Editorial (2)


Hoje (24/08), 55º aniversário da morte de Getúlio Vargas

A crise do Senado e a falsa moralidade da direita

O núcleo da direita brasileira, capitaneado pelo PSDB, o DEM e o PiG (Partido da imprensa Golpista) concentraram esforços desde a posse de Luiz Inácio Lula da Silva para estabelecer no Senado da República sua área de atuação preferencial, pois lá dispõe de quadros para colocar em prática seu objetivo de destruir o novo ciclo político democrático e popular iniciado a partir de 2003. De lá para cá, aquela casa - que deveria ser a instância revisora e de garantia do equilíbrio federativo - passou a ser palco de grandes disputas políticas para dificultar as ações do novo governo, emperrando os trabalhos legislativos e sendo um obstáculo para o Governo Lula.

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), eleito para a atual legislatura após intenso embate político, é um aliado do governo e, por isso, alvo principal de ataque dos que pretender colocar um ponto final, em 2010, no ciclo que chega aos sete anos, com um presidente da República que exibe índices de apoio popular inéditos na história recente do país.

Sarney, ex-presidente da República, tem em seu currículo a direção, após a morte de Tancredo Neves, da transição que trouxe o Brasil de volta à legalidade democrática, com o fim da ditadura Militar, após 20 anos de exceção, de violências, prisões, torturas e assassinatos políticos. Seu governo legalizou os partidos políticos jogados na clandestinidade (entre eles o PCdoB), entidades de massa como a UNE, as centrais sindicais, foi convocada uma Constituinte e não se permitiu a privatização de empresas como a Petrobras, alvo da cobiça do capital imperialista.

Nestas últimas semanas, aquela direita e a mídia monopolista tudo fizeram para liquidar com o presidente do Senado, buscando através deste ataque atingir Lula e a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Para isso continuam fazendo denúncias de caráter ético-moralista, semelhantes às campanhas udenistas da década de cinquenta, que levaram Getúlio Vargas ao suicídio. Sem dúvida o sistema de representação política brasileiro precisa avançar muito e tem problemas estruturais graves, que precisam ser corrigidos. É por isso mesmo que as forças democráticas e populares defendem a reforma do sistema eleitoral e partidário para avançar e consolidar a participação popular. Querem o financiamento público de campanhas e o sistema de listas pré-ordenadas pelos partidos para a composição das casas legislativas como mecanismos fundamentais para combater as mazelas corruptoras geradas pelo sistema vigente, que favorece o poder econômico.

A direita faria melhor se ao menos revelasse a essência da plataforma política conservadora que tenta esconder com o frágil biombo formado pelas acusações que faz. E procurar, com isso, conquistar o improvável: o apoio da população a essa plataforma no grande embate que ocorrerá nas eleições do próximo ano no Brasil. Será uma disputa que vai envolver a escolha entre aqueles que defendem um novo projeto nacional de desenvolvimento soberano e que valorize o trabalho e a renda, contra aqueles que, sob Fernando Henrique Cardoso, foram responsáveis pelo marasmo, paralisia, subordinação do país aos interesses das potências estrangeiras e também pelo desemprego e empobrecimento da população.

Daí a sanha acusatória da direita e dos conservadores – eles não podem revelar claramente sua intenção de voltar ao seu programa retrógrado e prejudicial para os brasileiros. Eles não podem fazer isso porque é um programa desmoralizada, com fundamentos nas privatizações, no estado mínimo, no corte de investimentos e na redução dos gastos sociais. Por isso insistem num programa falsamente moralizante.

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