A OPINIÃO PUBLICADA E O FENÔMENO LULA

A pesquisa Datafolha publicada neste domingo (5) constatou que a imagem do governo federal e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai muito bem, obrigado. Crise aérea e acidente não afetam aprovação a Lula, foi como a Folha de S.Paulo noticiou os dados do instituto de pesquisa do Grupo Folhas. ''Avaliação do presidente continua ótima ou boa para 48% dos prasileiros'', informa o subtítulo.

A manchete proclama um desapontamento partilhado pelos outros veículos de comunicação dominantes, convertidos em partido da mídia. Confiantes em que a opinião pública é produto da opinião publicada, eles repisam dia após dia o tema anti-Lula da moda – hoje o desastre do Airbus, ontem o Caso Renan, que permanece como escândalo de estepe, anteontem o Caso Vavá, trasanteontem o ''apagão'' nos aeroportos. Depois, pesquisam os efeitos.

Mas com Lula têm se frustrado. A popularidade do presidente atravessa incólume o bombardeio da mídia. No povo trabalhador, em particular, ela parece blindada. O Datafolha registrou 52% de bom e ótimo, contra 12% de ruim e péssimo, na faixa de renda até cinco salários mínimos. Já na faixa acima de dez mínimos estes números empataram, em 32%.

A frustração desmente o axioma sobre opinião pública e opinião publicada. Mostra que há muita coisa entre o céu e a terra do que sonha a vâ filosofia da mídia dominante. No caso, dois motivos principais explicam a imagem positiva do governo.

O primeiro é bem concreto e objetivo. Deriva de fatos não assistidos, ouvidos ou lidos, mas vividos pelos brasileiros, em matéria de emprego, salário, salário mínimo, acesso à cesta básica, educação, programas sociais, rede de saneamento ou energia elétrica. Foi ele que levou o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) a registrar uma melhoria de 21% no índice Gini brasileiro – que mede a concentração de renda. Enquanto o que diz a mídia conflitar com essa realidade, é ela que prevalecerá. É o que se espera com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), caso este consiga superar os postulados macroeconômicos neoliberais que travam sua aplicação.

Fonte: Editorial do Portal Vermelho - PCdoB
A segunda causa da popularidade de Lula é subjetiva e impalpável, mas nem por isso menos importante. O presidente torneiro-mecânico, que migrou do Nordeste para São Paulo de pau-de-arara, liderou greves, foi preso e cassado pela ditadura, aparece no imaginário coletivo dos trabalhadores como o ícone da esperança de classe. Lembra outro ícone, Getúlio Vargas, ao anunciar aos ''trabalhadores, meus amigos'', no 1º de Maio de 1954, um aumento de 100% no salário mínimo: “Constituís a maioria. Hoje vós estais com o governo, amanhã sereis governo”. É como se a previsão getuliana, duas gerações depois, se realizasse.


Estes dois fatores não bastam para configurar um novo modelo de desenvolvimento que rompa as amarras do neoliberalismo. Para esta transformação mais estrutural será preciso colocar em ação outros elementos, econômicos, sociais e políticos, que estão presentes no governo Lula mas colidem com a herança neoliberal não expurgada, em um braço-de-ferro de desfecho ainda incerto. O chamado superávit primário representou no primeiro semestre 5,9% do PIB, contra 5,2% em 2006. Porém enquanto o povão melhorar de vida, e enxergar no Planalto um dos seus, não há mandinga midiática que faça a opinião pública se render à opinião publicada.

Comentários

Anônimo disse…
Fico imaginando a cara dos editores chefe da Folha de São Paulo, Diretor de Jornalismo da Globo, Carlos Libório, o mesmo que foi denunciado por um ex-reporte da própria Globo de interferir de forma a dar parcialidade política as reportagens na época de campanha para presidência da república e também gostaria de ver a face do Editor chefe da Revista Veja, quando todos eles olharam a pesquisa e viram que "todo circo armado foi em vão".......o povo fica quieto, assiste tudo, mas estão aprendendo a cada dia a separar as coisas, o senso crítico esta a cada dia se desenvolvendo e se firmando, como numa verdadeira democracia. A RESPOSTA LIVRE DO POVO É UM DOS ÁPICES DA DEMOCRACIA.

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