LULA MANDA UM RECADO À ELITE GOLPISTA: "NÃO BRINQUEM COM A DEMOCRACIA"

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mudou o tom cordial que vinha mantendo em relação aos protestos da oposição e reagiu, nesta terça-feira (31), em Campo Grande (MS) e em Cuiabá (MT), aos protestos de "meia dúzia de meninos" e disse que "as pessoas deste país precisam aprender a não brincar com a democracia". Para bom entendedor, o recado de Lula não foi dirigido aos jovens manifestantes, mas aos setores da elite que não se conformam com a manutenção do poder central nas mãos de um ex-operário e usam a mídia e o jogo sujo político para tentar desgastar ou até mesmo abreviar seu mandato.

por Cláudio Gonzalez

Um grupo de 20 universitários esperou Lula a cem metros da entrada do clube Estoril, onde Lula lançou obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
O grupo gritava a mesma frase escrita em um cartaz erguido na passagem do presidente, com os dizeres "Fora Lula".

Ao chegar perto ao clube onde seriam lançadas obras de saneamento e urbanismo do PAC, com investimento de R$ 291 milhões do governo federal, Lula viu a "meia dúzia de meninos".

O presidente falava da redução nos juros em seu discurso quando mencionou o protesto. "Vamos chegar a um patamar de juros no curto espaço de tempo que jamais um brasileiro de classe média acreditava que pudesse chegar. Quando digo que vamos fazer coisas é porque é possível. Eu sei que isso incomoda muita gente", disse Lula, que completou: "Passei agora ali e tinha meia dúzia de meninos gritando fora, fora, fora. Algum de vocês com mais idade diga para eles que a eleição acabou em outubro e o mandato é de quatro anos. Mandem que se preparem para a próxima", afirmou o presidente.

"As pessoas deste país precisam aprender a não brincar com a democracia. A democracia é uma conquista que levou muita gente a sofrimento", arrematou Lula.

O presidente disse que, enquanto a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) ficou "três anos e meio presa por lutar pela liberdade deste país", outros "acham que podem gritar 'fora Lula, eu não gostei'", recebendo aplausos e risos do público de 2.000 pessoas convidadas pelo governo de Mato Grosso do Sul, beneficiado pelo PAC.

O presidente voltou a criticar seus antecessores. Segundo ele, os adolescentes que se envolveram com o crime "não são filhos do Lula, são filhos do modelo econômico que implantaram no Brasil, filhos do ajuste fiscal". "E querem que eu resolva em quatro anos o que não resolveram em 100?", perguntou.

Em tom de crítica, Lula agradeceu a imprensa pelas denúncias de mortes de crianças da aldeia Guarani-Caiuá, ocorridas em 2004 e 2005. Segundo ele, por ação do seu governo, a taxa de mortalidade na comunidade indígena caiu 82%. "Só queria que a imprensa, que fez as acusações, fosse lá e desse a notícia. Dêem a notícia".

Mini-protesto tucano


Mais cedo, em Cuiabá, capital do Mato Grosso, o presidente também criticou os protestos arquitetados pela oposição e insuflados pela mídia e afirmou que continuará participando de eventos públicos. "Não tentem achar que vendendo notinhas para os jornais de que vai ter uma manifestação contra o presidente em tal lugar, que o presidente vai deixar de ir", afirmou. "Se alguém acha que com estupidez vai atrapalhar que a gente faça o que precisa ser feito pode tirar o cavalo da chuva (...) Ninguém vai me ver de cara feia por isso. Podem ficar certo meus companheiros e companheiras que ninguém vai ficar com saudade de ver o Lula na rua. As ruas desse País de 8, 5 milhões de quilômetros quadrados eu vou visitá-las quase todas nesse mandato. Com a democracia não se brinca, o que vem depois dela é sempre muito pior", declarou o presidente, para logo depois completar: "Se quiserem brincar com a democracia, ninguém sabe nesse País colocar mais gente na rua do que eu".

O motivo da declaração foi um protesto programado por militantes tucanos locais.

"A gente tem duas orelhas, uma para escutar vaia e outra para escutar aplauso. Os que estão vaiando eram os que deveriam estar aplaudindo. Os que estão vaiando, posso garantir, foram os que mais ganharam dinheiro nesse país, no meu governo", disse Lula referindo-se às camadas mais ricas da sociedade.

"Aliás, a parte mais pobre é que deveria estar mais zangada, porque teve menos do que eles tiveram. É só ver quanto ganharam os banqueiros, empresários. Vamos continuar fazendo política sem discriminação", disse ainda o presidente, ao anunciar investimentos do PAC para obras de saneamento básico e urbanização no Mato Grosso.

Para Lula, é preciso separar o joio do trigo. Isto é, não misturar questões pessoais com partidárias. “Mas tem muita gente que não pensa assim. É este tipo de gente que fez a Marcha com Deus pela Liberdade, que resultou no golpe militar de 1964, que levou Getúlio Vargas ao suicídio, Jânio Quadros à renúncia, ficou contente com os 21 anos de regime militar e está incomodada com a democracia. Porque a democracia pressupõe o pobre ter direito; pressupõe o pobre ter Bolsa Família; pressupõe fazer a reforma agrária, e ainda estamos em dívida com os trabalhadores e precisamos fazer mais...”, afirmou o presidente.

Em mais um pronunciamento com forte marca social, o presidente denunciou o empobrecimento do povo trabalhador. "A periferia desse país empobreceu. Há 40 anos, São Paulo tinha duas favelas. Hoje, tem 700", exemplificou.

E mirou novamente quem o vaia. "Não conheço um deles que tem uma biografia que lhe permita sequer falar em democracia nesse País. E eu conheço muitos deles."Apontou o que considera causa da inquietação rival. "Você imagina eu, um homem que tenho como formação máxima da minha vida um diploma primário e um curso de torneiro mecânico. Quando eu terminar meu mandato em 2010 vou passar para a história como o que mais fez universidade federal nesse País. Além disso, em 97 anos fizeram 140 escolas técnicas. Em 8 anos vamos fazer 160. Isso deve incomodar a muita gente."

Os protestos ensaiados da oposição não incomodaram apenas o presidente. Diversas autoridades presentes no ato, como o governador Blairo Maggi (PR), também reclamaram da inpertinência dos manifestantes de ocasião. Maggi qualificou os que vaiaram Lula como "meia dúzia de mal-amados"

O prefeito de Cuiabá, Wilson Santos (PSDB), também presente na cerimônia, afirmou que agiu para impedir o protesto que seria realizado por seus colegas de partido. Argumentou que fora contra porque Lula estava na cidade para anunciar recursos para o estado. E disse que o grupo que pretendia vaiar Lula era tão pequeno que "não daria nem para formar um time de futebol de salão".

Investimento


De acordo com o Ministério das Cidades, o estado receberá, no total, R$ 521,5 milhões em investimentos nas duas áreas, sendo R$ 438,8 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), R$ 10,7 milhões do governo estadual e R$ 72 milhões das prefeituras de Cuiabá, Rondonópolis, Sinop e Várzea Grande. Ainda conforme o ministério, as obras atenderão 1,3 milhão de pessoas.

Os recursos serão usados para ampliar redes de água e esgoto e retirada de casas de áreas de risco. A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmou que até o mês que vem o governo termina de lançar o programa nas cinco regiões do país. Segundo ela, os projetos devem começar neste ano.

Para o deputada Eliene Lima (PP/MT), a importância dos investimentos vai muito além das obras que irão financiar: “Considerando que a cada R$ 1 investido em saneamento básico se economiza, em poucos anos, R$ 5 em saúde curativa, é muito importante os recursos do PAC para Mato Grosso. Seja do ponto de vista da melhoria da qualidade de vida da nossa população e do estímulo para a economia estadual. Tudo isso nos traz um ganho muito grande. Gostaria de dizer que saio muito feliz desta cerimônia, por presenciar a maior obra rumo à dignidade da população do meu Estado, de Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis e Sinop. Portanto, parabéns ao presidente Lula, à bancada federal, aos prefeitos ao governador Blairo Maggi, que articulou todo esse processo”, disse o parlamentar.

Comentários

Anônimo disse…
Como chega a ser mesquinho a tentativa de desequilibrar o chefe do executivo nacional, a falta de respeito e os excessos sem propósitos praticados por esta minoria tucana.....aliás o bicho que escolheram como mascote combina bem com este partido, o bicho tem o bico grande e o partido o "despeito" na mesma proporção, pois, acham que esta manipulação que fazem vão contaminar a mente já bem crítica da maioria do povo deste pais, povo este que estava alienado as décadas, ensinado a carregar um julgo pesado e desigual, e achar que estava suave. Agora o povo acordou e a duas eleições vem aprendendo a enxotar estes "ratos gordos" da política nacional. O brasileiro foi ensinado deste a escola que somos um povo acomodado...DISCORDO PLENAMENTE. As maiores transformações políticas deste país foram protagonizadas pelo povo em “estado de revolta” , assim como movimento contra a ditadura militar, o das Diretas Já! , Impeachment, e a eleição do Presidente Lula, primeiro presidente, retirante Nordestino, da classe operária, sindicalista....”PORTANTO, NÃO BRINQUEM COM A VONTADE DO POVO”. A única coisa que esta elite podre nunca poderá roubar e colocar algemas, é na mente do povo. Demos-kratéia, governo do povo. No Sentido etimológico, a palavra democracia origina-se do grego:”demos”,que significa povo, e “cratos”, fôrças, poder, e, por extensão , governo.Democracia é, assim, etimologicamente, o governo do povo, tudo que MUITOS NÃO QUERIAM.

Postagens mais visitadas deste blog

Governo vai construir 31 sistemas de abastecimento em municípios das microrregiões do Vale do Paramirim e do Algodão