"BRASIL É GIGANTE VERDE DISCRETO"

Em visita ao País, secretário-geral da ONU elogia os esforços para a produção de energia renovável.

Gustavo Porto

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, afirmou ontem estar impressionado com os esforços do governo brasileiro na produção de energia renovável e destacou que o mundo ainda não entendeu o comprometimento do País. “O Brasil, efetivamente, é um gigante verde discreto que lidera a produção de energia renovável e é uma das poucas nações que fazem bioenergia em larga escala”, disse Ki-moon, logo após visitar a Usina Santa Adélia, em Jaboticabal (SP), no seu primeiro compromisso oficial no Brasil.

A visita faz parte de uma maratona do secretário-geral da ONU para, de acordo com ele, aprender sobre o impacto das mudanças climáticas no mundo até a conferência sobre o clima, prevista para ocorrer no início de dezembro, em Bali, Indonésia. “Em Bali os chefes de Estado tentarão chegar a uma nova legislação sobre o clima, e a estrada para Bali passa pelo Brasil”, afirmou.

Apesar de elogiar a produção de biocombustíveis no Brasil, segundo maior produtor de etanol mundial, o secretário-geral da ONU cobrou do governo e do setor produtivo a “responsabilidade de fazer um balanço entre os custos sociais e os benefícios da produção dos biocombustíveis”, numa referência às denúncias de trabalho forçado, principalmente dos cortadores de cana nas lavouras.

Ki-moon disse ainda que há uma preocupação em relação às questões ambientais, principalmente com o desmatamento e a queima da cana-de-açúcar, necessária para a colheita manual da cultura utilizada na produção de álcool. O secretário-geral da ONU relatou ainda a preocupação com o avanço da cana sobre áreas de lavouras de grãos, bem como a utilização - principalmente de milho - para a produção de etanol, no caso dos Estados Unidos. “É preciso que haja um grande debate para discutir a questão da segurança alimentar e os biocombustíveis”, afirmou.

Sobre a participação dos Estados Unidos, que não aderiram ao Protocolo de Kyoto, como signatários de um possível protocolo mundial climático de Bali, Ki-moon deu a entender que as conversas na última Assembléia Geral da ONU, em setembro, podem ter influenciado na posição dos norte-americanos. “O mundo reconheceu a importância de todos juntarem esforços e todos vão aceitar, pois o aquecimento global não respeita fronteiras nem países desenvolvidos ou em desenvolvimento”, concluiu.

Na visita, o secretário-geral da ONU conheceu uma lavoura de cana, uma colheitadeira manual e ainda a produção de álcool e açúcar. Antes de se deslocar entre a lavoura e a destilaria, Ki-moon pulou um buraco, desequilibrou-se e quase caiu.

Fonte: Jornal o Estado de São Paulo

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