Vitória da Conquista: Sombras da Ditadura

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Foto: Facebook | Alan Kard
Foto: Facebook | Allan Kard
Esta tela do Artista Plástico Allan de Kard na técnica mista sobre tela, nas dimensões 148cm x 250cm, de título Sombras da ditadura , trás a tona a lembrança da noite negra que se abateu sobre a Pátria brasileira entre 1964 e 1983, quando completa 50 anos do golpe militar e sua herança; Centenas de mortos e desaparecidos e milhares de torturados.  O quadro é emblemático, carregado de cores fortes. Ao fundo um imenso painel com o nome dos desaparecidos, dentre eles o da Conquistense Dinaelza Coqueiro e logo abaixo 136 cruzes, sugerindo talvez que os desaparecidos devem ser catalogados como mortos, afim de que se alivie da duvida seus familiares que não tiveram o direito de sepultar seus mortos.
Nas paredes laterais, a inscrição dos nomes dos mortos e o ano em que sucumbiram. No canto superior esquerdo, percebe-se pares de mãos sujas de sangue; Quantas mãos ainda sangram? Que por mais que sejam lavadas, voltam a enodoar-se, pois não se apaga com Agua o que foi gravado com fogo na consciência.  No painel ao fundo o sangue também jorra abundante .  No lado direito a bandeira brasileira manchada de sangue, e ao invés do ordem e progresso, lê-se Ame-o ou Deixe-o, jargão muito utilizado pelos militares; logo abaixo sombras humanas que não se sabe dizer se são de mortos ou de vivos.  No piso do salão estende-se duas Alamedas em forma de Cruz, forradas com tapetes vermelhos, por onde desfilou as botas da opressão. Ao fundo um ser humano num Pau-de-arara, símbolo da bestialidade humana em dias tão sombrios, trazendo a lembrança dos milhares de torturados nos porões da Ditadura. A frente um soldado, sem destino e sem razão, conduzindo um corpo num carrinho de mão; anônimos ambos, vitima e opressor. O campo abriga ainda varias covas rasas, único prêmio possível aos que tombaram na calada da noite, nos porões, longe das luzes da imprensa imprensada pelo opressor.  Surpreendente ainda é uma janela clara no lado esquerdo baixo da tela que segundo o artista é uma janela para outra dimensão.  Dimensão esta que os corpos não são mais matéria prima da opressão; sugere que só se assassina corpos, sem contudo matar os ideais, nesta dimensão caberia tudo inclusive o perdão.  O artista propôs como forma didática a participação dos seus filhos na execução da obra, e assim a filha mais velha foi a fotógrafa, o filho, modelo para as figuras humanas, e a filha caçula copista dos nomes dos mortos.  Allan de Kard revela que a inspiração para este trabalho nasceu da observação da obra de seu amigo também artista plástico Edimilson Santana exposta no Museu Pedagógico no antigo colégio Padre Palmeira. Quando que a referida instalação seria desmontada brevemente disse:”Por mais valoroso que seja este espaço, esta instalação se tornou maior que ele”.  Assim resolveu produzir uma forma de expressão artística que não fosse efêmera. E ao mesmo tempo demonstrar ao amigo o quão significativo foi para ele sua obra.
Informações: Assessoria de imprensa do artist

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