Estudantes suspendem ocupação nos campi da Uneb após 73 dias


Diego Mascarenhas / Agência A TARDE
Mobilização de estudantes durante ocupação do campus da Uneb em Valença



O setor administrativo da Universidade Estadual da Bahia (Uneb), nos campi de Caetité, Guanambi e Bom Jesus da Lapa, no sudoeste do Estado, foi liberado pelos estudantes após 73 dias de ocupação em protesto contra a falta de professores.

Ficou acertado que o Projeto de Lei (que autoriza a realização de concurso para provimento de vagas para docentes das estaduais) será concluído pela Secretaria de Educação e encaminhado à Assembléia Legislativa. Antes disso os representantes dos estudantes farão vistas ao documento.
“Não temos data, mas acreditamos na aprovação em caráter de urgência”, assinalou o representante dos estudantes do Campus 17 (Lapa), Marcelo Souza. Como resultado da mobilização dos três campi, os estudantes conseguiram alterar o orçamento estadual para a educação com a inclusão de R$$10 milhões. “Além da Uneb, esses recursos vão contemplar as demais estaduais (Uesb, Uefs e Uesc), suprindo as vagas que estavam ociosas por conta de professores aposentados ou falecidos”, continuou.
Como só faltavam duas semanas para o fechamento do semestre letivo 2008.2, a ocupação, iniciada em 16 de março, não deve inviabilizar as atividades anteriores e os dias parados serão compensados a partir de 1º de junho. Para tanto, a Pró-reitoria de Graduação deverá elaborar um calendário especial, convocar professores e comunicar aos estudantes aprovados para as matrículas.

Os representantes do Movimento Estudantil Alto Sertão (Meas), avaliaram positivamente a manifestação. “Realmente foi muito positivo, haja vista que a reitoria da Uneb cobrava um concurso público para suprir vagas desde 2006”, reforçou.
“Sabemos que tempo perdido não se recupera, mas discutiremos um calendário especial e, após o fechamento do semestre anterior, iniciaremos o 2009.1”. Souza participou das negociações na Casa Civil com representantes da Secretaria de Educação e da Uneb. O comando do Meas acredita que as estaduais necessitam de, no mínimo, 770 docentes.
A Assessoria de Comunicação da Uneb informou, por meio de nota, que “a reitoria continua intermediando as reuniões entre os estudantes e o governo do Estado, buscando diariamente o entendimento entre as duas partes” e que “a administração da universidade não tem medido esforços na busca de uma solução para este problema”.
Por causa do movimento, foram interrompidas todas as atividades acadêmicas nos cursos de Pedagogia, Pedagogia da Terra e Administração, em Bom Jesus da Lapa.
Também houve interrupção nos cursos de Pedagogia, Administração, Enfermagem e Educação Física, em Guanambi e Ciências Biológicas, Geografia, História, matemática e Letras, em Caetité.
Segundo a estudante Mayara Fernandes, durante a ocupação os acampados revezavam-se em atividades culturais, grupos de estudos, assembléias e acompanhamento de filmes educativos. “Desde o ano passado nós não temos um semestre completo por causa da greve dos professores em 2007. Costuma-se dizer que o semestre da Uneb dura apenas três meses”.
A ocupação teve início em uma das datas fixadas pela universidade para a matrícula dos novos alunos. Além da efetivação de professores, os manifestantes reivindicam a contratação de auxiliares administrativos, ensino de qualidade, laboratórios e acervos bibliográficos.
De acordo com o comando do Meas em Guanambi, somente no Campus XII faltam 27 professores e o espaço físico é insuficiente para abrigar os novos universitários. Em nota, informaram que o Campus de Guanambi deve receber 230 novos alunos, demandando cinco salas, mas só existem quatro.
“A situação não é diferente em Caetité e Bom Jesus da Lapa”, informa o Meas. Em comunicado distribuído em 16 de março, os estudantes relatam em detalhes os problemas supostamente registrados nos três campi.
“Os cursos do Campus XII, e a grande maioria dos Campi da Uneb, encontram-se sem a mínima condição de fornecerem uma formação digna de uma universidade pública, não havendo condições de subsidiar os graduandos, e tampouco receber novas turmas de aprovados que seriam matriculados nos dias 16 e 17 de março”, destaca a nota.
Fonte: Juscelino Souza, da sucursal Conquista

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