Estudo mostra avanços sociais no Brasil



Especialista aponta novos desafios para o país

DO BAHIA TODO DIA | 05/02/13| 08h42

Produzido pela editora Outras Expressões e encomendado pela organização europeia Christian Aid, o estudo O Brasil Real: A Desigualdade para Além dos Indicadores, revela que o país avançou consideravelmente na área social entre 2003 e 2013. O trabalho foi realizado por pesquisadores do Centro Brasileiro de Análise de Planejamento (Cebrap).

Segundo o coordenador da pesquisa, o professor de história econômica Alexandre Barbosa, as mudanças ocorridas estão ligadas especialmente à valorização real do salário mínimo, “que deu maior poder a uma enorme massa de trabalhadores que ganham de um a três salários e realizam atividades manuais.”

“Não há como negar que houve uma redução substancial da pobreza no Brasil e diferentes tipos de indicadores apontam isso. Ela começou um pouco antes do governo Lula, mas a inflexão mais forte ocorreu entre 2004 e 2009. Pela primeira vez na história, o Brasil viveu um processo de crescimento econômico com democracia e redução da desigualdade de renda”, destacou.

Segundo Barbosa, os motivos são vários: melhoria do quadro externo, redução dos juros, retomada dos investimentos do governo federal, gastos populares – em razão do emprego, do crédito e do salário mínimo em elevação – , programas de transferência de renda e outros.

“Houve uma retomada do papel do Estado como indutor da demanda, inclusive por meio do investimento – o que atiçou as expectativas de retorno por parte dos empresários, permitindo a aceleração do crescimento econômico, especialmente entre 2006 e 2008. Além do crescimento econômico e de seu reflexo no mercado de trabalho, o governo reforçou a política de elevação do poder de compra do salário mínimo, impactando os níveis de renda da mão de obra menos qualificada e dos beneficiários da previdência social”, lembrou.

Desafios

Segundo o pesquisador, o Brasil é um País muito complexo. A queda mais significativa das desigualdades ocorreu nas regiões mais ricas, onde existem mais assalariados, onde a massa salarial é maior. Isso contraria aqueles que afirmam que os Estados mais ricos estariam sustentando a queda na desigualdade com transferência de renda para os pobres do Nordeste. Foram os segmentos mais pobres regidos pelo salário mínimo que conseguiram mais avanços.

“Os governos de Lula e Dilma deram um passo importante ao colocar a questão da pobreza no centro da agenda, mas isso ofuscou a agenda maior, do desenvolvimento e da redução da desigualdade. São agendas que deveriam se completar. O combate duradouro e eficiente à pobreza exige uma agenda do desenvolvimento e do combate à desigualdade”, afirmou.

Para ele, uma das prioridades é a reforma tributária. “No Brasil a concentração em impostos indiretos, mais regressivos, contribui para baixar a renda disponível dos pobres e elevar a dos ricos. Também é preciso desonerar a folha de pagamento, para aumentar a competitividade. É preciso, como já disse, discutir habitação, saneamento, educação, saúde, todas as políticas de infraestrutura, porque todas elas podem contribuir para reduzir a desigualdade de oportunidades”, pontuou.

Barbosa enfatiza que é preciso fazer avançar os setores industriais de maior produtividade, maior processamento, maior agregação de valor, maior tecnologia. “Isso poderia fazer com que a massa de trabalhadores que vive do salário mínimo passasse para níveis salariais melhores, o aumento da renda ficaria casado com o aumento da produtividade”, concluiu.

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