Opinião



NILO COELHO TRANSFERE O TÍTULO PARA CONQUISTA


 
Não fosse uma notinha no Blog do Anderson, assinada pelo jornalista Thiago Ferreira, que foi reproduzida por não mais que meia dúzia de sites, passaria despercebida uma notícia da maior importância para região: A transferência do título eleitoral do ex-governador Nilo Coelho para Vitória da Conquista. Esse fato tem alguns indicativos importantes e o primeiro deles é que Nilo, depois de ter sido batido pela oposição em sua terra natal nas últimas eleições, onde fora majoritário e "senhor da política" nos últimos 20 anos, resolveu jogar a toalha e desistir da política de Guanambi, deixando órfão um grupo de dedicados seguidores que ainda o tem como líder. Filiado ao PSDB, ele deixou a Prefeitura de Guanambi, um ano e oito meses após ter sido reeleito para o segundo mandato de Prefeito, para ser vice na chapa de Paulo Souto (DEM) ao Governo do Estado nas eleições de 2010, onde não teve uma boa performance; depois disso, visitou poucas vezes a cidade e seus amigos passaram a cogitar a possibilidade dele se candidatar a Prefeito de Barreiras ou Vitória da Conquista; mas no velho estilo político de "não querer querendo" Nilo sempre rechassou ambas as possibilidades: -"Não almejo continuar na vida pública, nem mesmo numa cidade da importância de Vitória da Conquista, entretanto, aprendi na vida um ditado popular que diz: Nunca diga 'dessa água não beberei". - declarou em entrevista a revista ENTREVIP recentemente; aliás, esta revista dedicou várias páginas sobre a história política do ex-prefeito, numa reportagem ricamente ilustrada, que não deve ter ficado barata. Se não há pretenções, por que justamente ele, que sempre declarou um extremado amor por Guanambi e seu povo, autor inclusive de uma frase muito conhecida: -" minha querida Guanambi!", iria transferir seu domicílio eleitoral para Vitória da Conquista? - Estaria Nilo magoado com o povo de Guanambi? Ou seria essa uma estratégia política para permitir que seu grupo se aproximasse do Governo do Estado? Nisso tudo há uma grande verdade: O ex-prefeito, bancando o grande líder regional, deixou Guanambi por mais de vinte anos distante dos governos estadual e federal, fazendo uma oposição inconsequente e privou o município de participar dos grandes projetos e programas de desenvolvimento da "Era Lula"; nesse tempo, os deputados federais que recomendou ao seu eleitorado local, e que daqui levaram grandes votações, nunca trouxeram nada para Guanambi. Nesse período o município se transformou numa ilha em relação à região, fechada a qualquer investimento do governo, alinhada a um líder local, que tinha o controle da Câmara de Vereadores e chegava anunciar em out-door, popularidade acima de 80%, maior inclusive da do Presidente Lula na época. Inegável a sua contribuição para o fortalecimento de Guanambi. Foi o prefeito que mais construiu, mas também o que mais arrecadou; com seu estilo arrojado, anti-democrático e pouco convencional para os dias de hoje, ganhou adeptos, mas também foi ganhando desafetos no próprio grupo e desgastando pouco a pouco a sua imagem. Inacessível ao povo, não recebia a representação dos servidores, mantinha uma administração centrada em suas decisões, longe do alcance de qualquer crítica ou sugestão. Cansado, o povo um dia resolveu não seguir mais a sua orientação e o império começou a ruir, embora tenha ainda muita gente que não se deu conta disso. Eleitoralmente desligado de Guanambi, parece lógico que o ex-prefeito não interfira mais na administração municipal e o correto seria que o atual prefeito Charles Fernandes se sentisse bem à vontade para governar livre de qualquer compromisso político com o ex-gestor. 

Texto: José Roberto Teixeira

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