10/10/2014 02:09:11
Conforme lideranças socialistas, a expectativa é que o diretório estadual siga a mesma posição da senadora Lídice da Mata, que disputou o Palácio de Ondina pelo partido, ficando em terceiro lugar no número de votos. Ela já havia declarado em seu Facebook que não apoiaria o tucano.
“Quero deixar clara a minha posição de que não apoiarei a candidatura de Aécio Neves à Presidência da República. Nacionalmente, o meu partido decidiu por esse apoio, mas, também, ficou deliberado que seriam respeitadas as especificidades de cada estado”, postou a senadora. Ainda ontem, também antes da reunião do PSB baiano, que começou por volta de 20 horas e terminou às 22 horas, o vereador Silvio Humberto enviou uma carta aberta onde justificava seu voto a Dilma.
O PSB, aliado histórico do PT, rompeu com o governo Dilma em 2013 para lançar a candidatura do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. Desde que foi confirmado o segundo turno para a Presidência, na madrugada de 06 de outubro, a legenda tem se mostrado dividida em vários estados.
Na reunião ocorrida em Brasília, a Executiva Nacional afirmou ainda que apenas dois diretórios estaduais não precisariam seguir o apoio da cúpula ao presidenciável tucano: a Paraíba, cujo candidato ao governo Ricardo Coutinho enfrentará o tucano Cássio Cunha Lima nesse segundo turno, e o Amapá, cujo postulante ao governo do estado, Camilo Capiberibe (PSB), tem o PT em sua coligação. Apesar disso, não só a Bahia, mas o Acre também deve caminhar ao lado de Dilma. O presidente do PSB/AC, Gabriel Gelpke, viaja hoje para Brasília para declarar oficialmente a decisão do partido. Em Sergipe, os pessebistas também demonstram tendência de apoio ao PT.
Na Bahia, alguns membros socialistas seguiram a tendência nacional. O candidato a vice-governador pelo PSB, Eduardo Vasconcelos, ex-prefeito de Brumado, é um deles. O ex-prefeito diz ser impossível apoiar os petistas principalmente porque, no seu município, o conflito é grande.
“Aqui em Brumado a nossa convivência com o grupo que assumiu o PT é tão conflituosa quanto é o grupo de Lídice e o DEM em Salvador. Não temos condição de estar no mesmo palanque que ele. Além do mais, entendemos que essa mudança do governo federal é necessária”, afirmou o socialista, que não esteve na reunião. “Se eu não puder apoiar Aécio, também não posso apoiar o PT”, acrescentou.
Derrotada na disputa pelo Senado, ficando em terceiro lugar e com mais votos do que Lídice da Mata, a ex-ministra Eliana Calmon se declarou a favor de Aécio Neves e disse respeitar a posição do PSB baiano e de sua companheira Lídice da Mata.
Para o secretário geral do PSB baiano, Rodrigo Hita, essa divisão de membros do partido é natural. “Considero natural Eduardo Vasconcelos apoiar Aécio. Quando você tem uma disputa muito intensa na cidade, fala mais alto do que a política estadual. Na cidade, ele não conseguiria justifcicar aos seus eleitores um apoio a Dilma. É da política natural de prefeitos em cidades pequenas. Considero natural também a posição individual de cada político”, afirmou.
Antônio Olivo, presidente do PSL na Bahia, que integrou a coligação do PSB na disputa pelo governo baiano, garante também apoio à presidente Dilma Rousseff. “Mas nós nunca deixamos de apoiar o governador Jaques Wagner e o PT. Afirmo sem medo de errar, e sem medo de dizer que somos da base de Wagner. É uma postura ideológica”, destacou.
Reeleita deputada federal por São Paulo, Luíza Erundina disse que o apoio do seu partido a Aécio Neves é incoerente e mostrou-se decepcionada com a decisão. À Revista Carta Capital, ela afirmou que: “Desde o início do processo eleitoral, tanto Eduardo Campos quanto Marina Silva defenderam ser preciso superar a velha polarização entre PT e PSDB. É incoerente, depois de tudo que se passou, reforçar um desses polos agora”.
Erundina, que defendeu a neutralidade do partido, acrescentou ainda que: “É ainda mais vexatório declarar voto para uma candidatura notadamente conservadora, que defende posições tão contrárias ao que defendemos, como a redução da maioridade penal”.
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