ENERGIA

Gás: Bacia do São Francisco pode abastecer Brasil por 60 anos

Começa a surgir um novo mapa do petróleo e do gás no Brasil. São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, Sergipe, Alagoas, Bahia, Rio Grande do Norte, Pará, Maranhão, Amazonas e Santa Catarina já dividem investimentos da indústria petrolífera com o Rio de Janeiro, que ainda detém 85% da produção do país. Agora, com a tranqülidade da auto-suficiência, a expectativa da Petrobras é obter ao menos metade da produção nacional em outros Estados além do Rio de Janeiro ainda na próxima década. "A diversificação do portfólio da empresa é uma das marcas da atual gestão", compara o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli.

Os jornais Gazeta Mercantil e Jornal do Brasil estão anunciando uma séria de reportagens a respeito. Ontem (6), foi publicada uma reportagem mostrando que o Norte de Minas Gerais surpreende com o gás que escapa das veredas e confunde o povo. É o caso de moradores de Santa Fé de Minas e Buritizeiro, no Vale do São Francisco, que fazem parte de uma população carente que vive sobre uma reserva estimada em 1 trilhão de metros cúbicos de gás natural, revelada a todo momento brotando da terra e até da água. E, por isso, sonham com os royalties das empresas petrolíferas que começam a chegar.

Apetite voraz
O volume de gás foi estimado por um estudo com sensores de tecnologia militar instalados na aeronave de uma das empresas com planos exploratórios para Bacia do São Francisco. É reserva suficiente para abastecer o Brasil por 60 anos, dado o consumo atual. A projeção é preliminar, sujeita a revisões a partir de perfurações de poços e testes de viabilidade comercial. Mas foi suficiente para convencer bancos estrangeiros a financiar a pequena empresa no projeto de exploração de nove áreas da região, com R$ 114 milhões. O interesse das nove empresas que arremataram a bacia do São Francisco no último leilão só apareceu em nove 2005, depois de uma tentativa frustrada de leilão em 2002, quando nenhuma companhia - nem a Petrobras - fez lances pela bacia.

A transformação de desprezo em apetite voraz das empresas em apenas três anos intriga o diretor da Geobras, Luiz Andrade. Segundo ele, foi justamente neste intervalo de tempo que a empresa de pesquisas em mineração descobriu o potencial gigante. Ele arrisca dizer que este foi o incentivo que levou outras companhias a buscar informações sobre a região. "Tem multinacionais ligando pra gente perguntando como temos informações tão parecidas. Todas as nove áreas que ganhamos, a Petrobras quis também e disputou conosco. E todas as que eles arremataram nós também quisemos e fizemos lances", relembra.

Ritmo dos sertões

O gás natural espalhado no subsolo mineiro pode mudar a realidade de cerca de 1 milhão de habitantes dos municípios debruçados sobre a Bacia do São Francisco. Noventa por cento da população rural da região vive sem energia elétrica. Enquanto os royalties pela exploração do combustível não chegam, a riqueza evapora, servindo apenas aos fogareiros, improvisados até em garrafas de refrigerante. É assim pelo menos desde 1940. À beira do rio, o rastro de óleo também compõe a paisagem há décadas.

Enquanto os moradores vivem no ritmo próprio dos sertões, a Petrobras, a multinacional inglesa BG, a brasileira Geobras e o grupo argentino Oil e MS não perdem tempo. O conhecimento do fênomeno natural e a semelhança com a formação geológica da Rússia - o maior produtor de gás do mundo - fizeram da Bacia do São Francisco a mais atraente de toda a história das rodadas de licitações. Das 43 concessões oferecidas, 39 foram arrematadas. Isso porque só a parte mineira foi a leilão. Na manga, a ANP guarda ainda a parte baiana da bacia para licitar.

Com informações da
Gazeta Mercantil
e de agências

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